Lucros da Navigator recuam 46% para 85 milhões no semestre
Apesar da quebra de 4,4%, as vendas da produtora de pasta e papel mantêm-se acima dos 1.000 milhões. Grupo admite que ameaça de aumento das tarifas dos EUA tem levado a uma redução de consumo em vários mercados.
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A The Navigator Company registou no primeiro semestre deste ano um resultado líquido de 85,2 milhões de euros, o que representa uma quebra de 46,3% face aos 158,8 milhões apurados no mesmo período de 2024.
Em comunicado à CMVM, a produtora de pasta e papel revela que as vendas totais somaram 1.019 milhões de euros até junho, menos 4,4% do que há um ano.
O EBITDA situou-se nos 216,3 milhões, menos 27,6% face ao mesmo período de 2024, salientando o grupo ter alcançado uma margem EBITDA de 21,2%.
Resultados que o grupo realça apesar do “contexto macroeconómico particularmente exigente”, pela “elevada volatilidade geopolítica com o escalar dos conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia”, mas também com “a persistente ameaça de aumento das tarifas aduaneiras por parte da administração norte-americana”, o que “tem contribuído para uma redução de consumo em vários mercados”, afirma.
“Este resultado reflete a eficácia das medidas de gestão implementadas, da disciplina de custos e da robustez do portefólio da empresa”, refere, realçando que os segmentos do “tissue” e do “packaging” continuam “a revelar elevado potencial de crescimento, representando já perto de 30% do volume de negócios”.
Relativamente ao segmento do papel de impressão e escrita (UWF), o grupo revela que o volume de entrada de encomendas aumentou 10% na Navigator, em contraste com uma queda de 2% na indústria.
No mesmo sentido, a procura global por pasta de fibra curta “registou um crescimento homólogo (até maio) de 5%, refletindo uma dinâmica positiva no mercado”. Como sublinha, “a recuperação dos preços da pasta que se registou no primeiro trimestre, impulsionada por alguma restrição na oferta e pelo aumento da atividade, foi interrompida a partir de abril, criando pressão sobre os preços internacionais de papel, com destaque para o UWF”. Assim diz, “o preço do papel da Navigator também regrediu face ao primeiro trimestre, sobretudo devido à desvalorização do dólar, divisa em que a empresa transaciona em mais de 100 países”. Já na Europa, o preço médio da Navigator “manteve-se estável, graças à preservação de maiores price premiums nas marcas próprias”, explica.
A empresa recorda ainda que este primeiro semestre foi “marcado pelos elevados preços de energia elétrica e gás natural” para frisar que, “apesar de não beneficiar dos significativos apoios governamentais concedidos a concorrentes europeus, a Navigator enfrentou a volatilidade dos preços da energia e do gás natural, mantendo o compromisso com a competitividade das suas exportações e com a preservação do emprego”.
No tissue, até junho o volume de vendas da Navigator aumentou 27% face ao período homólogo, enquanto em valor o crescimento foi de 35%, para o que contribuiu a integração do negócio da Navigator Tissue UK, adquirido em maio de 2024.
No segmento de packaging, as vendas tiveram um aumento de 8% de volume de negócios, realçando o grupo que com a decisão de investimento para a reconversão da máquina de papel PM3, em Setúbal, com o objetivo de direcionar a sua produção para papéis de embalagem flexível de baixas gramagens, “vai tornar-se no 4.º maior produtor europeu de papéis de embalagem flexível de baixas gramagens".
No primeiro semestre o volume de investimentos do grupo ascendeu a 94 milhões, em linha com o registado no período homólogo.
A dívida líquida remunerada aumentou 11,3 milhões para 675,7 milhões de euros em junho. O rácio de dívida líquida/EBITDA fixou-se em 1,46 vezes no final do primeiro semestre.
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