Bosch de Braga despede 700 e manda para casa 75% dos atuais 3.300
A principal unidade industrial do grupo alemão em Portugal, que empregava mais de quatro mil pessoas ainda há pouco mais de um ano, vai colocar em “lay-off” cerca de 2.500 trabalhadores, “presumivelmente, até final de abril de 2026”.
A Bosch Portugal fechou o último exercício com uma faturação de mais de 2,4 mil milhões de euros, com as exportações a representarem 97% do total, colocando o grupo alemão no top dos maiores exportadores nacionais, e um total de 6.880 trabalhadores.
Desde então que o quadro laboral da Bosch Portugal tem vindo a descer significativamente, desde logo por via da venda da sua fábrica de Ovar, que levou à saída do “balanço” de 1.000 trabalhadores, cujos postos de trabalho passaram para a nova dona, a “private equity” Triton.
Já na fábrica de Braga, principal polo de atividade da Bosch em Portugal, que empregava mais de 4.000 pessoas à entrada de 2024, a multinacional começou no princípio do verão do ano passado a dispensar trabalhadores, num total de mais de 300 ainda nesse ano, tendo entre janeiro e setembro de 2025 dispensado mais 297, pelo que tem agora cerca de 3.300.
Entretanto, a Bosch anunciou esta terça-feira, 28 de outubro, que a fábrica de Braga vai entrar em “lay-off” na próxima semana, por seis meses, afetando mais de três quartos do seu efetivo.
“Devido à escassez de componentes para peças eletrónicas e as recorrentes interrupções na produção, o mecanismo de ‘lay-off’ estabelecido no Código de Trabalho entra em vigor a partir do início de novembro até, presumivelmente, ao final de abril de 2026”, adianta a empresa, em comunicado.
“Neste sentido, cerca de 2.500 colaboradores serão afetados pela suspensão dos contratos de trabalho e/ou redução de horas de trabalho”, contabiliza.
De resto, garante, a Bosch “mantém a sua prontidão de produção nas áreas afetadas para poder produzir de forma flexível e rápida assim que os componentes eletrónicos chegarem”.
“Assim que este problema for resolvido, a produção em Braga deverá regressar à normalidade, permitindo-nos fabricar para servir os nossos clientes”, sinaliza o grupo alemão.
A bracarense Bosch Car Multimedia, principal fábrica da multinacional em Portugal, faz parte da divisão Mobility Electronics da Bosch, dedicada à produção e comercialização de componentes eletrónicos e multimedia para veículos, que tem sido bastante afetada pela falta de chips no mercado.
A escassez de chips deve-se aos problemas na Nexperia, na sequência de a China ter proibido a sua exportação em resposta à tomada de controlo da empresa pelos Países Baixos depois de a dona da Nexperia, a chinesa Wingtech, ter sido sinalizada pelos Estados Unidos como possível risco à segurança nacional.
“As nossas equipas estão em contacto próximo com a Nexperia, um dos nossos fornecedores de componentes eletrónicos, assim como com os clientes afetados e outros fornecedores e subfornecedores”, sublinha a Bosch, afiançando que está “a fazer tudo” para atender os seus clientes “e evitar ou minimizar restrições de produção”, como, “por exemplo, a utilizar fontes alternativas de fornecimento, a otimizar os níveis de stock” na sua rede global de produção “ou a processar alternativas técnicas”.
“Os colaboradores da Bosch nas fábricas estão a contribuir significativamente para resolver o estrangulamento de fornecimento de forma orientada para o cliente. Continuamos a esperar por uma solução rápida entre as partes envolvidas”, remata.
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