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Como ganhar com a economia verde

Uma pesquisa no Google por "bolha nas energias renováveis" devolve cerca de 440 mil resultados, segundo informa o motor de busca. Um deles é um artigo de análise publicado na FoxBusiness, a assinalar o primeiro ano após a falência do Lehman

30 de Outubro de 2009 às 10:08

O tema das alterações climáticas está na ordem do dia e as acções do sector na moda. Mas será esse um bom motivo para investir? Há quem acredite que sim.

Uma pesquisa no Google por "bolha nas energias renováveis" devolve cerca de 440 mil resultados, segundo informa o motor de busca. Um deles é um artigo de análise publicado na FoxBusiness, a assinalar o primeiro ano após a falência do Lehman Brothers. Pergunta-se o autor: Como será a próxima bolha? "Muitos observadores astutos dos mercados financeiros americanos acreditam que será verde", escreve.

O tema das alterações climáticas está na ordem do dia. Entre a opinião pública cresce um sentimento de urgência quanto à necessidade de evitar a catástrofe. O assunto entrou na agenda política e ganhou peso com a crise, com os governos a canalizarem milhões para as energias limpas e a avançarem com nova regulação para promover a eficiência energética.

Na Pictet não se admite um fracasso em Copenhaga: “A necessidade de agir é demasiado importante”.
Um investidor experiente sabe que ir atrás das modas é o caminho certo para o desastre financeiro. Um bom indicador é quantas vezes o preço em bolsa das empresas excede os seus lucros. No índice S&P Global Clean Energy, que reúne 30 companhias de energias renováveis de todo o mundo, aquela relação é de 64 vezes. O que compara com as 20,7 vezes do S&P500, o índice de referência das acções americanas. Um sinal de alarme, depois de o sector das energias limpas ter avançado 67% desde os mínimos em Março.

Aquela realidade não é, contudo, transversal a todas as empresas que de alguma forma estão ligadas ao tema das alterações climáticas. Debaixo deste rótulo cabem negócios muito diferentes, desde as pilhas de lítio, a fabricantes de luzes LED, passando por produtoras de gás natural, tecnologias de eficiência energética, biotecnológicas e empresas de gestão de recursos hídricos. As companhias do índice S-Box Climate Change negoceiam a 21,7 vezes os lucros. E o indicador subiu apenas 27%, após ter perdido mais de metade do valor durante a crise.

Os gestores de fundos especializados neste tema defendem a sua dama. O argumento é forte: o mundo vai ter de lidar com as alterações climáticas, o que vai obrigar a investimentos muito elevados. "Estamos ainda no início de um processo de transição para uma economia de baixo carbono, que vai exigir um enorme investimento e conduzir a um forte crescimento do sector na próxima década", afirma Simon Webber, gestor do fundo Schroder Climate Change.

A crença no potencial de longo prazo destas empresas é grande. A suíça Pictet, que comercializa o Pictet Clean Energy, é uma delas. "Os lucros do sector deverão crescer a uma taxa média anual de 9% até 2012, quase quatro vezes mais do que o previsto para as acções mundiais". Recomenda que o investimento seja realizado a sete anos.

Os gestores de fundos também reconhecem riscos. "O enquadramento regulatório não dará directamente suporte às tecnologias verdes, ou indirectamente através da definição de preços para o carbono", diz a Pictet. Outra ameaça será a queda da cotação do petróleo para os níveis do início da década, quando o barril custava cerca de 25 dólares. Para os suíços "qualquer um dos cenários é altamente improvável".

A partir do dia 7 de Dezembro, a cidade de Copenhaga poderá entrar na história, se os Estados Unidos e a China se comprometerem com metas para reduzir as emissões de carbono. E se não se chegar a acordo? Simon Weber considera que poderá existir "um retrocesso político" nas medidas de combate às alterações climáticas. Mas salienta que, quanto mais tarde se começar, mais depressa, depois, se terá que agir. Na Pictet não se admite um fracasso: "A necessidade de agir é demasiado importante".

As várias frentes do combate para salvar o ambiente

A batalha contra as alterações climáticas tem várias frentes. Por isso, para quem investe, o leque de oportunidades também é amplo e diversificado. Tanto há ofertas na área do aproveitamento dos ventos e marés, como nas infra-estruturas ou, até, na agricultura.

Energias limpas

O segmento de energias renová-veis ou limpas tem sido um dos mais emblemáticos entre as medidas recentes tomadas pelos diversos governos, para reduzir as emissões de dióxido carbono. O aproveitamento dos elementos da natureza, como o sol, a água, o vento para gerar energia tem sido a aposta mais visível. São recursos inesgotáveis e não poluentes que podem substituir os combustíveis fósseis, que têm.

Trina solar

Aposta nos painéis solares

A empresa de painéis solares e produtos fotovoltaicos é uma das preferidas dos analistas dentro do núcleo de cotadas dedicado às energias limpas.

País: EUA

Valorização das acções em 2009: 284,2%

Capitalização bolsista: 1,05 mil milhões de dólares

PER: 19

Rating dos analistas: 4,20 (Zero é o mínimo; Cinco é o máximo)

Renováveis sobem 28% desde os mínimos do ano

Índice europeu de energias renováveis

O segmento de energias renová-veis foi um dos mais penalizados em bolsa durante a crise. E a valorização continua algo tímida: sobe apenas 0,28% este ano, ape-sar do ganho de 28% desde Março.

Eficiência energética

A redução das emissões de carbono foi a principal meta traçada em Quioto e volta a ser prato forte em Copenhaga. A melhoria da eficiência energética abrange quase todos os sectores. Mas os esforços mais significativos têm sido feitos, nos transportes, com a aposta nos carros eléctricos, e na melhoria na eficiência na iluminação (a tecnologia LED é a mais promissora). No imobiliário, há também uma maior aposta em edifícios eficientes.

Saft Groupe

Criação de baterias de alta tecnologia

A Saft é fabricante de baterias de alta tecnologia para indústrias como a da aviação, automóveis (baterias eléctricas), indústria espacial, aparelhos médicos.

País: França

Valorização das acções em 2009: 92,69%

Capitalização bolsista: 697,5 milhões de euros

PER: 19,57

Rating dos analistas: 3,727 (Zero é o mínimo; Cinco é o máximo)

Eficiência energética dispara 87%

Índice FTSE Environmental Opportunities Energy efficiency

O índice que agrega as empresas que exploram oportunidades de melhoria energética disparou, desde os mínimos registados em Março, 86,7%. Desde o início do ano soma 48,2%.

Gestão de recursos

Uma conclusão dos cientistas é que as alterações climáticas provocarão secas em determina-das zonas do planeta, enquanto outras ficarão submersas. Minimizar estes efeitos implica uma melhor gestão dos recursos hídricos e a construção de infra- -estruturas que aumentem a eficiência na utilização da água. Neste segmento, joga também um papel de relevo o tratamento mais adequado dos resíduos.

Suez Environnement

Garantia de água potável

A Suez Environment fornece equipamento e serviços de água potável, bem como tratamento de resíduos. A empresa está mais barata face à média do sector.

País: França

Valorização das acções em 2009: 30,41%

Capitalização bolsista: 7,69 mil milhões de euros

PER: 14,42

Rating dos analistas: 4,04 (Zero é o mínimo; Cinco é o máximo)

Sector de recursos hídricos sobe 18% em 2009

Índice Bloomberg world water

O índice que incorpora as empre-sas de gestão da água e trata-mento de resíduos sobe 48,5% desde os mínimos de Março. Mas o sector tem um PER estimado de 13, contra o actual de 23,7.

Adaptação

As alterações climáticas já estão em curso e há sectores que precisam de se adaptar aos efeitos já sentidos e aos esperados nas próximas décadas, fruto de acções passadas. O aumento da produtividade dos solos, o papel da biotecnologia na agricultura, bem como nos químicos utilizados (fertilizantes) e as sementes, podem desempenhar um papel fundamental na minimização dos efeitos das mudanças no clima.

Terra Industries

Protecção das colheitas agrícolas

Entre as fabricantes de fertilizantes e produtos que protegem as colheitas agrícolas, a Terra Industries é a preferida dos analistas.

País: EUA

Valorização das acções em 2009: 107,56%

Capitalização bolsista: 3,45 mil milhões de dólares

PER: 11,50

Rating dos analistas: 4,111 (Zero é o mínimo; Cinco é o máximo)

Fertilizantes menos animados na escalada das bolsas

índice russel 1000 growth fertilizers industry

Desde o início do ano, o índice Russel 1000 Growth Fertilizers Industry, valoriza 27,8%. Mas tem sido um dos que menos beneficia da subida das bolsas. Ganha 13% desde os mínimos do ano.

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