Bolsas europeias recuam de olho na reunião da Fed. Ouro renova recorde e aproxima-se dos 3.700 dólares
Juros praticamente inalterados na Zona Euro à espera de novos dados económicos
Euro em máximos de dois meses e meio. Política monetária centra atenções
Petróleo recua entre risco geopolítico e receios de excesso de oferta
Ouro toca novo máximo e aproxima-se dos 3.700 dólares
Japão e Coreia do Sul atingem novos máximos. Europa aponta para o verde
Bolsas europeias recuam em cautela antes da decisão da Fed
As bolsas europeias abriram esta terça-feira em movimento de recuo, com os investidores a mostrarem prudência antes da reunião de dois dias da Reserva Federal, que deverá anunciar um corte nas taxas de juro já esta quarta-feira.
O índice de referência Stoxx 600 cede 0,24% para 555,85 pontos, penalizado sobretudo pela banca, depois de notícias de que o Governo italiano prepara um novo pacote para arrecadar 1,5 mil milhões de euros junto dos bancos.
Entre os principais mercados da Europa, o alemão DAX desce 0,38% para 23.658,11 pontos, o francês CAC-40 perde 0,24% para 7.877,87 pontos e o britânico FTSE 100 cai 0,27% para 9.252,05 pontos. Já o neerlandês AEX contraria a tendência e ganha 0,23% para 921,26 pontos.
Madrid segue a tendência descendente, com um recuo de 0,72% para 15.284 pontos, com Milão também a recuar 0,49% para 42.843 pontos. Lisboa também desce, com o PSI-20 a desvalorizar 0,32% para 7.742,10 pontos.
Os setores automóvel e o mineiro foram dos poucos a resistir, enquanto o setor dos bancos e seguradoras registou as maiores perdas. “O corte de taxas da Fed deverá trazer algum oxigénio ao mercado”, comentou Mabrouk Chetouane, da Natixis, citado pela Bloomberg, acrescentando que a tendência de alívio monetário a passar da Europa para os EUA pode sustentar os ganhos nos próximos meses.
Juros praticamente inalterados na Zona Euro à espera de novos dados económicos
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a negociar praticamente inalterados esta terça-feira, embora pendam para alívios ligeiros, num dia marcado pela divulgação do indicador ZEW de expectativas económicas de setembro, que é visto como uma importante métrica de sentimento da Zona Euro. As estimativas do mercado apontam para uma queda para 20,3 pontos este mês, face a 25,1 em agosto – o segundo mês consecutivo de retração.
Em antecipação aos dados, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, de referência para a região, recuam 0,5 pontos-base para 2,685%, enquanto os da dívida francesa com a mesma maturidade cedem 0,3 pontos para 3,473%. Em Itália mantém-se a tendência de alívios ligeiros, com a "yield" das obrigações a cair 0,4 pontos para 3,466%.
Pela Península Ibérica, tanto em Portugal como em Espanha, os juros da dívida soberana a dez anos caem 0,2 pontos-base para 3,078% e 3,239%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas com a mesma maturidade contrariam a tendência do resto da Europa e aceleram 0,3 pontos base para 4,634%. Já as "Tresuries" norte-americanas encerraram a sessão de segunda-feira com uma queda de 1,3 pontos para 4,024%.
Euro em máximos de dois meses e meio. Política monetária centra atenções
O euro atingiu máximos de dois meses e meio face ao dólar, numa altura em que as crescentes expectativas em torno da retoma do alívio da política monetária nos EUA estão a retirar força à "nota verde" – que, por sua vez, tocou mínimos de dez meses face ao dólar australiano e de dois meses face à libra. A Reserva Federal (Fed) norte-americana deve optar por cortar as taxas de juro em 25 pontos-base no final da reunião que arranca esta terça-feira e termina na quarta, embora exista a possibilidade (reduzida) do banco central avançar com um corte de maior magnitude.
A esta hora, o euro avança 0,31% para 1,1797 dólares – o valor mais elevado desde 3 de julho. A força da moeda única europeia enfrenta hoje um novo teste com o indicador ZEW de expectativas económicas de setembro, que é visto como uma importante métrica de sentimento da Zona Euro. As estimativas do mercado apontam para uma queda para 20,3 pontos este mês, face a 25,1 em agosto.
Por sua vez, a libra avança 0,29% para 1,3639 dólares, numa semana também marcada pela decisão de política monetária do Banco de Inglaterra. A autoridade reúne na quinta-feira e os mercados antecipam que deixe as taxas de juro inalteradas, depois de ter procedido com um corte de 25 pontos-base na reunião de agosto.
O dólar também regista perdas face à divisa japonesa, recuando 0,45% para 146,73 ienes. Tal como nos EUA e em Inglaterra, o Japão vai enfrentar uma nova decisão de política monetária esta semana. O banco central do país tem ameaçado com um aumento das taxas de juro, mas, devido à instabilidade política que se vive na nação asiática, a entidade deve optar por manter os juros inalterados - adiando ainda mais a decisão de apertar a sua política monetária.
Petróleo recua entre risco geopolítico e receios de excesso de oferta
Esta terça-feira, os preços do petróleo estão a descer, depois de duas sessões de ganhos, num mercado que equilibra a possibilidade de novas sanções ocidentais ao crude russo com os receios de excesso de oferta.
A esta hora, o Brent desce 0,39% para 67,18 dólares por barril, enquanto o WTI recua 0,39% para 63,05 dólares.
A União Europeia estuda aplicar sanções a empresas da China e da Índia que têm ajudado Moscovo a manter as exportações, como parte de um novo pacote de restrições. Estes dois países tornaram-se os maiores compradores de petróleo russo desde a invasão da Ucrânia em 2022.
A pressão no mercado também resulta da perspetiva de abundância de oferta, com a Agência Internacional de Energia a antecipar um excesso recorde já em 2026, devido ao regresso mais rápido do que o esperado da produção da OPEP+. “Os prémios de risco geopolítico sustentam o mercado no curto prazo, mas a pressão do excesso de oferta continua a crescer”, disse Gao Mingyu, analista-chefe da SDIC Essence Futures, citado pela agência Bloomberg.
Por outro lado, que a intensificação dos ataques da Ucrânia contra refinarias e terminais de exportação russos aumenta a ameaça de disrupções no fornecimento. Analistas do JPMorgan citados pela Reuters consideram que estas ofensivas têm como alvo “limitar a capacidade da Rússia vender o seu petróleo no exterior, afetando os mercados de exportação”, o que pode “acrescentar pressão em alta sobre os preços”.
O mercado acompanha ainda a reunião da Reserva Federal, da qual é amplamente esperado um corte nas taxas de juro. Embora o alívio monetário tenda a impulsionar a procura de energia, persistem dúvidas quanto à solidez da economia norte-americana.
Ouro toca novo máximo e aproxima-se dos 3.700 dólares
Os preços do ouro continuam a escalar. Esta terça-feira, o metal precioso voltou a atingir um novo máximo histórico, aproximando-se dos 3.700 dólares por onça, apoiado nas expectativas em torno de um corte nas taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana e por uma "nota verde" a perder terreno face às suas principais concorrentes.
A esta hora, o ouro avança 0,22% para 3.687,03 dólares, negociando bastante próximo do recorde de 3.689,27 dólares que atingiu durante a madrugada. "Se a Fed reduzir as taxas e o presidente Jerome Powell transmitir uma mensagem cautelosa, mas 'dovish' [ao mercado], o ouro poderá testar o nível dos 3.700 e 3.750 dólares por onça e, potencialmente, subir ainda mais – a menos que haja surpresas positivas nos dados da inflação ou uma recuperação repentina do dólar", explica Rania Gule, analista de mercados da XS.com, num comentários enviado ao Negócios.
Os mercados já incorporam por completo um corte de 25 pontos-base nas taxas de juro por parte do banco central norte-americano. De acordo com o mercado de "swaps", há uma pequena probabilidade de a Fed optar por um corte "jumbo", ou seja, de 50 pontos-base, tal como aconteceu no arranque deste ciclo de alívio da política monetária no ano passado.
Este cenário, em que a autoridade opta por um corte de maior magnitude, é o ideal para Donald Trump. O Presidente dos EUA defendeu, na segunda-feira, a necessidade de um "alívio maior" na política monetária, numa altura em que o mercado de trabalho dá sinais de estagnação e a inflação no país atingiu máximos de sete meses em agosto.
Japão e Coreia do Sul atingem novos máximos. Europa aponta para o verde
Os principais índices asiáticos encerraram a segunda sessão da semana em território positivo, com várias praças a atingirem novos máximos, apesar de a China ter destoado desta tendência. Isto acontece numa altura em que todas as atenções estão viradas para os EUA, com a Reserva Federal (Fed) norte-americana a arrancar hoje com a reunião do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) que vai decidir se retoma a política de alívio das taxas de juro – e a magnitude da mesma.
Pelo Japão, o Nikkei 225 chegou a ultrapassar pela primeira vez na história os 45 mil pontos, beneficiando ainda do contexto político que se vive no país. Apesar de a terra do sol nascente ter perdido um primeiro-ministro recentemente, a perspetiva de um rumo económico menos austero pela mão do novo chefe de Governo continua a alimentar a euforia nas praças nipónicas - potenciadas ainda pela manutenção das taxas de juro no nível atual. O índice fechou a sessão a valorizar 0,48% para 44.982,68 pontos.
Também na Coreia do Sul foi dia de recordes, com o Kospi a acelerar 1,20% e a atingir máximos históricos pelo segundo dia consecutivo. A praça sul-coreana continua a beneficiar do passo atrás dado pelo ministro das Finanças do país em relação aos seus planos de aumentar impostos sobre a retirada de mais-valias. Entre os maiores ganhos do principal índice, o destaque vai para a Kolon Mobility Group que disparou quase 30% em apenas uma sessão.
A euforia em torno destas praças levou o MSCI Asia Pacific, índice agregador das praças asiáticas, a valorizar 0,7% e a atingir um novo máximo histórico, registando ainda a maior série de ganhos em cinco anos. Estes ganhos seguem-se a uma sessão bastante positiva em Wall Street, onde o Nasdaq e o S&P 500 voltaram a bater novos recordes, num dia em que a Alphabet superou pela primeira vez os três biliões de dólares em capitalização de mercado - juntado-se assim à Nvidia, Apple e Microsoft que já integravam a lista exclusiva de empresas que se podem chamar de "trillion dollar babies".
No entanto, a China andou em contramão em relação ao sentimento geral vivido na Ásia. Apesar de o Hang Seng, de Hong Kong, até ter conseguido terminar à tona, com ganhos de 0,04%, o Shanghai Composite acabou por ceder 0,11% e o CSI 300 - principal índice da negociação continental - caiu 0,36%. Estes movimentos acontecem depois de, nas últimas semanas, os mercados do país terem vivido um autêntico "rally", tocando novos máximos e atraindo grande capital estrangeiro, e numa altura em que os representantes chineses estão reunidos em Madrid com os seus pares norte-americanos.
Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura em alta, alimentada também pela perspetiva de um corte de 25 pontos-base nas taxas de juro por parte da Fed e num dia em que vai ser conhecido o indicador ZEW de expectativas económicas de setembro, que é visto como uma importante métrica de sentimento da Zona Euro.
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