Renováveis "defendem" Portugal contra "choques" da guerra comercial

A guerra comercial das tarifas poderá acelerar a "necessidade de aumentar mais a incorporação de energias renováveis" para enfrentar a especulação dos preços e a dependência energética, defende o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis.
Renováveis "defendem" Portugal contra "choques" da guerra comercial
Cláudia Arsénio e Inês Santinhos Gonçalves 15 de Abril de 2025 às 13:30

As energias renováveis produziram o ano passado um recorde de 45% da eletricidade na Europa, de acordo com o relatório Estado do Clima Europeu 2024 divulgado esta terça-feira. Numa altura em que se antecipa que os preços da energia possam vir a ser afetados pela guerra comercial, Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, acredita que Portugal pode ter um "trunfo" em mãos.

PUB

"Se, com esta guerra comercial, começarmos a ter uma especulação dos preços, quer do gás natural, quer do petróleo, e não tivermos eletricidade de fonte renovável suficiente para suprir o consumo e estivermos obrigados a utilizar gás natural em situações de especulação de preços, obviamente que isso pode prejudicar os preços da componente de energia ao consumidor final", afirma em entrevista ao Negócios no NOW.

No entanto, acrescenta Pedro Amaral Jorge, "Portugal, com toda a potência renovável que tem - que em 2024 representou 80,4% de toda a produção nacional e no consumo de 70,1% - está relativamente bem defendido para esses choques de oferta provocados pelos ilimitados preços do gás natural que possam vir a ser atingidos".

PUB

Esse é também o caminho que a União Europeia (UE) pretende trilhar "para aumentar a componente de produção dentro do espaço europeu (...), no sentido de chegar o mais depressa possível a níveis de independência energética que nos permitam claramente resistir a estes choques de oferta por aumentos especulativos dos preços dos combustíveis fósseis".

Nesse sentido, e a nível nacional, Portugal está a fazer a sua parte. A E-Redes deverá investir 1,6 mil milhões de euros nas redes de eletricidade entre 2026 e 2030. A ERSE diz que a proposta é adequada, mas adverte para impactos tarifários na conta da luz dos portugueses.

PUB

O presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis explica que além de "investimentos de substituição de equipamento que chegou ao fim do seu ciclo de vida", há também "investimento em redes que será pago pelos promotores e pelos geradores de eletricidade ao abrigo dos acordos com o operador". No fundo, sublinha, representa um investimento para "permitir que Portugal incorpore cada vez mais componentes de energia renovável na produção de eletricidade e que essa eletricidade seja posta ao serviço dos consumidores".

"Este investimento está em linha com as metas que temos hoje para 2030", mas com a guerra comercial "poderemos vir a ter necessidade de aumentar mais a incorporação de renováveis e, se isso for o caso, a própria Comissão Europeia dará indicações aos Estados-membros de como é que os investimentos na rede elétrica de distribuição e na rede elétrica de transporte terão de ser executados".

PUB
Pub
Pub
Pub