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Powell admite cortar compra de dívida já este ano

O presidente do banco central dos EUA abriu a porta a uma saída dos apoios monetários ainda este ano, depois de considerar que foram dados passos fortes rumo aos objetivos de inflação e emprego.

jerome powell
jerome powell Shawn Thew/Reuters
27 de Agosto de 2021 às 15:07

"Pode ser apropriado começar a reduzir a velocidade da compra de ativos ainda este ano". Este era o sinal mais aguardado nos últimos dias pelos mercados e foi dado por Jerome Powell, o presidente da Reserva Federal dos EUA, no discurso desta sexta-feira no simpósio de Jackson Hole, no estado de Wyoming. Ainda assim, mesmo com alguma alteração ao volume de aquisições de dívida, a autoridade monetária garante que irá manter os juros em níveis baixos para continuar a suportar a maior economia do mundo.

"Na recente reunião da Fed em julho, eu era da opinião -- tal como a maioria dos participantes -- que se a economia evoluísse conforme o previsto, poderia ser apropriado começar a reduzir o ritmo de compras de ativos este ano", elaborou o banqueiro central de 68 anos, na edição deste ano do simpósio, que se realiza novamente de forma virtual.

Após o encontro, agosto trouxe a continuação desses progressos com um forte relatório de emprego, apesar das preocupações com a disseminação da variante Delta do novo coronavírus. "Estaremos a avaliar cuidadosamente os dados recebidos e os riscos em evolução", disse Powell.

Subir juros só mais tarde

E garantiu que a desaceleração da compra de dívida não irá implicar necessariamente subidas nos juros. "A altura e a velocidade dessa redução futura na compra de ativos não terão a intenção de transmitir um sinal direto sobre o momento do aumento da taxa de juros, para o qual articulamos um teste diferente e substancialmente mais rigoroso".

Apesar da visão otimista, Powell sublinha que ainda há "muito terreno a percorrer para alcançar o máximo emprego e o tempo dirá se atingimos 2% de inflação no longo-prazo", ou seja, para atingir o mandata duplo do banco central.

As atas da reunião de julho da Fed revelaram que o debate sobre quando e como reduzir os 120 mil milhões de dólares em compras mensais de dívida aqueceu, com vários membros do executivo a mostrarem-se favoráveis a um corte dos apoios ainda este ano. E vários membros no seio do banco central têm vindo a público defender uma atuação imediata do banco central neste sentido. Ainda hoje, quando o simpósio já tinha começado, Raphael Bostic, líder do banco central de Atlanta, disse à Reuters que seria "razoável" se a Fed começasse a reduzir as compras já em outubro deste ano.

"Temos vindo a dizer que iríamos manter a nossa compra de ativos à velocidade atual até vermos progresso substancial em direção aos nossos objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços, estabelecidos em dezembro (...). A minha visão é que esse progresso substancial foi atingido para a inflação. É também claro que tem havido um claro progresso no objetivo de máximo emprego", continua Powell.

Covid-19 deixa Powell em sentido

O norte-americano alerta que "estes são tempos desafiantes para o público que nós servimos, numa altura em que a pandemia e o seu impacto sem precedentes na saúde e na atividade económica perduram". Atualmente, o programa de compras de ativos está a disparar a um ritmo de 120 mil milhões de dólares a cada mês, numa altura em que as taxas de juro diretoras estão ainda em mínimos no intervalo entre 0% e 0,25%.

Em reação aos estímulos, a inflação tem galopado (5,4% em julho vs homólogo) e a economia do país tem respondido de forma célere (crescimento de 6,5% no segundo trimestre deste ano). Contudo, o novo surgimento de novos casos de covid-19 no país, que superaram os 150 mil diários na semana anterior, pode complicar as contas da Fed.

"Mas vou terminar com uma nota positiva. Antes da pandemia, todos vimos os benefícios extraordinários que um mercado de trabalho forte pode proporcionar à nossa sociedade. Apesar de os desafios atuais, a economia está no caminho para esse mercado de trabalho, com altos níveis de emprego e participação, aumentos salariais e inflação próxima da nossa meta", conclui.

Powell foi responsável por fazer engordar o balanço da Fed para um ponto em que nunca esteve: tem mais de 8 biliões de dólares no bolso. Desde que começou a pandemia, os quatros maiores bancos centrais do mundo (Reserva Federal dos EUA, Banco Central Europeu, Banco do Japão e Banco Popular da China) compraram 10 biliões de dólares em dívida das respetivas regiões. Só os primeiros dois são responsáveis por 80% da emissão de todo este montante.

"Temos vindo a dizer que iríamos manter a nossa compra de ativos à velocidade atual até vermos progresso substancial em direção aos nossos objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços, estabelecidos em dezembro (...). A minha visão é que esse progresso substancial foi atingido para a inflação. É também claro que tem havido um claro progresso no objetivo de máximo emprego", continua Powell.

Covid-19 deixa Powell em sentido

Em reação aos estímulos, a inflação tem galopado (5,4% em julho vs homólogo) e a economia do país tem respondido de forma célere (crescimento de 6,5% no segundo trimestre deste ano). Contudo, o novo surgimento de novos casos de covid-19 no país, que superaram os 150 mil diários na semana anterior, pode complicar as contas da Fed.

"Mas vou terminar com uma nota positiva. Antes da pandemia, todos vimos os benefícios extraordinários que um mercado de trabalho forte pode proporcionar à nossa sociedade. Apesar de os desafios atuais, a economia está no caminho para esse mercado de trabalho, com altos níveis de emprego e participação, aumentos salariais e inflação próxima da nossa meta", conclui.

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