Grupo Mello ainda sem decisão de investimento sobre refinaria de lítio
Projeto, que já custou 35 milhões de euros, está em "análise aprofundada", sem calendário definido, dependente de negociações comerciais e do licenciamento de fábrica de demonstração.
Depois de testes piloto, o Grupo José de Mello prepara uma fábrica de demonstração em Coimbra, que aguarda licenciamento, enquanto procura parceiros comerciais para decidir se avança com a fábrica de refinação de lítio, através da Lifthium Energy, um projeto no qual já injetou 35 millhões de euros.
A Lifthium Energy foi criada em 2023 pela Bondalti, que consolida a 100% no Grupo José de Mello, para atuar na cadeia de valor do lítio. E, à luz dos planos iniciais, a ideia seria começar a produção na sua primeira fábrica de refinação deste material raro em Portugal em 2027. A localização prevista, caso avance, será Estarreja, no distrito de Aveiro, como avançou o Eco.
Contudo, o projeto encontra-se ainda "em fase de análise aprofundada", afirmou o CEO do Grupo José de Mello, afirmando que "caso a decisão de investimento se concretize - ainda incerta -, dará origem a uma nova plataforma de negócio com escala relevante e forte capacidade de criação de valor e diversificação do portefólio".
Acontece, no entanto, que esse processo se tem prolongado no tempo e não há qualquer previsão sobre quando pode - ou não - avançar, como reconheceu Salvador de Mello, durante a conferência de imprensa para apresentação dos resultados do grupo em 2024, isto apesar de garantir que mantêm a "confiança" no projeto da Lifthium, que comparou a uma "startup": "As tendências de longo prazo de eletrificação das frotas continuam e, portanto, continuamos a acreditar que há potencial porque o projeto da Lifthium visa responder a essa necessidade".
"Estamos a prosseguir o caminho, que passa por ter uma fábrica de demonstração que está a ser preparada em Coimbra [que ainda precisa de licenciamento para operar] (...), mas esses processos são sempre mais morosos do que aquilo que gostaríamos. E, portanto, temos de passar por essas fases e por uma última: o financiamento do projeto, que pressupõe ter produto em escala para demonstração, para os clientes estarem tranquilos, e a realização de acordos comerciais".
"Somos investidores de longo prazo. Não vamos esperar 'ad eternum' mas até agora estamos tranquilos com os passos que temos vindo a dar", designadamente com o investimento de 35 millhões já aplicado no projeto da Lifthium, que passa pela produção do chamado "lítio verde", que é refinado com recurso à tecnologia de eletrólise (a partir de água e energia limpa), não dependendo da exploração de minas.
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