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Lagarde avisa que salários serão "importante motor" da inflação nos próximos trimestre

No Parlamento Europeu a apresentar o relatório anual do BCE, a presidente reafirmou que os decisores precisam de confiança na trajetória descendente da inflação para baixarem juros.

Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa no Parlamento Europeu
Christine Lagarde, presidente do BCE, discursa no Parlamento Europeu EPA
26 de Fevereiro de 2024 às 16:53

A inflação tem vindo a ceder após ter chegado a ultrapassar os 10% no ano passado, mas o Banco Central Europeu (BCE) precisa de ter confiança na trajetória antes de descer juros. A presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, reafirmou a posição esta segunda-feira no Parlamento Europeu, onde sublinhou o peso das negociações salariais.

O índice de preços no consumidor recuou ligeiramente em janeiro para 2,8%, com os preços da energia a caírem 6,1%, mas a inflação alimentar ainda a subir 5,6%. Excluindo estas duas componentes mais voláteis, a inflação subjacente cedeu para 3,3%, refletindo a tendência nos bens e apesar da resistência nos serviços.

"As pressões salariais mantém-se, contudo, fortes. É esperado que o crescimento dos salários se torne cada vez mais um importante motor das dinâmicas inflacionistas nos próximos trimestres, refletindo as exigências dos trabalhadores em serem compensados pela inflação e os apertados mercados de trabalho", afirmou Lagarde, no discurso inicial em Estrasburgo, publicado no site do BCE.

No quarto trimestre de 2023, os salários negociados nas maiores economias do euro seguiam a subir 4,46%, em termos homólogos, abrandando face aos 4,69% de crescimento do trimestre anterior.

"Em simultâneo, a contribuição dos lucros - que recentemente contribuiu para grande parte do aumento das pressões domésticas sobre os custos - está a diminuir, sugerindo que, tal como esperado, os aumentos dos custos laborais estão a ser parcialmente amortecidos pelos lucros e não estão a ser totalmente passados aos consumidores", sublinhou a francesa. 

Lagarde endereçou as preocupações expressadas pelos eurodeputados sobre os riscos de efeitos secundários, defendendo que a política monetária restritiva, a forte descida da inflação global que se seguiu e as expectativas de inflação a mais longo prazo firmemente ancoradas atuam como uma salvaguarda contra uma espiral sustentada de preços salariais.

"Olhando para o futuro, esperamos que a inflação continue a abrandar, à medida que o impacto dos anteriores choques ascendentes se desvanece e que as condições de financiamento restritivas ajudam a fazer baixar a inflação", apontou.

Em janeiro, na última reunião de política monetária do BCE, o conselho de governadores decidiu manter as três taxas de juro de referência inalteradas, justificando a decisão com o "outlook" desenhado no mês anterior. Desde final de setembro que a taxa de depósitos está no máximo de sempre de 4%, a aplicável às operações principais de refinanciamento em 4,5% e a de cedência de liquidez em 4,75%.

"Estas taxas de juro situam-se em níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, contribuirão de forma substancial para assegurar que a inflação regresse atempadamente ao nosso objetivo de médio prazo de 2%. Espera-se que o atual processo desinflacionista prossiga, mas o conselho do BCE precisa de estar confiante de que nos conduzirá de forma sustentável ao nosso objetivo de 2%. Continuaremos a seguir uma abordagem dependente dos dados para determinar o nível e a duração adequados das restrições, tendo em conta as perspetivas de inflação, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária", acrescentou.

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