BES é o título da banca portuguesa que mais agrada ao Citigroup
Numa análise ao panorama geral da banca e das tendências económicas para esta Primavera no mercado ibero-americano, o Citi escolhe o BES como a acção preferida em Portugal, no sector financeiro. E espera que os resultados do primeiro trimestre e dos testes de stress no segundo semestre possam funcionar como catalisadores adicionais.
“Em Portugal, preferimos o BES, em detrimento do BPI”, sublinha a nota de “research” do banco de investimento norte-americano, que tem uma recomendação de “comprar” para a entidade liderada por Ricardo Salgado e de “neutral” para a instituição comandada por Fernando Ulrich.
E considera que existem dois catalisadores de relevo nos próximos tempos: os resultados do primeiro trimestre de 2014 e os testes de resiliência à qualidade dos activos, que terá lugar na segunda metade do ano. “Uma queda adicional dos juros da dívida soberana poderia baixar a perspectiva que o mercado tem para o custo de capital necessário [para a banca], o que ajudaria a maioria dos títulos”, sublinham os analistas do Citigroup.
Relativamente ao Banco Espírito Santo, a instituição norte-americana está convicta de que o significativo desconto da actual avaliação de mercado é sobretudo “um reflexo das incertezas em torno do fim da crise da dívida soberana na Europa”.
“Acreditamos que haverá uma saída ordeira da crise e que os custos de financiamento de Portugal voltarão a convergir com os dos países nucleares da Europa”, refere a nota de análise.
No que respeita à liquidez e capital, o BES beneficia do programa de estabilização da troika, lembram os analistas do Citi. “Além disso, o BES destaca-se entre os seus pares como sendo o único grande grupo bancário nacional a não ter pedido ajuda estatal – e isso constituirá uma significativa vantagem competitiva para o grupo a nível doméstico, na nossa opinião”.
Internacionalmente, “o BES continua a crescer fortemente e estimamos que em 2017 os negócios internacionais do banco contribuam com cerca de 40% para o resultado líquido, devendo o BES África representar em torno de 65% desse valor”, acrescentam. “No nosso entender, o BES tem construído um dos bancos mais rentáveis e mais bem geridos do continente africano que, achamos nós, deverá ser apresentado à comunidade global de investidores”.
O Citi atribui um preço-alvo de 1,75 euros por acção do BES, o que lhe confere um potencial de subida de 35% face ao valor a que negoceia actualmente (1,296 euros).
Quanto ao ‘alto risco’ que os analistas do banco atribuem à recomendação de compra dada ao BES, este deve-se essencialmente às incertezas em torno da actual crise da dívida soberana na Europa. Para o Citi, há alguns riscos que poderão impedir que o preço-alvo seja atingido: Portugal não convergir com o “core” da Europa e a saída da actual crise ser desordenada. “Na nossa opinião, uma conclusão desordenada da crise da dívida em Portugal ou de qualquer um dos países da periferia exerceria uma forte pressão negativa sobre as acções do BES”.
Além disso, com cerca de 70% dos seus empréstimos a empresas, uma nova contracção da economia poderia provocar fortes imparidades no capital do banco, alerta ainda o Citi.
Fora da Zona Euro, os principais riscos que se colocam são uma forte correcção nos preços mundiais das matérias-primas e melhorias limitadas na democratização e transparência do governo angolano.
Em termos de panorama para a banca em geral em Portugal, o Citi sublinha que a desalavancagem está a estabilizar, com a concessão de crédito, no final de Janeiro de 2014, a registar uma queda de 5,3% em termos homólogos, sobretudo devido à desaceleração dos empréstimos para consumo (queda de 9%), para as empresas (menos 6,5%) e habitação (redução de 3,6%).
O crescimento dos depósitos das famílias continua moderado (aumento homólogo de cerca de 1%) e o das empresas está estável, com uma subida de 5%, salientam os analistas.
O Citi destaca ainda a melhoria do ambiente económico entre o terceiro e o quarto trimestres de 2013 e refere que isso indicia tendências macroeconómicas positivas.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
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