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Vendas da Temu e Shein afundam nos EUA após aumento de preços em retaliação às tarifas

As duas principais plataformas chinesas sentiram o abalo do aumento de preços no mercado americano. A passagem dos custos das tarifas de 145% para os consumidores já provou, pelo menos na primeira semana, que os americanos se vão retrair nas compras.

Shein Temu
Shein Temu Reuters
10 de Maio de 2025 às 21:00

As plataformas de artigos chineses perderam fôlego nos Estados Unidos na semana em que decidiram aumentar os preços para combater as tarifas de Donald Trump. As vendas da Temu e da Shein caíram a dois dígitos depois de um ajuste para cobrir os custos das elevadas taxas aplicadas pelos EUA ao bloco asiático. 

A Shein registou uma quebra de 23% nas vendas nos EUA entre 25 de abril e 1 de maio, quando comparadas com os sete dias anteriores. Já as vendas da Temu recuaram 17% no mesmo período. 

Os dados foram recolhidos pela Bloomberg e mostram que as medidas comerciais recíprocas, em resposta a Trump, podem afetar a popularidade destas plataformas. 

Este declínio contrasta com a corrida que tinha sido sentida em março e no início de abril, antes do ajuste de preços. Com conhecimento dos aumentos, os consumidores americanos optaram por acumular produtos, de forma a escapar à escalada dos valores a pagar.

Mas a queda no consumo não é injustificada. O preço médio dos 100 principais produtos de beleza e de saúde da Shein mais do que duplicou em comparação com 15 de abril, quando a Bloomberg começou a monitorizar os preços de centenas de produtos diariamente. O custo médio dos produtos na categoria de brinquedos e jogos aumentou mais de 60%, os produtos para casa e cozinha subiram quase 40% e as roupas femininas ficaram 10% mais caras.
23%

Vendas

Os consumidores americanos quase fizeram um boicote às plataformas chinesas depois do aumento de preços. Só a Shein sofreu uma quebra de 23% nas vendas. 

Esta é a primeira reação direta dos consumidores americanos ao aumento de preços decorrente das novas tarifas, que servem para combater a entrada desenfreada de produtos de baixo valor que estavam isentos de impostos, os chamados "minimis". 

As tarifas americanas sobre as importações chinesas estão atualmente nos 145%, o que empurrou a confiança dos consumidores dos EUA para mínimos de quase cinco anos, isto num momento em que existem pressões do custo de vida. 

Contudo, há ainda o risco de novos aumentos para os consumidores americanos. O Walmart e a Target são dois exemplos de empresas que ainda não aumentaram os preços, e não há clarificação sobre essa possibilidade. Há, ainda assim, uma certeza: os fornecedores chineses recusam absorver o custo das tarifas, o que alimenta a incerteza sobre quem paga a conta final, se os retalhistas ou os consumidores.

Impacto vai além dos preços

Dependendo fortemente da cadeia de fornecimento na China, a única solução encontrada por estas empresas foi direcionar o impacto diretamente nos americanos. 

No entanto, a quebra nas vendas não é o único impacto sentido por estas empresas chinesas. 

145%Tarifas
A Administração Trump aplicou tarifas de 145% às importações chinesas, o que levou as empresas a passarem esses custos para os consumidores americanos, levando a uma quebra nas vendas.

A Shein, por exemplo, está a ver o seu IPO perder vapor, ainda que a um ritmo lento, depois de várias mudanças estratégicas entre Nova Iorque e Londres. A retalhista digital está agora a avaliar o impacto que o aumento dos preços pode ter na sua entrada em bolsa, ao mesmo tempo que aguarda aprovações do regulador. 

Já a Temu está a planear alterar o seu modelo de funcionamento, que se tem mostrado um sucesso - isto até aumentar os preços. Por forma a contornar o problema, a plataforma chinesa está a estudar a possibilidade de vender produtos de fornecedores americanos no mercado americano.

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