pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

O que sabemos sobre o aumento de pensões no próximo ano?

A revisão do PIB garante aumentos reais das pensões à maioria dos pensionistas em 2020. Em termos nominais, porém, a mera aplicação da fórmula que consta da lei deverá determinar aumentos mais baixos do que os deste ano.

reformas pensões velhos pessoas
reformas pensões velhos pessoas Bloomberg
24 de Setembro de 2019 às 15:32

O cenário com que o Governo já trabalhava em abril tornou-se central com a revisão em alta do PIB feita pelo INE: a maioria das pensões terá mesmo um aumento real no próximo ano, ainda que seja simplesmente aplicada a fórmula que consta da lei, que depende da evolução dos preços e da economia. Em termos nominais, porém, os aumentos deverão ser mais moderados do que este ano.

A consequência foi destacada esta segunda-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, num debate na RTP. "Agora já temos a certeza que mesmo que o crescimento do terceiro trimestre fosse zero, pelo terceiro ano consecutivo teríamos atualização das pensões com ganhos para todos os pensionistas", disse o primeiro-ministro.

Os aumentos dependem da inflação e da evolução do PIB. Se nos últimos dois anos, contados até ao terceiro trimestre, o PIB tiver registado em média aumentos abaixo de 2% só as pensões mais baixas (de até 2 Indexantes de Apoios Sociais, ou 872 euros) são atualizadas ao nível da inflação. Já se esse ritmo de crescimento tiver sido superior a 2% (e inferior a 3%), quase todas as pensões têm aumentos nominais, com as pensões até cerca de 872 euros (2 IAS) a garantirem aumentos acima da inflação.

Ora, os dados anteriores do INE revelavam que a economia passou a crescer abaixo de 2% a partir do último trimestre do ano passado. Com a revisão dos dados, justificada por uma atualização da base das contas nacionais, o desempenho registado melhora e a economia passa a registar um crescimento de 2% até ao primeiro trimestre deste ano. Com a revisão em alta do crescimento de anos anteriores, torna-se muito improvável que a média de dois anos que termina neste terceiro trimestre caia abaixo dos 2%.

Aumentos mais moderados

Em termos reais, neste cenário, em resultado da mera aplicação da fórmula que consta da lei 53-B/2006, as pensões de valor inferior a 2 IAS (que correspondem agora a 871,52 euros, valor que também será atualizado) terão um aumento superior à inflação (com um ganho real mínimo de 0,5 pontos); as que estão entre os 871,52 euros (2 IAS) e os 2.614,56 euros (6 IAS) terão uma atualização em linha com a inflação; e as que estão acima deste último escalão perdem poder de compra (inflação - 0,25 pontos) não tendo, por isso, ganhos reais.

Em termos nominais, porém, a mera aplicação da fórmula deverá ditar aumentos mais baixos do que os deste ano, mesmo sem contar com os aumentos extraordinários.

Isto porque a inflação, que serve de base ao cálculo dos aumentos, está mais baixa. Será preciso esperar pelo final do ano para tirar conclusões com segurança, mas a variação média dos últimos doze meses sem habituação (a que conta) estava em agosto nos 0,51% (mais baixa do que os 1,15% em Agosto do ano passado, que veio a evoluir para cerca de 1% no final do ano). 

"Não conhecemos ainda qual será o valor da inflação, nem a dimensão dessa subida, mas o que é já seguro, com os dados que conhecemos, é que teremos um crescimento médio em dois anos superior a 2%, portanto teremos uma atualização das pensões, a maioria delas, acima da inflação", disse esta terça-feira o ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, em declarações à agência Lusa.

Convém lembrar, ainda, que últimos três anos a Segurança Social não se limitou a aplicar a fórmula que consta da lei. Isto porque na sequência das negociações com o PCP e o BE, foram aprovados aumentos extraordinários para as pensões mais baixas. Só depois das eleições se saberá que maioria negociará o orçamento do Estado do próximo ano.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio