"TAP não sobrevive se se mantiver pública", garante Pinto Luz
O ministro das Infraestruturas garante que a venda da TAP tem de avançar, num momento em que a companhia tem entraves à compra de aviões e falta de sinergias no mercado e em que o Estado não pode "injetar um euro".

- 22
- ...
A TAP voltou ao Parlamento, novamente de urgência, para se discutir o processo de privatização que arrancou esta semana. Após ser questionado pelos deputados, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, garante que a TAP não será vendida ao desbarato e que não sobrevive se continuar nas mãos do Estado.
"A TAP obriga-nos a responsabilidade. A TAP não sobrevive se se mantiver pública. O Estado está impossibilitado de injetar um euro. [A companhia] não tem sinergias de mercado, não consegue comprar aviões e não consegue a bandeira no avião. Queremos a TAP, as rotas e o 'hub', mas como está não conseguimos", vincou Pinto Luz em resposta aos deputados na sessão de votação da venda da companhia portuguesa.
Miguel Pinto Luz lembrou ainda que o Governo deixou claro que se a bandeira portuguesa não for garantida, isto é, se as salvaguardas enunciadas no decreto-lei não forem asseguradas, "não vendemos porque não vendemos a TAP ao desbarato".
Depois de serem ouvidas críticas à privatização da minoria do capital - 49,9% -, o ministro das Infraestruturas acrescentou que "a alienação de uma participação minoritária vai maximizar o valor da participação remanescente" e que fica agora nas mãos do Estado, lembrando que "foi assim em muitos cenários, como a SAS, ITA e outras soluções que foram encontradas".
Ainda questionado sobre a minoria da venda da transportadora aérea, depois da injeção de 3,2 mil milhões de euros, e da abertura a grupos fora da Europa, uma vez que a Comissão Europeia o permite, Miguel Pinto Luz admite que esta percentagem abre oportunidade a grupos e companhias fora da Europa, especificamente às do Médio Oriente.
Na arranque do debate, o líder do Chega pediu para se saber o valor da companhia aérea, algo que o Governo já rejeitou para não prejudicar o processo negocial com os compradores. Lembrando que a anterior avaliação apontava "para um valor de 1,1 mil milhões de euros, o Chega questionou se a venda de metade do capital "seria feita sobre a metade, a um valor de 500 milhões de euros".
"Este é um péssimo negócio [para Portugal], porque investimos ou deixámos mais de 3,5 mil milhões de euros na TAP e só vamos receber 500 milhões. Qual é o prazo para recebermos o reembolso do dinheiro que deixámos na TAP", questionou André Ventura.
"O país tem muito má experiência de sorvedouros públicos. Quanto vale esta empresa, este poço sem fim? Vale os 1,1 mil milhões ou os 3,5 mil milhões que lá colocámos?", deixa no ar, sendo que a pergunta não teve resposta de Pinto Luz, com o Governo a guardar o valor para o processo de negociação.
Mais lidas