China desvia milho para pratos e sacos de plástico para resolver excedente
Se há cereal que não escasseia na China é o milho. E sem exagero: os stocks são tão avultados que poderiam alimentar a população chinesa (1,4 mil milhões de pessoas) durante mais de um ano.
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O governo tem tentado escoar, de inúmeras formas, o forte excedente deste produto agrícola nas suas reservas – depois de o ter comprado aos agricultores, durante anos, como forma de os ajudar -, e agora, segundo a Reuters, delineou um plano para dar outro uso a esta matéria-prima: a solução está na indústria dos plásticos biodegradáveis.
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Com efeito, Pequim considera que "a cura para esta dor de cabeça interminável" poderá estar na promoção do seu sector dos polilactatos (PLA), que transforma o amido de milho e a mandioca em produtos plásticos biodegradáves, como malas e pratos, refere a Reuters.
O processo de desenvolvimento de polímeros biodegradáveis com propriedades idênticas às dos plásticos convencionais tem vindo a ser estudado em profundidade, existindo actualmente vários plásticos biodegradáveis, como é o caso dos PLA, conforme explica o blog Polímeros Biológicos.
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Mais especificamente, "o ácido poliláctico ou polilactato (PLA) é um material conhecido desde o século XIX, mas só bem mais tarde encontrou rota comercial viável. É um poliéster alifático, produzido do ácido láctico (AL) por fermentação de açúcares seguida de purificação e polimerização. A produção do polilactato pode ser feita por rota indirecta (via lactato, resultando no polilactato) ou directa (pela polimerização por condensação, resultando em ácido poliláctico)", explica a mesma fonte.
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O Departamento estatal dos Cereais, na China, anunciou esta estratégia num documento com as suas políticas quinquenais que foi divulgado em finais de Dezembro. Este organismo, contudo, não avançou mais pormenores sobre como irá implementar o seu plano, que poderá levar a uma subida dos preços do milho numa altura de excesso deste cereal a nível mundial, sublinha a Reuters.
E este plano é importante não só pelo facto de poder ser uma forma de escoar o excesso de milho, mas também pelo que representa para o país, onde durante muito tempo houve relutância em promover o uso de cereais como recurso não-alimentar – especialmente devido ao período de fome vivido na China entre 1958 e 1961, recorda a agência noticiosa.
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Resta esperar pela aplicação deste programa e ver se resulta. O mercado chinês para o plástico biodegradável poderá ascender a 2-3 milhões de toneladas por ano se o governo banir o uso do plástico normal, comentou à Reuters Qian Houxiang, gestor de produção na Jilin Cofco Biomaterials – uma das maiores processadoras de milho na China.
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Em Julho de 2014, na Conferência Internacional sobre Tecnologia de Base Biológica, da qual a China foi anfitriã, esta ideia já era defendida. Vários oradores mostraram nessa altura o seu optimismo face à promoção dos bioplásticos na Ásia, tendo como exemplo os modelos de Taiwan e da Coreia do Sul, constatou nessa ocasião a Plastic News.
O milho, recorde-se, tem também tido uma maior aplicação na produção de biocombustíveis noutras regiões do mundo, como os Estados Unidos.
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As cotações do milho seguem a ceder algum terreno na sessão desta sexta-feira, 27 de Janeiro. O preço do contrato para entrega em Março está a recuar 0,62% para 3,61 dólares por alqueire no mercado de futuros de Chicago.
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