Nova associação oficializa divisão entre lesados do papel comercial do GES
Há uma nova associação que representa clientes do Banco Espírito Santo que subscreveram títulos de papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo. Neste caso, são investidores que não concordam com a solução promovida pelo Governo em que quem investiu mais capital recupera menos dinheiro.
PUB
A Associação Lesados Papel Comercial (ALPC), cujo presidente é Mário Lopes, tem como objectivo a "protecção e defesa dos direitos e interesses dos clientes do resolvido BES, Best e Novo Banco, e seus investidores em valores mobiliários e demais instrumentos financeiros".
PUB
Há uma outra associação, a AIEPC, liderada por Ricardo Ângelo, que também tem esta defesa. Só que há uma diferença: a AIEPC chegou a acordo com o Governo, os reguladores e o BES "mau" para uma solução em que prevê que os investidores que aplicaram até 500 mil euros recebem até 75% do valor investido, sendo que o montante máximo é de 250 mil euros. Já quem colocou mais de 500 mil euros nestas aplicações só receberá 50% do investimento.
PUB
Em média, a taxa de recuperação proposta pelo veículo é de cerca de 58%, o que supera substancialmente os 31% que os investidores teriam em princípio garantidos caso sejam reconhecidos como credores directos do BES mau. Sem observar-se a média, quem investe mais recupera um menor montante.
PUB
Mário Lopes contesta este tratamento diferenciado: "queremos igualdade entre todos os clientes, independentemente dos valores", disse ao Negócios na quarta-feira, 1 de Março, dia da constituição da associação (ALPC). "Não aceitamos que haja discriminação". Em Dezembro, Mário Lopes já tinha admitido que não concordava com a solução que estava a ser desenhada. Agora, há uma associação, cuja constituição foi feita com nove membros, que defende essa posição.
PUB
Têm havido reuniões para pôr em prática a solução promovida pelo Governo, representado por Diogo Lacerda Machado (o amigo de António Costa que vai agora ser administrador da TAP), em que se pretende pagar até 3 anos. Para a solução seria constituído um veículo que ficaria responsável por implementar a solução. Haveria uma garantia do Estado, com contragarantia do Fundo de Resolução, sobre este veículo. No entanto, já houve notícias dando conta de que a contragarantia do fundo seria retirada. Uma garantia do Estado deverá implicar um impacto no défice orçamental, como avançou o Negócios a 22 de Dezembro.
PUB
Os investidores que aceitarem esta solução têm de abdicar de quaisquer processos judiciais contra o Estado e autoridades públicas, entre outros, relativamente a estes investimentos. Já a nova associação admite que uma possibilidade é a de intentar "acções judiciais".
Há cerca de 500 clientes do BES com perto de 2.000 milhões de euros investidos em papel comercial do GES.
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Associação Lesados Papel Comercial Grupo Espírito Santo Governo Banco Espírito Santo ALPC lesados papel comercialQuem pediu o euro digital?
Mais lidas
O Negócios recomenda