Europa termina ciclo de ganhos. Contas da banca não convencem Wall Street

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Reuters
Ana Batalha Oliveira 15 de Janeiro de 2021 às 17:33
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Ações recuam após apresentação de plano de Biden

As bolsas retraem-se um pouco por todo o mundo, desde a Ásia até aos Estados Unidos e Europa, depois de Joe Biden ter feito o tão aguardado discurso sobre o novo pacote de estímulos. O conteúdo não foi particularmente surpreendente, mas cria alguns receios.

Agora que Biden avança que pretende injetar 1,9 biliões de dólares na economia, para ajudar na recuperação da crise pandémica, surgem questões sobre se o pacote conseguirá passar o crivo do Congresso, ao mesmo tempo que a hipótese de um aumento de impostos começa a pairar. O pacote prevê nova despesa, mais pagamentos diretos às famílias, a expansão dos benefícios para os desempregados e um alargamento da vacinação e da testagem da covid-19.

Paralelamente, o presidente da Fed, Jerome Powell, também veio reconfortar os investidores avançando que as taxas de juro não deverão subir em breve, e assegurou que os legisladores informariam com antecedência acerca de qualquer decisão de reforçar as compras de dívida.  

Neste cenário, os futuros do norte-americano S&P500 recuam 0,6%, semelhante ao que acontece com o europeu Euro Stoxx 50, depois de na Ásia a tendência ter sido equivalente. O japonês Topix caiu 0,9%, o chinês Hang Seng desceu 0,2%, o Compósito de Xangai e o australiano S&P/ASX 200 não alteraram e o coreano Kospi afundou 1,8%.

Na Ásia, outro motivo para preocupação é a decisão de Trump e ter incluído duas novas empresas chinesas na lista negra, à semelhança do que já havia feito com a Huawei. As escolhidas foram a tecnológica Xiaomi e a China National Offshore Oil Corp.

Petróleo afasta-se de máximo de 10 meses

O "ouro negro" afasta-se dos níveis de há 10 meses, que atingiu há duas sessões, abalado sobretudo pela recuperação de força do dólar, a moeda na qual esta matéria-prima é denominada.

O barril de Brent, que é negociado em Londres e serve como referência na Europa, desliza 1,22% para os 55,73 dólares. Em Nova Iorque, o barril West Texas Intermediate desce 0,88% para os 53,10 dólares. Ainda assim, o petróleo prepara-se para a décima subida semanal em onze semanas.

Biden e Powell deixam ouro subir

O metal amarelo segue a subir 0,17% para os 1.849,73 dólares por onça. Este metal, sendo um ativo refúgio, está a beneficiar da postura acomodatícia da Fed, depois de o presidente da instituição ter tornado mais claro que ainda não é o momento para aumentar as taxas de juro, ou seja, as condições económicas ainda não são de prosperidade.

Paralelamente, as dúvidas levantadas quanto à capacidade de o plano de recuperação de Joe Biden passar com luz verde pelo Congresso, acabam por também beneficiar o ouro como ativo refúgio, servindo de porto-seguro para estas incertezas.

Dólar ganha com dúvidas sobre plano de Biden

A divisa norte-americana subiu contra a maioria dos elementos que constituem o G-10, com este ativo refúgio a ganhar atratividade depois de o presidente dos Estados Unidos ter apresentado o seu plano para a recuperação do país. Agora, levantam-se dúvidas acerca de se este deverá ser aprovado.

A moeda única europeia ilustra a tendência de força da nota verde, e perde 0,08% para os 1,2145 dólares.

Juros sobem pela primeira semana em três

Os juros da dívida a dez anos de Portugal estão a aliviar 0,9 pontos base para os -0,004%, apesar de no conjunto da semana a tendência ser de subida. Esta é a primeira semana de agravamento em três, com os juros a subirem 2,1 pontos base.

Na Alemanha, chega-se à terceira sessão consecutiva de alívio, com a remuneração das bunds a descer 0,6 pontos base para os -0,556%, pelo que a semana conta para já com um alívio de 3,3 pontos base, em contraste com a tendência apresentada na semana anterior. Estes juros afastam-se desta forma dos máximos de setembro que atingiram no passado dia 12 de janeiro.

Europa prepara primeira semana em cinco no vermelho

As principais praças europeias reúnem-se no vermelho, embora a maioria das quebras se situem abaixo da fasquia dos 0,5%. É o caso de Lisboa, Madrid. Frankfurt e Amesterdão. Londres e Paris perdem mais, até 0,8%.

O índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias, o Stoxx600, desce 0,34%  para os 410,57 pontos, caindo pela primeira vez em quatro sessões e afastando-se dos máximos de fevereiro atingidos ontem. Esta semana deverá terminar no vermelho, pela primeira vez em cinco semanas.

O sentimento deteriora-se depois de o presidente norte-americano ter apresentado pacote de estímulos que pretende aplicar no seu mandato. Joe Biden anunciou que quer impulsionar a economia com 1,9 biliões de dólares, mas agora levantam-se dúvidas sobre a capacidade de este pacote ser aprovado pelo Congresso.

Wall Street quebra com perspetiva de quebra nos lucros das empresas

As praças do outro lado do Atlântico abriram no vermelho, com o otimismo em torno o plano de estímulos de Biden a ser ofuscado com a perspetiva de menos ganhos das empresas. A única exceção às quedas está a ser o Nasdaq, mas por pouco.

 

O Dow Jones segue a ceder 0,58% para os 30.811,43 pontos, depois de durante a sessão de ontem ter atingido um máximo de sempre, nos 31.223,78 pontos.

 

Por seu lado, o Standard & Poor’s 500 recua 0,28% para 3.784,66 pontos, a rondar o valor mais alto da sua história, de 3.826,69 pontos, alcançado a 8 de janeiro.

 

Em contrapartida, o tecnológico Nasdaq Composite regista uma valorização marginal de 0,06% para 13.120,70 pontos. Ontem marcou um novo recorde, nos 13.220,16 pontos. A sustentar o índice na sessão de hoje estão cotadas como

 

Apesar do plano de estímulos ontem apresentado pelo presidente eleito Joe Biden, no valor de 1,9 biliões de dólares, os investidores estão agora com maior foco na época de divulgação de contas, com a banca a ter dado hoje o pontapé de saída.

 

Hoje o Citigroup reportou uma queda de 7% dos lucros no quarto trimestre, que foram assim melhores do que o esperado pelo mercado, mas Wall Street não aplaudiu, já que os custos mais elevados e a queda nas receitas do segmento do retalho pesou nos resultados.

 

Os resultados do Citi beneficiaram da libertação de cerca de 1,5 mil milhões de dólares de reservas que tinham sido postas de lado contra o malparado decorrente da crise da covid-19.

 

Já os lucros do JPMorgan aumentaram 42% no trimestre terminado a 31 de dezembro, e as receitas subiram 3%. Em ambas as rubricas superaram o esperado pelos analistas. Mas também este banco ganhou com o facto de ter libertado reservas no valor de 2,9 mil milhões de dólares, somando assim 72 cêntimos ao seu lucro por ação para um total de 3,79 dólares por ação.

 

Por seu lado, o Wells Fargo divulgou um lucro de 64 cêntimos de dólar por ação, superando assim também a projeção do consenso de mercado, que apontava para 60 cêntimos. A ajudar estiveram igualmente as menores provisões. Os custos associados ao malparado diminuíram 823 milhões de dólares face ao mesmo período do ano precedente e mantiveram-se bastante abaixo do nível observado na primeira metade do ano, quando o banco acumulou mais de 14 mil milhões de dólares em encargos com provisões.

 

Os três bancos seguem a negociar em baixa nesta abertura da sessão das bolsas norte-americanas.

 

Segundo as estimativas da Refinitiv, os lucros das cotadas do S&P 500 deverão ter caído 9,5% no último trimestre de 2020 – se bem que já esperem uma retoma nos primeiros três meses deste ano, na ordem dos 16,4%.

 

Além do mais, o novo pacote de ajudas pandémicas visado por Biden deverá enfrentar resistência por parte dos republicanos devido ao elevado valor, não se antevendo fácil a sua aprovação no Congresso, o que também está a convidar a uma maior prudência por parte dos investidores.

Confinamentos na China pressionam petróleo

Os preços do petróleo seguem em baixa, com o aumento de casos de coronavírus na Europa e os novos confinamentos na China a renovarem os receios de um menor consumo de combustíveis.

 

O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, para entrega em fevereiro cede 1,23% para 52,91 dólares por barril.

 

Já o contrato de março do Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua 1,47% para 55,59 dólares.

 

O crescente número de casos de covid-19 na Europa e os novos "lockdowns" na China voltaram a pesar, dado que crescem os receios de que o consumo global de combustíveis esteja ameaçado.

 

A China, segunda maior consumidora mundial de petróleo, reportou ontem o maior aumento diário de novos casos de covid-19 em mais de 10 meses e hoje deu conta de um número superior – numa semana que resultou em mais de 28 milhões de pessoas em confinamento depois de o país ter registado a sua primeira morte desde maio devido ao vírus, refere a Reuters.

 

"O recente ressurgimento das infeções por coronavírus, o aparecimento de novas estirpes, o atraso na entrega da vacinas e as novas medidas de ‘lockdown’ na maioria das economias da OCDE ensombraram a retoma económica e a procura [por combustível]", comentou à Reuters um operador petrolífero da PVM, Stephen Brennock, que considera que as expectativas para a procura desta matéria-prima não são muito promissoras no curto prazo.

Ouro cede com valorização do dólar

O metal amarelo está a negociar em baixa, pressionado sobretudo pela firmeza da nota verde.

 

O ouro a pronto (spot) cede 0,72% para 1.833,11 dólares por onça no mercado londrino de metais (LME).

 

Já no mercado nova-iorquino (Comex) os futuros do ouro recuam 0,20% para 1.847 dólares por onça.

 

A expectativa dos estímulos à economia nos EUA tem reforçado a atratividade do ouro enquanto cobertura contra a provável inflação daí decorrente, mas hoje a firmeza do dólar está a pesar mais na tendência, tendo levado o ouro para terreno negativo.

 

O ouro é denominado na nota verde, pelo que, quando o dólar valoriza, fica menos atrativo como investimento alternativo para quem negoceia com outras moedas.

Europa cai de máximos com "sell-off" geral

Os principais índices europeus anularam uma sequência de ganhos, afastando-se dos máximos atingidos em fevereiro do ano passado. 

O Stoxx 600 caiu 1%, na maior queda em cerca de quatro semanas. Foi também o primeiro dia no "vermelho" dos últimos cinco dias.

Entre os setores destaca-se a queda da energia, com um dólar mais forte a penalizar o preço do barril de petróleo.

Também o setor da banca reagiu de forma negativa aos resultados que começaram a ser hoje divulgados pela banca norte-americana. 

Os investidores aguardam ainda, com expectativa, pelo pacote de estímulos orçamentais de Joe Biden avaliado em 1,9 biliões de dólares. 

Dólar em máximos de quatro semanas com maior procura por ativos seguros

A nota verde prossegue o movimento de subida, sustentado pelos mais recentes dados económicos nos EUA, que mostram que a covid-19 continua a pesar na economia, o que aumenta a procura por esta moeda, que é considerada um ativo-refúgio.

 

O índice do dólar sobe 0,5% para 90,721 pontos, perto de máximos de quatro semanas e a caminho de um ganho semanal de 0,7% – a sua melhor semana das últimas 11.

 

Uma das moedas que está a ceder face à divisa norte-americana é o euro, que segue a perder 0,47% para 1,2098 dólares.

 

O dólar está a ganhar balanço devido ao menor apetite pelo risco por parte dos investidores numa altura em que a propagação da pandemia continua a impactar na economia (esta sexta-feira foram divulgadas as vendas a retalho de dezembro, que caíram pelo terceiro mês consecutivo), levando os investidores a procurarem ativos-refúgio como o dólar.

Juros aliviam na periferia do euro

Devido à incerteza económica decorrente dos novos confinamentos, os investidores continuam a privilegiar ativos mais seguros, como é o caso das obrigações soberanas – e a maior aposta na dívida faz descer os juros, cenário que hoje se verifica de novo na generalidade da Europa.

 

Os juros da dívida portuguesa a 10 anos seguem a ceder 0,7 pontos base para 0,004%, ao passo que em Itália, na mesma maturidade, recuam 2,9 pontos base para 0,611%. Já em Espanha mantêm-se inalteradas nos 0,055%.

 

Em contrapartida, as "yields" das Bunds alemãs a 10 anos, referência para a Europa, sobem 0,7 pontos base para 0,544%.

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