Tesla dececiona nos resultados. Receitas caem 9% para 19,34 mil milhões
A empresa registou uma queda de 20% nas receitas da divisão automóvel e de 71% nos lucros ajustados no primeiro trimestre. O "guidance" de 2025 vai ser revisto no próximo trimestre, com a empresa a admitir que incerteza das tarifas pode ter impacto na procura. Musk promete dedicar-se mais à Tesla e menos ao DOGE.
Num fraco arranque da temporada de resultados das chamadas "Sete Magníficas" dos EUA, os números da Tesla ficaram aquém das expectativas dos analistas no primeiro trimestre, com o lucro por ação a situar-se nos 0,27 dólares, caindo 40% face aos 0,45 dólares do período homólogo, contra previsões de 0,43 dólares citadas pela Bloomberg.
A empresa liderada por Elon Musk também viu as receitas ficarem aquém das previsões, com uma descida de 9,2% para 19,34 mil milhões, contra expectativas de 21,37 mil milhões. Na unidade automóvel a queda foi de 20% para 13,97 mil milhões.
Em termos globais, o lucro líquido registou uma descida de 39% para 934 milhões no primeiro trimestre quando no período homólogo tinha sido de 1,54 mil milhões. Em termos ajustados, a queda foi ainda maior, de 71% para 409 milhões.
A empresa justifica que os resultados foram penalizados pela queda das vendas, "em parte devido à atualização do Model Y em todas as quatro fábricas de veículos", além da "redução do preço médio dos veículos" motivada pelos "incentivos de vendas".
A fabricante disse também que vai reavaliar o "guidance" para 2025 nos resultados do segundo trimestre e que, embora seja difícial avaliar o impacto da política comercial global, a incerteza poderá ter impacto na procura no curto prazo.
A Tesla indica que "é difícil medir os impactos da política comercial global em mudança nas cadeias de abastecimento dos setores automóvel e energético, na nossa estrutura de custos e na procura por bens duradouros e serviços relacionados".
A empresa ressalva que as tarifas terão um impacto maior na unidade de energia do que na unidade automóvel, para a qual mantém os planos de início de produção de novos veículos, mas não prevê um regresso ao crescimento como no comunicado de resultados anterior.
Em vez disso, a empresa refere que está a "fazer investimentos prudentes que vão preparar" a unidade automóvel para o crescimento, o que vai depender de fatores como o "ambiente macroeconómico global".
A Tesla tem atravessado momentos conturbados desde que Musk declarou o seu apoio a Donald Trump e passou a liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), responsável pelo afastamento de milhares de funcionários públicos e cortes massivos no orçamento de vários organismos públicos dos EUA.
As posições politicas de Musk, que também apoiou vários movimentos de extrema-direita na Europa, fizeram com que os veículos e concessionários da Tesla fossem alvo de protestos, tendo as vendas da fabricante caído nos últimos meses. No primeiro trimestre, a empresa registou uma queda de 13% nas entregas para 336.681 unidades.
Contudo, a primeira reação dos investidores aos resultados foi positiva em Wall Street, com a empresa a subir quase 3% na negociação "after hours".
A contribuir para a reação positiva estiveram as declarações de Elon Musk, que após a apresentação de resultados disse que vai afastar-se "significativamente" do DOGE para se concentrar no trabalho na Tesla e continuar a aconselhar Donald Trump a recuar nas tarifas.
"Penso que a partir do próximo mês, maio, a minha alocação de tempo ao DOGE vai cair significativamente", disse Musk durante uma chamada com analistas. Musk disse também que vai continuar envolvido no "restante mandato do Presidente", mas que vai passar mais tempo na Tesla.
Notícia atualizada com declarações de Elon Musk
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