UE prepara proibição total das importações de petróleo russo no início de 2026
Dan Jorgensen confirma nova proposta legislativa e reforça fim estrutural da dependência energética da Rússia, com aposta em redes, renováveis e planeamento europeu.
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A Comissão Europeia vai avançar no início do próximo ano com uma proposta legislativa para proibir as restantes importações de petróleo russo, completando o corte total da dependência energética da União Europeia face à Rússia. A confirmação foi feita esta segunda-feira pelo comissário europeu da Energia e Habitação, Dan Jørgensen, à margem do Conselho de Energia.
“Mesmo que hoje importemos mais gás do que petróleo, queremos eliminar completamente as importações de energia russa”, afirmou o responsável, sublinhando que a decisão segue-se ao recente acordo europeu para banir as importações de gás russo. Ao contrário das sanções, trata-se de uma proibição com carácter estrutural, que se manterá no tempo. “Mesmo após um eventual acordo de paz, a Europa não repetirá o erro do passado de se tornar dependente do gás russo”, disse.
Além do dossiê russo, o comissário defendeu um novo salto na integração do sistema energético europeu, com maior planeamento ao nível da União e um reforço significativo das redes elétricas e das interligações transfronteiriças, consideradas essenciais para reduzir preços, reforçar a segurança energética e viabilizar a descarbonização da economia europeia.
Segundo Jorgensen, a falta de coordenação atual está a gerar perdas relevantes de eletricidade por curtailment, num contexto em que a expansão das energias renováveis e da energia nuclear exigirá uma modernização profunda das infraestruturas. “Se não nos ligarmos melhor, arriscamo-nos a desperdiçar enormes quantidades de eletricidade”, alertou.
O comissário destacou ainda o ritmo recorde de instalação de renováveis na União Europeia — 78 gigawatts (GW) em 2024 e uma previsão de 89 GW em 2025 — mas reconheceu que os volumes continuam aquém das necessidades projetadas. Por isso, a Comissão propõe multiplicar por cinco o financiamento do Connecting Europe Facility Energy no próximo quadro financeiro plurianual, passando de cerca de 6 mil milhões para quase 30 mil milhões de euros.
No plano regulatório, Dan Jorgensen reafirmou o compromisso da Comissão com o regulamento europeu do metano, apesar das dificuldades de implementação. “Não vamos alterar a legislação. Estamos muito orgulhosos deste regulamento”, concluiu.
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