Elevador da Glória: Moedas só se demite se for provado “erro político”

Já Marcelo Rebelo de Sousa diz que o escrutínio deve ser feito em eleições. Autárquicas são no dia 12 de outubro.
Presidente da Câmara de Lisboa diz que orçamento da Carris aumentou no seu mandato.
Duarte Roriz
Negócios 07 de Setembro de 2025 às 21:38

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, declarou neste domingo, em entrevista no Jornal da Noite da SIC sobre o acidente no Elevador da Glória, que só se demite se ficar provado que houve erro politico, ou seja, que teve influência numa possível falta de manutenção do ascensor que provocasse o trágico acidente que provocou 16 mortos e mais de 20 feridos.

O autarca explicou que estes foram dias para estar ao lado das famílias, “porque elas merecem uma resposta” e que essa ferida aberta tem dias de luto, pelo que não tinha ainda falado sobre o assunto. “Essa resposta tem responsabilidade política, terá seguramente responsabilidade técnica e poderia ter também responsabilidade humana. Mas a boa notícia deste primeiro relatório é que não houve erro humano”, disse Carlos Moedas.

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“Há responsabilidades políticas. E essas responsabilidades são as de um presidente da câmara, que gere uma câmara, e há uma empresa autónoma da câmara a quem o presidente da câmara tem de dar condições. Se alguém provar que Carlos Moedas não deu as condições a essa empresa [Carris], que o orçamento da empresa diminuiu – que não diminuiu, aumentou em 30% no meu mandato – (…) se alguém provar que essa empresa diminuiu o nível de manutenção (…), então, aí, há responsabilidade política", apontou o autarca.

E reiterou: “Se alguém provar que alguma ação que eu tenha tido, algo que eu tenha feito como presidente da câmara, em relação a esta empresa, levou a que esta empresa não gastasse o suficiente em manutenção, que esta empresa não fizesse aquilo que tinha de fazer, eu demito-me no dia”. 

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“Responsabilidade política é quando o político sabe e não atua. Alguma coisa chegou ao meu gabinete? Isso não aconteceu. E tenho muito pena. Podia ter tomado decisões", declarou.

Neste domingo, o Presidente da República disse que Carlos Moedas tem responsabilidade política pelo acidente com o Elevador da Glória. “Estar a debater a responsabilidade política e dizer que isso implica demissão quando se está a um mês de eleição é não perceber que o juízo sobre a responsabilidade política em cargos eletivos é dos eleitores”, afirmou Marcelo após as cerimónias fúnebres das vítimas portuguesas.

“Quem está à frente de uma instituição pública responde politicamente pelo que aconteça nessa instituição, mesmo que sem culpa nenhuma”, frisou. A questão, diz, “é saber como se efetiva a responsabilidade”. “A resposta, no caso de um político ser nomeado, é perante o quem o nomeia. A responsabilidade num cargo eletivo é perante os eleitores”, destacou Marcelo.

“Acontece que se está a um mês da oportunidade de os eleitores se manifestarem, olhando para os mandatos e para a posição tomada em situações mais graves”, continuou o Presidente, lembrando também que “temos casos de quem viu [o eleitorado], apesar do que aconteceu ,em circunstâncias mais graves, manter a confiança, e casos em, que tendo acontecido esses eventos, não serem reconduzidos”.

Após a insistência dos jornalistas, o Chefe de Estado repetiu que “não vale a pena discutir responsabilidade política, porque essa há, muito menos demissão a esta distância de eleições”.

Entretanto, os dados preliminares apontam para que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória “cedeu no seu ponto de fixação” da carruagem que descarrilou, revelou no sábado o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Segundo a investigação, “o restante cabo” e todo o sistema, como “o volante de inversão e as polias onde este desenvolve o seu trajeto, encontravam-se lubrificadas e sem anomalias aparente”. Negócios

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