Powell encaminha Wall Street para perdas. "Big tech" pressionaram índices
O presidente da Fed não deu pistas sobre se apoiaria uma nova flexibilização da política monetária em outubro e disse que o banco central não tem pela frente um caminho sem riscos. Depois de os índices terem ontem renovado recordes, as palavras de Powell atiraram Wall Street ao chão. A Nvidia caiu quase 3%.
Os principais índices do lado de lá do Atlântico afastaram-se de máximos históricos atingidos na sessão anterior e fecharam o dia no vermelho. O sentimento dos investidores foi pressionado por declarações do presidente da reserva Federal (Fed) norte-americana, Jermoe Powell, que não deu pistas sobre se apoiaria um novo corte de juros na reunião do banco central em outubro.
O S&P 500 perdeu 0,55%, para os 6.656,92, o tecnológico Nasdaq Composite recuou 0,95% para os 22.573,47. Já o Dow Jones desvalorizou 0,19% para os 46.292,78, depois de ter arrancado a sessão em novos máximos.
Algumas das maiores empresas tecnológicas do mundo - responsáveis por grande parte do “rally” que se tem vivido nos mercados bolsistas dos EUA - acabaram por pressionar os principais índices. A Nvidia perdeu 2,82% um dia depois de ter atingido um recorde acima dos 184 dólares por ação após notícias de um acordo de investimento entre a empresa liderada por Jensen Huang e a dona do ChatGPT.
No plano da política monetária, Powell disse que as perspetivas para o mercado de trabalho e a inflação nos EUA enfrentam riscos, reiterando sua opinião de que os decisores da Fed provavelmente terão um caminho difícil pela frente ao ponderarem novos cortes nas taxas de juros.
“Powell não diz nada de novo”, referiu à Bloomberg Peter Boockvar, do The Boock Report. Já David Russell, da TradeStation, defende que o presidente do banco central norte-americano está a preparar o terreno para que as tarifas aumentem a inflação no quarto trimestre.
Os responsáveis da Fed baixaram a taxa de juro de referência em um quarto de ponto percentual na semana passada e previram mais duas reduções ainda este ano, após meses de intensa pressão da Casa Branca para a Fed flexibilizar a política monetária. Nesta linha, Russel explica que “Powell não quer antagonizar a Casa Branca, mas também não está a ceder”. E acrescentou: “está a manter as suas opções em aberto, caso as pressões sobre os preços aumentem. Powell não está a tentar parecer agressivo, mas está a tentar evitar algumas das fortes exigências por cortes agressivos”.
Depois de vários membros da Reserva Federal (Fed) norte-americana terem ontem discursado, os investidores focaram a sua atenção nas palavras de Jerome Powell. Agora, o foco estará nos dados das despesas pessoais de consumo – o indicador de inflação preferido da Fed -, que serão conhecidos na sexta-feira, bem como no início da “earnings season” do terceiro trimestre em meados de outubro.
Entre os movimentos do mercado, a Boeing fechou a sessão a subir quase 2%, após ter anunciado um acordo com a Uzbekistan Airways para a venda de 22 jatos 787 Dreamliner, naquela que é a maior “encomenda” da história da companhia aérea. Já a Micron Technology valorizou mais de 1,50% no mesmo dia em que irá apresentar resultados. Os investidores estarão atentos a estes números para perceber se a valorização da produtora de chips de quase 40% em setembro se poderá manter.
Entre as restantes “big tech”, a Alphabet recuou 0,21%, a Microsoft caiu 1,01%, a Meta cedeu 1,28%, a Apple deslizou 0,64% e a Amazon desvalorizou 3,04%.
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