Acordo comercial "longe de ser o desejável". AEP fala em necessidade "de apoio às empresas"
A Associação Empresarial de Portugal mostra-se preocupada com o acordo celebrado com os EUA, apesar de lhe reconhecer "estabilidade e previsibilidade". EUA são o quarto principal mercado de exportação para Portugal.

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O aperto de mão entre a presidente da Comissão Europeia e o presidente dos Estados Unidos da América (EUA) mostrou que foi possível um acordo comercial entre os dois blocos, mas a Associação Empresarial de Portugal (AEP) considera que o mesmo fica aquém do desejado e manifesta "preocupação" mediante o que foi celebrado entre as duas partes, defendendo a existência de apoio às empresas nacionais.
O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, admite que o acordo dá estabilidade e previsibilidade, mas a tarifa aplicada à União Europeia (UE) é superior àquela que foi traçada com o Reino Unido. "Apesar deste acordo proporcionar estabilidade e previsibilidade para os agentes económicos – assim como referido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen –, importa realçar que a tarifa definida para a União Europeia, embora igual à aplicada ao Japão, é superior à concedida ao Reino Unido. O que reforça a ideia de que este acordo é o possível, mas longe de ser o desejável", diz o responsável.
E, perante um "novo paradigma comercial", são colocados "enormes desafios à competitividade das exportações portuguesas de bens". Neste momento, os EUA representam "cerca de 6,7% das exportações portuguesas de bens, sendo o quarto principal cliente de bens e o primeiro não europeu".
Luís Miguel Ribeiro diz que os setores com maior grau de exposição aos EUA são os que estão mais sujeitos aos impactos, nomeadamente "vários setores de elevada especialização produtiva da economia portuguesa, como os bens alimentares, os têxteis e o calçado, bem como os produtos das indústrias química, metalomecânica e de equipamentos, entre muitos outros".
Aliados aos impactos diretos há também os indiretos, até por a União Europeia ser um conjunto de 27 países, o presidente da AEP destaca que mais de 70% das exportações portuguesas de bens tem como destino os outros 26 países do bloco europeu, que podem sentir fortes impactos nas suas encomendas. "Caso as exportações de bens desses países para os EUA se deteriorem, é expetável que importem menos bens de Portugal. O setor automóvel poderá ser um dos setores mais afetados de forma indireta, assim como o têxtil", adianta Luís Miguel Ribeiro.
Por isso mesmo, a AEP defende a necessidade de apoios às empresas, uma vez que serão impactadas. "Este novo enquadramento comercial também vem confirmar que são necessárias medidas de apoio às empresas, de forma a mitigar os impactos negativos nas exportações nacionais e preservar a competitividade das empresas portuguesas nos mercados internacionais", sustenta.
Em abril, o Governo avançou com um pacote de medidas de apoio avaliado em 10 mil milhões de euros. O "Programa Reforçar" visa apoiar a exportação e a internacionalização das empresas nacionais para outros mercados, numa alternativa aos EUA. O pacote de apoio divide-se entre 5.185 milhões de euros em linhas do BPF Invest EU, 3.500 milhões em linhas do BPF Invest Export PT, 1.200 milhões para seguros de crédito, e ainda 200 milhões para a internacionalização.
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