Administração da Espírito Santo Saúde considera OPA da Fidelidade "aceitável"
A contrapartida de 4,82 euros oferecida pela seguradora é "aceitável". O sucesso da OPA da Fidelidade não traz concentração nem mudanças na empresa. Daí que os administradores digam que a sua intenção é aceitar a oferta.
O conselho de administração da Espírito Santo Saúde considera que a oferta pública de aquisição lançada pela Fidelidade, com a contrapartida de 4,82 euros por acção, é "aceitável". Mesmo quando comparada com a contrapartida de 4,50 euros oferecida pelo grupo mexicano Ángeles.
"O conselho de administração é da opinião que a oferta concorrente da Fidelidade é aceitável, uma vez que se enquadra nos critérios de valorização do mercado", aponta o comunicado emitido pela empresa esta segunda-feira, 29 de Setembro, dia em que arrancou a respectiva oferta pública de aquisição.
Esta é a primeira opinião do conselho presidido por Diogo de Lucena sobre a oferta da Fidelidade. A seguradora foi a terceira a oficializar o interesse na detentora do hospital da Luz. Sobre a operação da Ángeles, cuja contrapartida foi de 4,50 euros, o órgão também tinha dito que era "aceitável". Já o mesmo não foi dito sobre a José de Mello Saúde, em relação à qual levantou várias dúvidas. Apesar de se ter pronunciado sobre três ofertas, neste momento apenas duas receberam o aval da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, estando ambas a decorrer durante as próximas duas semanas: a da Fidelidade e a da Ángeles.
Os administradores da ES Saúde que são titulares de acções indicam, neste relatório, que a sua intenção é de aceitação da oferta da Fidelidade "salvo alterações das circunstâncias das condições da oferta inicial [Ángeles], da oferta concorrente da José de Melo Saúde ou das condições da oferta Fidelidade ou outros constrangimentos não relacionados com a oferta concorrente Fidelidade". Os mexicanos têm até quinta-feira para apresentar alterações da sua oferta.
OPA com alinhamento estratégico e sem problemas
Sobre a operação protagonizada pela seguradora, detida pelos chineses da Fosun, além de referir como "aceitável" a contrapartida, o conselho de administração também adianta que a mesma pode ser geradora de valor.
Um dos pontos que se sublinha é o facto de existir "um alinhamento estratégico" entre a Fidelidade e a gestão de Isabel Vaz (na foto). A Fidelidade "não só tomou por base o plano estratégico da ESS para definir a sua linha estratégica relativamente à ESS, como também manifesta que não são esperadas alterações substanciais a respeito da actividade empresarial desenvolvida pela mesma".
Além disso, e como referiu sempre em relação aos outros oferentes, a administração da proprietária do hospital da Luz sublinha que uma oferta bem sucedida irá dar a "necessária estabilidade accionista da ESS" que vai permitir uma "gestão estratégica de médio e longo prazo". Neste momento, a Espírito Santo Health Care Investments, detida pela Rio Forte, é a principal accionista.
Nas suas considerações sobre a oportunidade e as condições da oferta, a administração diz que uma OPA bem sucedida da seguradora "não implicará um movimento de concentração horizontal de empresas, não alterando o actual cenário de liberdade de escolha dos trabalhadores e clientes/pacientes e não afectando substancialmente o equilíbrio actual do mercado ao nível das seguradoras / sistema de saúde / pagadores e fornecedores e Estado".
No caso dos trabalhadores, a administração ressalva que não espera alterações na liberdade de escolha para os trabalhadores mas sublinha, a negrito, que a garantia da Fidelidade é de que não está prevista a necessidade de alterar "significativamente" as condições de trabalho nem a realocação de funcionários "no curto prazo".
Sobre o mercado segurador, a Espírito Santo Saúde admite que possa haver alterações face à "situação actual" se a OPA for bem sucedida, já que há a integração entre a empresa que presta cuidados de saúde privados e a seguradora Fidelidade, que oferece serviços para este segmento.
Tal como tem acontecido em todos os relatórios sobre a oportunidade e condições das ofertas sobre o capital da Espírito Santo Saúde, um dos administradores da empresa alvo das operações não toma posição. João Pena tem optado por se abster.
Pena é o presidente executivo da Rio Forte, sociedade do Grupo Espírito Santo que solicitou uma espécie de protecção de credores no Luxemburgo, onde está sedeada. A Rio Forte é accionista maioritária da Espírito Santo Healthcare Investments, que tem 51% da Espírito Santo Saúde. "Embora a Rio Forte não seja accionista da Espírito Santo Saúde, eventual pronúncia por parte do tribunal deverá ser valorada pelo conselho de administração da Rio Forte, máximo pelo seu CEO".
O administrador da ES Saúde tem enviado os documentos das várias OPA para o Tribunal do Luxemburgo mas como ainda não recebeu indicações, opta por não se comprometer com a indicação de favorável ou desfavorável às operações.
(notícia actualizada pela última vez com mais informações às 19h20)
Mais lidas