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Projeto Lusitano de 112 milhões mostra a sua raça na Arábia Saudita

No âmbito da agenda mobilizadora criada no seio do PRR para revolucionar a indústria têxtil nacional, Portugal estreia-se na Saudi Lifestyle Week para tecer o futuro no maior mercado do Médio Oriente.

Portugal leva indústria têxtil e inovação à Saudi Lifestyle Week, na Arábia Saudita.
Portugal leva indústria têxtil e inovação à Saudi Lifestyle Week, na Arábia Saudita. D.R.
14:52

Focada em fios sustentáveis, a vimaranense Fibrenamics utiliza fibras naturais de linho e cânhamo e garante que a sua foi reduzida entre 50% e 60% com tratamentos químicos e enzimáticos, validando processos que caminham agora para a escalabilidade industrial.

Essa fibras serão futuramente fiadas pela Nau Verde, uma nova empresa nascida em Santo Tirso, que está a reabilitar um antigo edifício industrial com 15 mil quadrados de área coberta, que irá empregar cerca de 250 pessoas e contribuir para a relocalização da produção de fio de linho na Europa, atualmente externalizada para a Ásia.

É precisamente a Nau Verde que coordena o Projeto Lusitano, nome da Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial da Industria Têxtil e do Vestuário de Portugal, criada no seio do Plano de Resiliência e Recuperação (PRR), uma iniciativa ambiciosa que reúne 17 parceiros e um investimento global de 111,5 milhões de euros, com o objetivo de transformar a indústria têxtil de forma transversal – da fibra ao consumidor.

Através da adoção de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, e do desenvolvimento de soluções sustentáveis e circulares, o Projeto Lusitano aposta na inovação para criar fios, tecidos, malhas e vestuário a partir de fibras naturais e recicladas.

Ora, Portugal estreia-se na Saudi Lifestyle Week, que está a decorrer m Riade, com uma presença institucional promovida pelo Cenit – Centro de Inteligência Têxtil, precisamente no âmbito do Projeto Lusitano.

No espaço dedicado à Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV) nacional, o destaque vai para a coleção de uniformes ModaPortugal, uma mostra que antecipa a importância estratégica da capital saudita, futura anfitriã da Expo 2030.

Esta participação pretende reforçar a aposta na inovação, qualidade e diferenciação da indústria portuguesa, destacando o vestuário profissional como um segmento de elevado potencial para o futuro das empresas nacionais.

“O Cenit encara a indústria do vestuário profissional como uma prioridade estratégica para Portugal e, por essa razão, estamos a apostar nesta ação na Arábia Saudita, com o objetivo de abrir novas portas e dar a conhecer a capacidade produtiva portuguesa e as mais-valias de qualidade, confiança e sustentabilidade que o ‘made in’ Portugal hoje representa”, afirma Luís Hall Figueiredo, presidente do Cenit, em comunicado.

Marca Portugal “impulsionada” por Cristiano Ronaldo e Jorge Jesus

A Arábia Saudita, com mais de 36 milhões de habitantes e um setor “retail” de moda e “lifestyle” avaliado em 30 mil milhões de dólares (25,6 mil milhões de euros) anuais, é o maior mercado do Médio Oriente e um dos que mais rapidamente cresce no mundo, sendo que “o programa Vision 2030 está a acelerar a modernização e abertura do país, tornando-o um destino estratégico para empresas que apostam em produtos diferenciados, sustentáveis e de elevado valor acrescentado”, observa o Cenit.

De acordo com o INE, as exportações portuguesas de têxteis e vestuário para a Arábia Saudita ascenderam a apenas 630 mil euros no ano passado, um valor que evidencia enorme margem de crescimento.

“Há um enorme potencial de desenvolvimento neste mercado, sobretudo numa altura em que a marca Portugal — impulsionada pela presença no desporto saudita, nomeadamente no futebol, com figuras como Cristiano Ronaldo e Jorge Jesus — é reconhecida e valorizada no país”, nota Luís Hall Figueiredo, enfatizando que “a transformação acelerada de Riade, impulsionada pelo Vision 2030, está a gerar uma procura crescente por soluções de vestuário profissional modernas, funcionais e personalizadas, num contexto de expansão de hotéis, hospitais, centros comerciais e novas infraestruturas”.

Com as previsões a apontarem para que o setor de hospitalidade e turismo duplique a capacidade hoteleira do país até ao final desta década, “criando novas oportunidades para fornecedores especializados”, o ‘know how’ português, “reconhecido internacionalmente pela qualidade da confeção, flexibilidade produtiva e capacidade de customização, posiciona-se como um parceiro natural para empresas dos setores da hotelaria, saúde, restauração, aviação e serviços corporativos no Médio Oriente”, sinaliza o Cenit.

“A realização da Expo 2030 em Riade deverá reforçar ainda mais esta tendência, abrindo novas perspetivas de cooperação económica e industrial”, remata.

Complementando esta presença institucional, sete empresas portuguesas integram a comitiva nacional na Saudi Lifestyle Week, representando diferentes áreas da moda, confeção, calçado, joalharia e artigos infantis: Babychick Atelier, LMA, Diário Geométrico / WAT, Mariano Shoes, Tailertex / 6 Dias, Tavares e Tulipa Negra.

A indústria têxtil e do vestuário portuguesa registou, no ano passado, um volume de negócios de cerca de oito mil milhões de euros, com exportações superiores a 5,5 mil milhões e mais de 120 mil trabalhadores diretos.

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