Euro global precisa de "ação decisiva", defende Lagarde
Com a incerteza das políticas de Trump a penalizar o dólar, a presidente do BCE defende que os decisores políticos precisam de ações decisivas e conjuntas para fortalecer o euro.
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A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, pediu aos decisores políticos que aproveitem o momento e fortaleçam o perfil global do euro, já que as políticas de Donald Trump minam a confiança no dólar americano.
"Este momento de mudança é uma oportunidade para a Europa: é um momento de 'euro global'", escreveu Christine Lagarde num artigo de opinião no Financial Times publicado nesta terça-feira, 17 de junho.
"Para aproveitar o momento e reforçar o papel do euro no sistema monetário internacional, devemos agir decisivamente como uma Europa unida, assumindo um maior controlo do seu próprio destino".
Lagarde enfatizou que “a Europa deve fortalecer três pilares fundamentais: credibilidade geopolítica, resiliência económica e integridade jurídica e institucional”.
Os decisores políticos europeus, incluindo Lagarde (o Banco Central Europeu decide a política monetária da Zona Euro), veem o momento atual como uma oportunidade para desafiar o domínio de décadas do dólar e fortalecer o papel do euro, permitindo que o bloco da moeda única europeia desfrute de privilégios até agora reservados ao dólar – como menores custos de financiamento para os países e empresas e uma economia mais protegida das flutuações cambiais.
Os investidores têm-se afastado do dólar americano devido às políticas erráticas do Presidente Trump, em particular em relação ao comércio internacional. Além disso, os investidores têm-se mostrado mais interessados pela Europa, que agora dá sinais mais fortes de mais investimento e despesa pública (nomeadamente na Alemanha).
Mas ao mesmo tempo, existe a preocupação de que um afastamento abrupto do dólar possa minar a estabilidade do sistema financeiro global. No entanto, um relatório recente do BCE mostrou que o uso internacional do euro permaneceu inalterado em 2024, revelando a complexidade da tarefa de competir com o dólar no cenário global.
No seu artigo de opinião, Lagarde observa que "o movimento em direção a uma maior proeminência internacional do euro não vai acontecer por decreto: deve ser conquistado".
"Tal como em períodos anteriores, as preocupações atuais com a moeda dominante ainda não estão a desencadear uma mudança em direção a alternativas", disse a líder da autoridade monetária. "Em vez disso, refletem-se numa maior procura por ouro".
Lagarde também enfatizou que uma moeda de reserva internacional "traz responsabilidades".
"Para evitar a escassez de liquidez do euro no exterior, o BCE estende linhas de swap e recompra a parceiros-chave para salvaguardar uma transmissão tranquila da política monetária", escreveu.
Lagarde reforçou os apelos anteriores a uma votação por maioria qualificada em áreas críticas da Zona Euro e a mais dívida comum da UE. “O financiamento conjunto de bens públicos, como a defesa, poderia criar ativos mais seguros”, defendeu.
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