Accionistas da Altice apresentam queixa por "informações falsas ou enganosas"
Cerca de meia centena de accionistas da Altice, dona da portuguesa Meo, vai apresentar uma queixa junto das autoridades francesas contra o que dizem ser a "difusão de informações falsas ou enganosas".
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A decisão, confirmada à agência France Presse (AFP) pelo advogado dos queixosos, surge depois de nas últimas sessões o preço das acções da companhia ter ficado reduzido a metade, na sequência de notícias sobre resultados abaixo do esperado e elevada alavancagem da empresa.
"Trata-se das primeiras queixas apresentadas neste âmbito," disse Frédérik-Karel Canoy, causídico que está associado à defesa de pequenos accionistas e que recentemente esteve envolvido nos processos contra as vítimas do dieselgate contra construtores automóveis como a Volkswagen, Renault ou Fiat.
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Os investidores, de acordo com o processo citado pela AFP, alegam que apesar de a sociedade de Patrick Drahi ter dito que tinha "reduzido a sua dívida" entre 2015 e 2017 e ter "um controlo absoluto" sobre o endividamento, depois de uma "política de aquisição de grande envergadura" a dívida atingiu "um nível considerável próximo dos 50 mil milhões de euros".
Além disso, reclamam que "os resultados anunciados estão abaixo das expectativas" e que só a subsidiária francesa, a SFR, "perdeu um milhão e meio de assinantes desde 2014 ".
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É a esta sucessão de más notícias que é associada à queda recente do preço da acção, que desde 2 de Novembro - dia em que apresentou resultados abaixo do esperado pelo mercado - já perdeu 52,85% do valor em bolsa.
"Patrick Drahi pensa ser capaz de salvar a Altice com ousadia. Faz-me lembrar Jean-Marie Messier [antigo CEO da Vivendi], que assegurou aos accionistas em 2002 'que estava tudo bem' , quando a dívida da Vivendi chegou a 35 mil milhões de euros" na altura em que teve de sair do cargo, refere o advogado.
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"A atitude do senhor Drahi é totalmente irresponsável em relação aos accionistas," acrescenta Frédérik-Karel Canoy.
Entretanto, o grupo de telecomunicações apelidou o movimento dos queixosos de "manipulação" e "tentativa de desestabilização mediática". Arthur Dreyfuss, porta-voz da empresa, garantiu à AFP que a Altice publica as suas informações financeiras "com a maior transparência".
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No seguimento das notícias que cifram o endividamento da empresa em 49,6 mil milhões de euros, a companhia anunciou uma alteração de estratégia, travando as novas compras e reorganizando o grupo, que passou também por mexidas em Portugal, colocando Alexandre Fonseca ao leme da Meo, passando a até aqui CEO, Cláudia Goya, para chairman da operadora.
Apesar destas alterações, a acção continua a perder valor, recuando 8,09% para 7,619 euros, em mínimos de três anos e meio: Abril de 2014.
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(notícia actualizada às 14:07 com declarações do porta-voz da Altice à AFP)
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