CEO da OpenAI alerta para possível bolha no mercado da inteligência artificial
Sam Altman, CEO da OpenAI, reconhece que os investidores podem estar a exagerar nas expectativas relativamente a algumas empresas, mas defende que a IA é a transformação mais relevante em décadas.
O entusiasmo em torno da inteligência artificial (IA) pode estar a ganhar contornos de bolha financeira, segundo Sam Altman. O líder da OpenAI afirmou ao The Verge que vê os “investidores eufóricos com um pequeno fundo de verdade”, numa comparação implícita com a bolha das dot-com que rebentou no início dos anos 2000.
"Estamos numa fase na qual os investidores como um todo estão eufóricos com a IA? A minha opinião é que sim. É a IA a coisa mais importante a acontecer desde há muito tempo? Na minha opinião, também sim", acrescentou o presidente executivo da empresa responsável pelo ChatGPT.
Apesar do alerta, Altman não tem dúvidas sobre a importância da tecnologia: “É, ao mesmo tempo, o maior acontecimento dos últimos tempos”, afirmou. A postura ambivalente reflete uma indústria marcada por investimentos de grande escala e projeções de crescimento, mas também por críticas e sinais de sobrevalorização.
A preocupação de Sam Altman não é, no entanto, isolada. Nomes como Joe Tsai, cofundador da Alibaba, Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, e Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Global Management, já tinham manifestado reservas sobre o tema. Torsten Slok chegou mesmo a afirmar, no mês passado, que “a bolha da IA de hoje é maior do que a bolha da internet”, sublinhando que as dez maiores empresas do S&P 500 estão ainda mais sobrevalorizadas do que no final da década de 1990, inícios da década de 2000.
Outros analistas, porém, veem nuances. Ray Wang, da Constellation Research, disse à CNBC que os comentários de Altman “têm validade”, mas que não considera existir uma bolha generalizada: “Os fundamentos na cadeia de fornecimento continuam fortes e a trajetória de longo prazo justifica o investimento. O risco está em capitais especulativos aplicados em empresas com fracos fundamentos e apenas potencial percebido”.
O debate ganhou força com a ascensão da chinesa DeepSeek, que anunciou ter treinado modelos de linguagem avançados por menos de 6 milhões de dólares, uma fração dos valores astronómicos gastos por gigantes norte-americanos.
Mesmo com dúvidas no mercado, o interesse pela OpenAI não esmorece. A empresa prepara-se para vender cerca de 6 mil milhões de dólares em ações numa operação que poderá avaliá-la em 500 mil milhões, de acordo com a CNBC. Em março, já tinha garantido uma ronda de 40 mil milhões, a maior alguma vez levantada por uma tecnológica não cotada.
Altman também admitiu que a OpenAI continua a operar no vermelho, apesar de prever receitas anuais acima dos 20 mil milhões em 2025. O lançamento do novo modelo, o GPT-5, criticado por ser “menos intuitivo”, levou a empresa a reabrir o acesso ao GPT-4 para clientes pagos, sinalizando que a evolução nem sempre é linear.
Em declarações recentes, o CEO relativizou ainda o conceito de “inteligência artificial geral” (AGI), dizendo acreditar que o termo “está a perder relevância”. Questionado sobre se continuará no cargo dentro de três anos, respondeu de forma irónica: “Talvez seja uma IA a ocupar este lugar”.
Enquanto isso, a OpenAI planeia expandir-se para áreas como hardware de consumo, interfaces cérebro-computador e até redes sociais. Altman foi mais longe, admitindo que a empresa poderia comprar o navegador Chrome, caso o governo norte-americano obrigasse a Google a vendê-lo.
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