Tarifas atiram Europa para mínimos de janeiro de 2024. Farmacêuticas sob pressão
Petróleo cai para mínimos de quatro anos com guerra comercial a aumentar riscos de recessão
Ouro valoriza com a entrada em vigor das tarifas
Dólar continua a cair com investidores a procurar ativos mais seguros
Nem dívidas soberanas cativam investidores. Apenas Alemanha se mantém como farol
Europa volta a mergulhar no vermelho com tarifas de 20% em vigor
Euribor sobem a 3, 6 e 12 meses depois dos mínimos de terça-feira
Guerra comercial continua a pressionar petróleo. Brent abaixo dos 60 dólares por barril
Trump diz que é uma "ótima altura para comprar". Wall Street no verde
Petróleo continua a colapsar. Brent afasta-se dos 60 dólares
Ouro avança quase 3% com guerra comercial no radar
Euro continua a ganhar terreno e negoceia acima dos 1,10 dólares
Juros das "Gilts" britânicas disparam 17 pontos com ameaças à estabilidade financeira
Tarifas atiram Europa para mínimos de janeiro de 2024. Farmacêuticas sob pressão
- Tarifas de 104% sobre a China pintam Ásia de vermelho. Europa afunda mais de 4%
- Petróleo cai para mínimos de quatro anos com guerra comercial a aumentar riscos de recessão
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"É como esculpir gelo num incêndio florestal - o que parecia bom há um segundo atrás, agora desapareceu". É assim que os investidores classificam o cenário atual dos mercados financeiros, depois de esta terça-feira Donald Trump ter atiçado ainda mais a guerra comercial, ao avançar com tarifas de 104% sobre importações chinesas que entram em vigor já esta quarta-feira.
A notícia fez afundar as bolsas em Wall Street na sessão de ontem e as ações asiáticas, aumentando a aversão ao mercado asiático. O Japão liderou as quedas do continete, com o Nikkei 225 a perder 4,33% o Topix a recuar 3,73%.
Apesar de a pressão estar sobretudo sobre a China, o que aumentou a volatilidade nesta sessão, em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,6% e o Shangai Composite estava pouco alterado. A China afirmou não ceder às pressões da Administração dos EUA, mesmo que a Comissão Europeia tenha pedido a Pequim para evitar escalar as tensões.
Na Coreia do Sul, o Kospi cedeu 2% e está a caminho do "bear market" - ou seja, perder mais de 20% desde que atingiu máximos históricos, a 11 de julho do ano passado. Desde o início do ano, o índice cede quase 4%, uma reviravolta já que há poucas semanas era o segundo melhor desempenho do ano entre os "benchmarks" asiáticos.
As importações sul-coreanas devem sofrer uma tarifa recíproca de 25%, para além das tarifas de 25% sobre os automóveis, o aço e o alumínio - um golpe para a economia do país, impulsionada pelas exportações destas matérias. Ainda assim, a Coreia do Sul encontra-se numa boa posição para negociar taxas mais baixas com os EUA, com o ministro do Comércio com viagem marcada a Washington.
O adensar da guerra comercial foi condenado por grandes investidores, como Bill Ackman, e levou o JPMorgan e o Goldman Sachs a aumentar a probabilidade de uma recessão nos EUA.
Entram também hoje em vigor as tarifas recíprocas de 20% às importações europeias. Assim, os futuros da Europa apontam para perdas significativas, com o Euro Stoxx 50 a ceder 4,1%, depois de ontem ter registado a melhor sessão em mais de dois anos.
A Comissão Europeia está a preparar a resposta às sanções norte-americanas e vota esta quarta-feira uma lista de produtos a serem taxados. Ainda assim, Ursula Von der Leyen deixa a porta aberta a negociações com os EUA.
Os preços do petróleo caíram esta quarta-feira para os níveis mais baixos desde fevereiro de 2021, com os mercados a reagirem à intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, depois de já terem estado bastante presisonados pelo aumento inesperado da produção por parte da OPEP+. A entrada em vigor de tarifas norte-americanas de 104% sobre produtos chineses elevou os receios de uma recessão global e de um possível excedente no mercado de crude.
O Brent - referência para a Europa - caiu até 4,3%, negociando próximo dos 60 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) - usado no mercado norte-americano - recuou mais de 4%, para cerca de 57 dólares. Ambos os contratos atingiram os níveis mais baixos dos últimos quatro anos.
"A escalada tarifária continua a deteriorar as perspetivas de crescimento global, deixando a procura de petróleo exposta a riscos adicionais de queda", indicou, citado pela Bloomberg, Warren Patterson, responsável pela estratégia de commodities do ING Groep NV, em Singapura. "Sem sinais de desanuviamento, os riscos continuam claramente negativos."
Por sua vez, a vice-presidente da Rystad Energy, Ye Lin, alertou que "a retaliação agressiva da China reduz as hipóteses de um acordo rápido entre as duas maiores economias do mundo, provocando receios crescentes de recessão económica global". Segundo a analista, citada pela Reuters, o crescimento da procura de petróleo da China — estimado entre 50.000 e 100.000 barris por dia — poderá estar em risco, "embora um estímulo interno forte possa mitigar as perdas".
Por outro lado, o aumento de produção decidido pelos países produtores de petróleo e seus aliados, a OPEP+, de 411.000 barris por dia a partir de maio, agrava ainda mais as perspetivas de desequilíbrio no mercado. O Goldman Sachs reviu em baixa as suas previsões e antecipa agora que o Brent e o WTI poderão cair para 62 e 58 dólares por barril, respetivamente, até dezembro de 2025.
Apesar do contexto negativo, os dados do American Petroleum Institute mostraram uma queda de 1,1 milhões de barris nas reservas de crude dos EUA na semana terminada a 4 de abril, contrariando as expectativas do mercado. Os dados oficiais da Administração de Informação Energética (EIA) serão divulgados ainda hoje.
A incerteza continua elevada, com os mercados atentos a qualquer sinal de desanuviamento entre Washington e Pequim — embora, para já, ambas as partes pareçam intransigentes.
O ouro valorizou 0,9% nesta quarta-feira, 9 de abril, com os investidores a temerem o aumento das tarifas sobre os bens chineses a entrar nos Estados Unidos que podem chegar a níveis tão altos como 104% - bem como outra retaliação de Pequim.
Na semana passada, a onça de ouro bateu máximos históricos, atingido 3.167,84 dólares (cerca de 2.863 euros), com os investidores a procurarem bens de refúgio perante a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos.
"A recuperação do ouro reflete os receios crescentes dos investidores quanto às ameaças das tarifas e as alterações nas normas internacionais de comércio internacional", afirmou Christopher Wong, um analista do banco OCBC, citado pela Bloomberg.
As novas tarifas de 50% sobre os produtos chineses entram em vigor à meia noite em Nova Iorque (05:00 em Lisboa), somando-se às "recíprocas" de 34% e às iniciais de 20% que se aplicam aos aos bens "made in China".
O índice do dólar da Bloomberg, que compara a força da divisa norte-americana face às principais concorrentes, cai 0,7%, continuando assim a agravar as perdas, à medida que a narrativa "vender todos os ativos norte-americanos" começa a ganhar cada vez mais força.
Perante a escalada comercial de Donald Trump, na cabeça dos investidores começa a colocar-se, cada vez mais a questão: está o dólar e a dívida norte-americana a afastarem-se da ideia de ativo seguro? A questão é deixada pelo editor de mercados da Bloomberg.
A leitura de Marco Giordano, da Wellington Management, por exemplo, é que sim. "O dólar seguiu as 'yields' norte-americanas, à medida que os investidores fogem para ativos de refúgio perante a incerteza geopolítica".
A Bloomberg diz que os sinais não são para já claros, já que podem significar também um receio de uma inflação mais elevada do que o esperado. Mas que, de facto, pelo menos no curto prazo o sentimento em relação ao dólar é de maior cautela.
Com novo "sell off" a agitar o mercado acionista, as dívidas soberanas dos países da Zona Euro não estão a conseguir conquistar os investidores que mantêm alguma dificuldade em distinguir o que é seguro ou não nesta fase de volatilidade provocada pela guerra comercial iniciada por Donald Trump.
As obrigações alemãs mantêm-se como a única exceção. Pelas 09h45, as bunds alemãs a dez anos aliviavam 2,8 pontos base para uma taxa de 2,599, em contraste com a realidade da maioria dos restantes países da moeda única.
As yields da dívida francesa com a mesma maturidade agravam ligeiramente - 0,3 pontos base - para 3,390%. Já em Itália, os juros somam 4,2 pontos base para 3,897%.
Pela Península Ibérica, a dívida espanhola avança 1,2 pontos base para 3,357%. Já Portugal - que vai hoje ao mercado financiar-se - vê os seus juros a dez anos agravarem 1,3 pontos base para 3,241%
O alívio durou pouco. As bolsas europeias estão novamente pintadas de vermelho, no dia em que entram em vigor as tarífas recíprocas de Donald Trump. À União Europeia, a taxa é de 20% sobre todos os produtos exportados para os EUA.
A resposta da Comissão Europeia às tarifas norte-americanas será hoje discutida em Bruxelas,
com os 27 a votarem as contramedidas durante o dia.
O sentimento piorou desde logo na terça-feira, quando o Presidente dos EUA anunciou que iria elevar a sanção contra a China para 104%. As políticas comerciais de Trump têm feito afundar os mercados financeiros por todo o mundo, já que se receia um travão económico generalizado e uma subida abrupta da inflação.
O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – afunda 3,57%, para os 469,63 pontos com todas as praças do bloco a registarem desvalorizações significativas. O alemão Dax perde igualmente 3,57%, o francês CAC-40 cede 2,6%, o espanhol IBEX 35 desvaloriza 3%, o italiano FTSEMIB perde 3,3% e o holandês AEX recua 2,6%. O britânico FTSE 100 perde 3,11%.
Aliás, o "benchmark" europeu já perde 15,5% desde que atingiu máximos históricos e, caso o cenário "negro" se mantenha, o Stoxx 600 pode caminhar mesmo para o "bear market".
Assim como os índices, não há nenhum setor que escape à maré pessismista. Entre os mais pressionados estão os setores de petróleo e gás - num mometo em que o crude negoceia em mínimos de quatro anos -, assim como o imobiliário e o da saúde, que afunda mesmo mais de 5%.
A taxa Euribor subiu hoje a três, a seis e a 12 meses, depois de ter caído na terça-feira para mínimos desde janeiro de 2023 e novembro e setembro de 2022, respetivamente.
Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que avançou para 2,301%, ficou acima da taxa a seis meses (2,231%) e da taxa a 12 meses (2,156%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu hoje, ao ser fixada em 2,231%, mais 0,038 pontos.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a fevereiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,52% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,50% e 25,72%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também avançou, para 2,156%, mais 0,049 pontos.
No mesmo sentido, a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março, subiu hoje, ao ser fixada em 2,301%, mais 0,008 pontos.
Em termos mensais, a média da Euribor em março voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas menos intensamente do que nos meses anteriores.
A média da Euribor a três, a seis e a 12 meses em março desceu 0,083 pontos para 2,442% a três meses, 0,075 pontos para 2,385% a seis meses e 0,009 pontos para 2,398% a 12 meses.
Como antecipado pelos mercados, o BCE decidiu em março reduzir, pela quinta vez consecutiva em seis meses, as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender que a instituição está preparada para interromper os cortes das taxas de juro em abril.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 16 e 17 de abril em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
O Brent caíu esta quarta-feira abaixo dos 60 dólares por barril pela primeira vez desde 2021, depois de o Presidente dos Estados Unidos ter elevado as tarifas aos produtos importados da China para 104% e num contexto de grande incerteza em torno da guerra comercial.
O Brent - referência para a Europa - cai 4,70% a esta hora para 59,87 dólares por barril. Também o West Texas Intermediate (WTI) - usado no mercado norte-americano -recua 4,50% para 56,90 dólares por barril. Ambos os contratos atingiram os níveis mais baixos dos últimos quatro anos.
O petróleo tem vindo a ser penalizado desde que foram anunciadas as tarifas recíprocas dos EUA, que adensam receios de uma recessão global, que possa afetar a procura por crude. O agravamento das taxas sobre a China fez escalar este cenário, já que o país é o maior importador de petróleo do mundo.
Ainda a pressionar o petróleo está a recente decisão da OPEP de colocar no mercado mais crude que o esperado inicialmente.
"Entrámos agora numa nova e perigosa fase de crise. Isto quer dizer que fatores fundamentais do mercado do petróleo são irrelevantes", disse à Bloomberg Arne Lohmann Rasmussen, analista chefe da A/S Global Risk Management.
Com a guerra comercial numa escala sem precedentes entre os EUA e alguns dos seus maiores parceiros, com a China à cabeça, Wall Street arrancou a sessão desta quarta-feira no vermelho. Minutos depois já tinha passado para terreno positivo, mantendo os grandes níveis de volatilidade que já vinham da sessão anterior.
O "benchmark" para a negociação mundial, o S&P 500, ganha 0,8% para 5.022,42 pontos, afastando-se de território de "bear market" em que chegou a tocar na terça-feira. Já o tecnológico Nasdaq Composite avança 1,5% para 15.497,60 pontos, enquanto o industrial Dow Jones cresce 0,4% para 37.797,16 pontos.
Apesar do contexto de grande incerteza a nível mundial, com ameaças de recessão, o Presidente dos EUA usou a sua rede social, a Truth Social, para fazer um apelo aos investidores. Donald Trump diz que é uma "ótima altura para comprar" ações, declarando que "tudo vai ficar bem".
Em resposta às tarifas de 104% impostas por Washigton a Pequim, a China respondeu esta quarta-feira na mesma moeda. A segunda maior economia do mundo vai aumentar as taxas aduaneiras aos produtos norte-americanos para 84%, afastando cada vez mais a perspetiva de um acordo com comercial com os EUA.
Também a União Europeia decidiu subir mais um degrau numa guerra comercial que não pára de escalar. Os Estados-membros acabaram de aprovar uma primeira onda de retaliação às tarifas de Donald Trump: contra os 25% sobre a entrada de aço e alumínio europeu nos Estados Unidos, Bruxelas vai impor 25% sobre um conjunto de bens norte-americanos e 10% sobre uma outra parte.
"Quanto mais tempo esta disputa comercial e quanto mais se agravar, com uma das partes a acrescentar ao que a outra está a fazer, isto continuará a corroer a confiança dos investidores e dos consumidores", explica Sam Stovall, estratega-chefe de investimentos da CFRA Research, à Reuters.
Neste contexto, o VIX – conhecido como o índice do medo – registou ganhos pela quinta sessão consecutiva, atingindo os 57 pontos. No início da semana chegou a superar os 60 pontos. Também o aumento das "yields" norte-americanas estão a preocupar o mercado, com os juros da dívida do país a atingirem máximos de fevereiros, cifrando-se agora nos 4,37%.
O Brent continua a negociar abaixo da barreira dos 60 dólares por barril, depois de ter pisado este território pela primeira vez em quatro anos esta manhã. A queda abrupta nos preços acontece numa altura em que a escalada de uma guerra comercial entre EUA e parceiros continua a exercer grande pressão sobre os preços do petróleo.
O movimento acompanha outras matérias-primas, como o gás natural e o cobre, e está a arrastar as ações relacionadas com o mercado petrolífero para grandes quedas. A esta hora, o Brent – que serve de referência para a Europa – afunda 4,30% para 60,12 dólares por barril, enquanto o WIT – usado nos EUA – perde 4,38% para 56,97 dólares.
Os preços do crude têm vindo a colapsar nos últimos tempos, com as tarifas de Donald Trump a trazerem de volta ao mercado o fantasma da recessão global. Espera-se que o desaceleramento económico leve a uma quebra na procura mundial desta matéria-prima, numa altura em que a política comercial norte-americana está a ter especial impacto na China – o maior importador de petróleo do mundo.
O barril de crude também tem vindo a perder força com a decisão da OPEP+ (Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados) de abrir ainda mais as torneiras do que era, inicialmente, previsto. Os dois fatores aliados estão a fazer com que os analistas antecipam um grande excedente na oferta, à medida que a procura tem vindo a perder gás.
"A minha grande preocupação é que o mercado ainda não tenha incorporado o pior", explica Amrita Sem, analista da Energy Aspects, à Bloomberg. "Nós temos andado a avisar que os preços [do petróleo] podem chegar à casa dos 50 dólares, ou até mesmo dos 40", profetiza.
A onça de ouro está a avançar quase 3% esta quarta-feira, beneficiando da sua posição como ativo-refúgio no mercado internacional, numa altura em que se assiste a uma escalada sem precedentes das tensões comerciais a nível global.
A China decidiu responder na mesma moeda a Donald Trump e anunciou esta manhã a imposição de tarifas adicionais de 50% aos produtos norte-americanos. O valor total das taxas aduaneiras está já nos 84% - uma magnitude que, mesmo assim, fica abaixo das tarifas que os produtos chineses enfrentam ao entrar nos EUA, de 104%.
A esta hora, o metal amarelo avança 2,87% para 3.068,89 dólares por onça, apoiado ainda numa desvalorização da "nota verde" no mercado cambial. Os investidores estão preocupados que tarifas tão elevadas levem a um aumento da inflação nos EUA e provoquem mesmo uma recessão a nível global.
"Temos aqui uma situação em que as tarifas estão a tornar-se num grande problema e a espiral inflacionista pode mesmo piorar, o que já se faz sentir em juros da dívida mais elevados", explica Bart Melek, analista da TD Securities, à Reuters.
Neste contexto, os investidores veem uma probabilidade de 55% de a Reserva Federal (Fed) norte-americana cortar os juros já na próxima reunião, que se realiza em maio. O ouro tende a beneficiar de uma política monetária mais flexível, uma vez que não rende juros.
O euro está a negociar em território positivo face ao dólar e aproxima-se de máximos de uma semana, numa altura em que a "nota verde" perde força contra as suas principais rivais e a Alemanha aponta para alguma estabilidade política.
Os conservadores da CDU, liderados por Friedrich Merz, anunciaram esta quarta-feira que chegaram a um acordo com os sociais-democratas da SPD para formarem governo – um entendimento que já era esperado, depois de os dois partidos, em conjunto com os Verdes, terem chegado a acordo para mexer no "travão da dívida" e lançar um fundo de centenas de milhares de milhões de euros para financiar a defesa.
A moeda única europeia avança 0,87% para 1,1053 dólares, aproximando-se do pico atingido na semana passada de 1,1147 dólares. Este movimento acontece apesar das tarifas de Donald Trump estarem a pressionar as expectativas de crescimento económico da Zona Euro.
Esta quarta-feira, o banco norte-americano Citi reduziu as perspetivas de crescimento do PIB do bloco de países de 1% para 0,8% para este ano e de 1,3% para 0,6% para 2026.
O índice do dólar – que mede a força da moeda contra as suas principais rivais – cai 0,73% para 102,152 pontos, com as maiores quedas da "nota verde" a serem registadas contra o iene, o dólar australiano e o euro.
"Estamos a entrar em território não explorado até agora. A administração norte-americana está a encorajar uma tendência de desdolarização" da economia global, explica George Saravelos, analista do Deutsche Bank, à Reuters.
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro dividiram-se entre ganhos e perdas esta quarta-feira, mas foi no Reino Unido que se registaram as maiores movimentações do continente.
Após os alertas deixados pelo Banco de Inglaterra (BoE), que vê as tarifas de Donald Trump a terem um impacto na estabilidade financeira do país, os juros das "Gilts" britânicas a dez anos dispararam 16,9 pontos base para 4,777% - o valor mais elevado desde 27 de março.
Por sua vez, os juros das "Bunds" alemãs com a mesma maturidade, que servem de referência para a região, recuaram 3,9 pontos para 2,587%, enquanto as obrigações francesas aceleraram uns modestos 0,2 pontos para 3,389%.
Nos países do sul da Europa também não se registou uma tendência única. Enquanto as "yields" italianas agravaram-se em 2,5 pontos para 3,879%, os juros da dívida portuguesa e espanhola mantiveram-se praticamente inalterados. Em Portugal, as obrigações cederam em 0,1 pontos para 3,227%, enquanto em Espanha cresceram 0,1 pontos para 3,346%.
Nos EUA, a guerra comercial continua a ter um grande impacto na negociação. Num dia em que Wall Street negoceia em território positivo, as "yields" norte-americanas disparam 15,2 pontos para 4,445%, com os investidores a recearem uma recessão económica na maior potência mundial.
As bolsas europeias encerraram a sessão desta quarta-feira com perdas substanciais, depois de até terem conseguido respirar de alívio na terça-feira. O otimismo foi sol de pouca dura, numa altura em que as ameaças passam a atos e a guerra comercial entre os EUA e parceiros, com a China à cabeça, se intensifica.
O "benchmark" para a negociação europeia, o Stoxx 600, encerrou a sessão em mínimos de janeiro de 2024, caindo 3,5% para 469,89 pontos, com todas as praças e setores no vermelho. Os mais afetados foram o dos serviços de saúde e de gás e petróleo, que afundaram, ambos, mais de 5%.
As principais praças da região afundaram todas mais de 2%, num dia em que a União Europeia aprovou uma retaliação no valor de 21 mil milhões de euros contra bens norte-americanos, em resposta às tarifas recíprocas impostas por Donald Trump. Também a China apertou a sua política comercial contra Washington, ao anunciar tarifas adicionais de 50%, que entra em vigor já na quinta-feira.
A negociação foi ainda influenciada pelas ameaças de (ainda mais) tarifas ao setor farmacêutico europeu, por parte dos EUA. Em reação ao anúncio, a Novo Nordisk afundou 6,9%, a Novartis mergulhou 6,4% e a Roche Holding caiu 5,8%.
"Isto não é uma oportunidade para comprar ações", explica Frederique Carrier, analista da RBC Wealth Management, à Bloomberg, depois de Donald Trump ter dado o conselho contrário aos investidores. "Estamos à espera de mais alguma clareza em relação às tarifas e, quanto mais tempo isto demorar, maiores serão os riscos de um acidente nos mercados financeiros."
Entre os principais índices, o alemão DAX perdeu 3%, o britânico FTSE subtraiu 2,92% e o francês CAC desacelerou 3,34%. Ainda, o espanhol IBEX cedeu 2,22%, o neerlandês AEX desvalorizou 3,33% e o italiano FTSE MIB deslizou 2,75%.
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