Administração do BCP volta atrás no alargamento da actividade do banco

A administração do BCP tinha proposto alargar o objecto social do banco para que reflectisse a comercialização de imóveis recebidos em dação. A justificação era a de que acelerava o processo. Mas não chegou a ser votado pelos accionistas. Foi a própria a retirá-la da lista. Medida precisava de ok do BCE.
assemblei ageral bcp
 Pedro Catarino
Diogo Cavaleiro 30 de Maio de 2018 às 20:44

O conselho de administração em funções no BCP, liderado por António Monteiro e que tem Nuno Amado como vice-presidente, decidiu retirar de cima da mesa das votações da assembleia-geral uma das suas propostas: a que visava alargar o objecto social. Esta proposta precisava ainda de ser aprovada pelo Banco Central Europeu.

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O pedido de retirada da proposta foi feito pela administração, o que foi depois aceite pelo presidente da mesa, Pedro Rebelo de Sousa. Sendo assim, não chegou a ser votada pelos accionistas na assembleia-geral, onde estava reunido 63% do capital.

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Neste momento, o objecto social, previsto nos estatutos da instituição, é "o exercício da actividade bancária, com a latitude permitida pelas leis".

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A administração do BCP sugeria, porém, a votação da modificação deste artigo do estatuto na assembleia-geral de 30 de Maio, nomeadamente para prever que, além daquela actividade bancária, também possa "adquirir e explorar para sua instalação e funcionamento ou prossecução do seu objecto social quaisquer bens imóveis, incluindo aquisição dos mesmos para revenda, no âmbito e enquadrado em processos de reembolso de crédito próprio".

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Na nota explicativa para esta alteração, o banco escrevia que, como o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras abre portas a estas actividades, então deverá reflectir-se nos estatutos.

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Esta descrição não consta dos contratos de sociedade de outras instituições bancárias nacionais, como a CGD, Novo Banco ou BPI, mas, ao que o Negócios conseguiu confirmar, é introduzida no BCP para acelerar os processos de recuperação e posterior venda de activos - imóveis - recebidos em dação em pagamento. Há autorizações e custos - e, portanto, tempo - que o banco acreditava serem evitados com o novo articulado. Na prática, havia a introdução de uma certeza jurídica.

 

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Esta deliberação estava sob uma "condição suspensiva". Mesmo que aprovada pelos accionistas, era necessária luz verde do BCE.

 

Entretanto, foram aprovadas, alterações aos estatutos do BCP: o alargamento dos mandatos dos órgãos sociais de três para quatro anos.

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Miguel Maya também foi aprovado para CEO, por 95% dos accionistas, ainda que a nova composição da administração e da comissão executiva tenha de esperar pela luz verde do Banco Central Europeu.

 

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Foi também alterada a forma de eleição do presidente executivo que, em vez de ser escolhido pela administração, passa a ser alvo de uma votação da assembleia-geral.

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