Bolsas europeias respiram de alívio. Adidas dispara quase 5%
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta quarta-feira.
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Bolsas europeias respiram de alívio. Adidas dispara quase 5%
As bolsas europeias terminaram a sessão pintadas de verde, à exceção da praça portuguesa, num dia em que o pessimismo registado na sessão anterior - a pior num mês - desvaneceu. Os investidores estavam preocupados quanto à capacidade de alguns governos de países europeus, como a França e o Reino Unido, recuperarem dos grandes défices orçamentais que têm vindo a registar, pressionando a procura por ativos de risco, como as ações.
Com a queda do dia anterior a ficar para trás, os investidores voltam a focar-se na perspetiva de corte das taxas de juro pela Reserva Federal na reunião deste mês, já que o Banco Central Europeu se prepara para manter a pausa nos cortes.
O índice que agrega as principais praças europeias, o Stoxx 600, avançou 0,66% para 546,78 pontos, impulsionado sobretudo pelos setores do retalho e da saúde, que subiram mais de 1,5%.
Nos resultados por praça, o francês CAC-40 cresceu 0,86%, o alemão DAX somou 0,46%, o italiano FTSEMIB valorizou 0,14%, o britânico FTSE 100 subiu 0,67%, enquanto o espanhol IBEX 35 avançou 0,58% e o neerlandês AEX somou 0,5%.
No entanto, uma parte do mercado acredita que esta recuperação não vai durar muito. É o caso de Thomas Helaine, da TP ICAP Europe, que diz que espera ver mais desafios para as margens das empresas europeias, dando como exemplo a redução das previsões da francesa Derichebourg. A empresa de gestão de resíduos culpou o "acordo comercial desafiante" com os EUA e os preços mais fracos das "commodities". As ações acabaram por perder 10,4% esta quarta-feira.
Um dos maiores impulsos para a negociação de hoje veio da Adidas, que ganhou 4,8%, isto depois de a Jefferies ter elevado a recomendação das ações para "comprar".
Do lado das quedas, a Pearson cedeu 3,55% após o Goldman Sachs ter afirmado, numa nota citada pela Bloomberg, que o crescimento da empresa no terceiro trimestre poderá ser mais calmo do que o que se antecipava.
Itália lidera alívio de juros das dívidas soberanas da Zona Euro
Após dois dias de agravamentos e um grande "sell-off" nos mercados obrigacionista e acionista, os juros das dívidas soberanas da Zona Euro aliviaram esta quarta-feira. O movimento surgiu por contágio da descida também registada esta tarde nos títulos do Tesouro dos EUA, que aconteceu após os dados das vagas de emprego do lado de lá do Atlântico, que ficaram aquém das expectativas dos analistas.
Esta quarta-feira, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, de referência para a região, caíram 4,6 pontos base para 2,737%, enquanto a "yield" das obrigações francesas aliviou 4,2 pontos para 3,538%. Em Itália registou-se a maior descida, com os juros da dívida a caírem 6,2 ponto para 3,611%.
Na Península Ibérica, os juros da dívida soberana portuguesa e espanhola também recuaram ambos 5,2 pontos para 3,173% e 3,344%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, a "yield" das "Gilts" britânicas a dez anos, maturidade de referência, também aliviaram 5,2 pontos base para 4,746%. Na sessão anterior, os juros da dívida a 30 anos atingiram o valor mais elevado do século, em máximos de 1998. O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, minimizou a importância do aumento nos rendimentos dos títulos de longo prazo, apontando para os esforços do Gabinete de Gestão da Dívida para reduzir a emissão total.
Nos EUA, os juros dos títulos do Tesouro recuam 4,9 pontos base para 4,231%.
Dólar regressa às perdas após dados das vagas de emprego nos EUA
A subida do dólar não durou muito. A moeda norte-americana está esta quarta-feira de volta às quedas, após os dados das vagas de emprego nos EUA terem alimentado a esperança do mercado por um corte nas taxas de juro pela Reserva Federal na reunião deste mês.
O relatório do Departamento do Trabalho dos EUA mostrou que as vagas de emprego caíram mais do que o esperado em julho, para 7,181 milhões face aos 7,378 milhões esperados pelos economistas consultados pela Reuters. Os dados reforçam o cenário de um mercado laboral mais fraco, podendo a Reserva Federal necessitar de fazer uma intervenção.
Neste contexto, o euro sobe 0,31% para 1,1676 dólares, enquanto a nota verde cai 0,22% para 148,04 ienes. O índice do dólar DXY cai 0,36% para 98,039 pontos.
Noutras moedas, a libra ganha terreno face à nota verde para 1,3449 dólares e face ao euro para 1,1520. A divisa britânica parece ter ganhado algum espaço para respirar de alívio, depois de na sessão de ontem e desta manhã ter sido penalizada pela subida dos custos de financiamento do Reino Unido e pela expectativa de um orçamento que poderá incluir aumentos de impostos. Os analistas de câmbio explicam, à Reuters, que os mercados estão sem confiança na capacidade do Executivo britânico em resolver o défice orçamental.
"Rally" do ouro continua. Metal atinge os 3.565 dólares por onça
Os preços do ouro continuam a renovar máximos históricos esta quarta-feira, depois do "sell-off" registado nos mercados obrigacionista e acionista no dia anterior, que causou preocupação entre os investidores com os níveis de dívida soberana de alguns países, levando-os a preferir ativos seguros.
O metal amarelo sobe 3.565,70 dólares por onça. Só em sete sessões, os preços do ouro subiram 5%.
O impulso nos preços tem vindo sobretudo da crença do mercado de que a Reserva Federal (Fed) vai cortar juros na reunião deste mês. Os investidores esperam ter mais certezas deste movimento com o relatório do emprego do lado de lá do Atlântico, divulgado esta sexta-feira e que deverá mostrar um mercado laboral "cada vez mais moderado", dizem os analistas consultados pela Bloomberg.
O governador da Reserva Federal Christopher Waller repetiu o apelo por cortes de juros em setembro, dizendo ainda que a rapidez com que o banco central fará os cortes no futuro depende do que acontecer com a economia norte-americana depois deste mês.
A Casa Branca já está à procura de um substituto para o presidente do banco central, Jerome Powell. O Wall Street Journal avançou que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, irá entrevistar possíveis candidatos esta sexta-feira. Donald Trump espera também para saber se as tarifas recíprocas são realmente ilegais, e ainda se tem motivos legítimos para ter demitido Lisa Cook, governadora da Fed - cenário que pode afetar ainda mais a independência do banco central.
"As crescentes preocupações sobre a independência do banco central dos EUA estão a minar ainda mais a confiança nos ativos negociados em dólares e a levar os investidores a optar pelo ouro", disseram os traders da Heraeus Metals à Reuters.
A prata também tem beneficiado desta perspetiva de flexibilização monetária. Esta quarta-feira, o metal branco ganha 0,82% para 41,22 dólares por onça.
Tanto o ouro como a prata mais do que duplicaram nos últimos três anos, à boleia dos riscos crescentes na geopolítica, na economia e no comércio mundial, que fazem crescer a procura por ativos tradicionais de refúgio.
Petróleo derrapa mais de 2% com perspetiva de aumento da OPEP+ em outubro
Os preços do petróleo estão a afundar mais de 2%, depois de a Reuters ter avançado que a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) estará a planear mais um aumento da oferta em outubro para ganhar quota de mercado. O tema será discutido na reunião do cartel deste domingo.
A esta hora, o preço do Brent, o índice de referência para a Europa, perde 2,14% para 67,66 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), a referência americana, negoceia nos 63,97 dólares, uma descida de 2,47%.
Outro aumento de crude no mercado significaria que a OPEP+, que produz cerca de metade do petróleo do mundo, iria começar a desfazer uma série de cortes de produção de cerca de 1,65 milhão de barris por dia, equivalente a 1,6% da procura mundial, mais de um ano antes do previsto.
As metas de produção do cartel já aumentar em cerca de 2,2 milhões de barris por dia de abril a setembro, além de uma subida da quota de 300 mil barris diários para os Emirados Árabes Unidos.
"Se a produção for aumentada de acordo com as novas quotas, vamos ver o mercado a caminhar para um superavit considerável de setembro de 2025 a 2026, com os stocks a crescer, a menos que haja uma nova contenção", disse Ole Hvalbye, analista do banco SEB, à Reuters.
Wall Street divide-se entre ganhos e perdas. Alphabet dispara 8%
Os principais índices norte-americanos arrancaram a sessão desta quarta-feira divididos entre ganhos e perdas, com o S&P 500 e o Nasdaq Composite a conseguirem negociar à tona. Os dois índices estão a ser impulsionados pela valorização em bolsa da Alphabet, que não vai ser obrigada a vender o popular navegador de internet Chrome, de acordo com a decisão de um juiz federal, no âmbito do histórico processo por práticas anticoncorrenciais interposto pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA contra a gigante tecnológica.
A esta hora, o S&P 500 avança 0,27% para 6.432,63 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite acelera 0,82% para 21.454,15 pontos. Em contraciclo, o industrial Dow Jones cai 0,38% para 45.125,84 pontos, depois de os três principais índices norte-americanos terem arrancado o mês com "nota negativa". A sessão anterior foi marcado por uma fuga dos investidores ao risco e por um "sell-off" no mercado da dívida, com os juros do Tesouro dos EUA a 10 anos a agravarem até aos 4,28% e a "yield" a 30 anos a tocar em máximos de um mês.
A Alphabet dispara 8,19% para 228,67 dólares, beneficiando da decisão do tribunal federal, apesar de ter sido provado que a empresa operava um monopólio no mercado de motores de busca. A dona do Google passa a ficar proibida de assinar contratos exclusivos para as pesquisas na internet e terá de partilhar os dados obtidos nas pesquisas com as rivais. Também a Apple está a beneficiar desta decisão, ao avançar 2,56% para 235,57 dólares, depois de a Alphabet não ter ficado impedida de fazer pagamentos milionários à criadora do iPhone para ser o motor de pesquisa pré-definido nos seus dispositivos.
"[A decisão] está a ajudar as ações de tecnologia em geral. Não estamos a ver a grande confusão [que seria] caso a Alphabet tivesse sido obrigada a vender o seu navegador ou a fazer algumas alterações no seu acordo com a Apple", explica Sam Stovall, diretor de investimentos da CFRA Research, à Reuters. "Isto permite que os investidores respirem um pouco", acrescentou.
Com dois dos três principais índices do país a recuperarem, depois de um início de setembro atribulado, o S&P 500 pode estar ainda a beneficiar de uma revisão em alta das expectativas por parte do HSBC. O banco britânico espera, agora, que o "benchmark" termine o ano nos 6.500 pontos – o segundo "upgrade" no espaço de um mês –, citando o que diz ser uma época de resultados robusta e acima do esperado, bem como um impacto "moderado" das tarifas da administração Trump.
Taxas Euribor com nova subida a três, seis e 12 meses
As taxas Euribor voltaram esta quarta-feira a subir nos prazos de três, seis e 12 meses face à sessão anterior, sendo a quinta sessão consecutiva em que aumentam nos três prazos.
A taxa a três meses subiu 0,001 pontos para 2,076%, o que compara com 2,075% na véspera, mantendo-se abaixo das taxas a seis (2,099%) e a 12 meses (2,191%).
A taxa Euribor a seis meses, que em janeiro do ano passado passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu 0,010 pontos, para 2,099%, contra 2,089% na sessão anterior.
No caso da Euribor a 12 meses, a subida face a segunda-feira foi de 0,029 pontos, para 2,191%.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a junho indicam que a Euribor a seis meses representava 37,74% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,28% e 25,58%, respetivamente.
Em agosto, a Euribor a três meses atingiu uma média de 2,021%, a seis meses de 2,084% e a 12 meses 2,114%, contra, respetivamente, 1,986%, 2,055% e 2,079% em julho.
Na última reunião de política monetária, em 24 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas diretoras, como antecipado pelos mercados e depois de oito reduções das mesmas desde que a entidade iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
Enquanto alguns analistas antecipam a manutenção das taxas diretoras pelo menos até ao final deste ano, outros preveem um novo corte, de 25 pontos base, em setembro.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 10 e 11 de setembro em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Zalando avança mais de 2% após ser considerada plataforma de "muito grande dimensão"
A retalhista alemã Zalando vai passar a ser considerada uma plataforma "online" de muito grande dimensão. Esta quarta-feira, o Tribunal Geral da União Europeia (TGUE) confirmou a decisão da Comissão Europeia de elevar o estatuto da empresa, depois de a Zalando ter recorrido à segunda maior instância judicial dos 27 para revogar esta designação. Apesar de, ao abrigo do Regulamento dos Serviços Digitais (RDS), as plataformas desta dimensão estarem sujeitas a um quadro regulatório mais restrito, as ações da retalhista estão a avançar 2,18% para 23,48 euros.
"O Tribunal Geral nega provimento ao recurso da Zalando contra a designação da sua plataforma epónima como uma plataforma 'online' de muito grande dimensão", lê-se num comunicado emitido pelo TGUE. O acórdão concorda com a avaliação de Bruxelas ao considerar que o número médio mensal de destinatários ativos da plataforma Zalando na União Europeia era superior ao limiar de 45 milhões (ou 10% da população do bloco).
De acordo com o TGUE, a Zalando é uma plataforma "online" na aceção do RDS, na medida em que vendedores terceiros aí vendem produtos no âmbito do programa denominado "Partner Programm". Em contrapartida, já não o é no que respeita à venda direta de produtos pela própria Zalando, através da Zalando Retail.
O tribunal entende, no entanto, que a Zalando não podia distinguir, de entre os mais de 83 milhões de pessoas que utilizaram a sua plataforma, aquelas que estiveram efetivamente expostas às informações prestadas por vendedores terceiros no âmbito do "Partner Programm" daquelas que o não estiveram, concluindo que a Comissão podia considerar que todas elas tinham estado expostas a essas informações.
Recuperação tímida na Europa após pior sessão em um mês. Adidas avança 3%
Após terem vivido a pior sessão em um mês na terça-feira, as principais praças europeias estão hoje a respirar de alívio. O "sell-off" no mercado da dívida levou o Stoxx 600 a perder cerca de 1,5% do seu valor num só dia, à medida que os investidores ajustavam posições e demonstravam preocupações com o nível de endividamento dos países desenvolvidos. O Reino Unido foi o grande destaque, com os juros da dívida britânica a longo prazo a atingirem máximos do século.
Para já, Roland Kaloyan, diretor de estratégia da Société Générale, não vê os juros das dívidas europeias "a subir muito mais do que os seus níveis atuais, mesmo que alguns países, como o Reino Unido e a França, tenham a sua própria dinâmica". Para Kaloyan, o movimento foi "algo pontual" e o analista não vê o mesmo a ser "uma ameaça à tendência ascendente dos mercados bolsistas".
A esta hora, o Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, avança 0,34% para 545,04 pontos, com o principal impulso a vir do setor tecnológico. Por sua vez, as ações ligadas ao setor dos seguros e da comida são as que mais caem, com este último a ser pressionado pela decisão da Kraft Heinz em dividir-se em duas empresas – o que levou levou a cotada a perder 7% do seu valor em bolsa.
Entre as principais movimentações de mercado, a Adidas está a crescer 3,08% para 169,15 euros, depois de o banco de investimento norte-americano Jefferies ter revisto em alta a recomendação da empresa para "comprar", citando as recentes desvalorizações em bolsa. Por sua vez, a Nokia avança 2% para 3,72 euros, após ter visto a sua recomendação aumentar de "vender" para "manter" por parte do banco francês BNP Paribas.
Nos resultados por praça, o francês CAC-40 valoriza 0,31%, o alemão DAX ganha 0,46%, o italiano FTSEMIB sobe 0,46%, o britânico FTSE 100 avança 0,12%, enquanto o espanhol IBEX 35 cresce 0,04% e o neerlandês AEX pula 0,47%. O português PSI segue em movimento contrário, ao cair 0,38%.
Dólar continua a subir. Libra e iene enfraquecem com instabilidade política e financeira
O dólar norte-americano continua a ganhar força esta quarta-feira, impulsionado pela instabilidade política no Japão e pelas crescentes preocupações com a saúde das finanças públicas no Reino Unido. A esta hora, o Dollar Index Spot, que mede a força da nota verde, avança 0,22% para 98,617 pontos.
A libra esterlina recua 0,34% para 1,3348 dólares, penalizada pela subida dos custos de financiamento do Reino Unido e pela expectativa de um orçamento que poderá incluir aumentos de impostos. “Há uma falta de confiança nos mercados de que o governo britânico esteja disposto a enfrentar eficazmente o défice orçamental e o ritmo de acumulação da dívida”, afirmou Ray Attrill, responsável pela análise cambial no National Australia Bank, à Reuters.
No Japão, o iene desvaloriza 0,34% para 148,86 dólares, pressionado pela instabilidade política após o anúncio da demissão de Hiroshi Moriyama, secretário-geral do partido no poder e aliado próximo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. “A possibilidade de que Ishiba possa renunciar nos próximos dias está a ter um impacto debilitante sobre o iene”, considera Kit Juckes, estratega-chefe de câmbio global do Société Générale.
O euro também perde terreno, recuando 0,14% para 1,1624 dólares. Face ao franco suíço, o dólar sobe 0,14% para 0,8057 francos.
Os investidores mantêm ainda os olhos nos dados do mercado laboral dos EUA, com destaque para o relatório de criação de emprego de sexta-feira, que poderá influenciar as expectativas sobre um possível corte de juros por parte da Fed ainda este mês.
Juros voltam a agravar na Zona Euro após "sell-off"
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar pela segunda sessão consecutiva, depois de as preocupações com os níveis de endividamento dos países e as previsões de crescimento económico terem levado a um disparo nas "yields" globais. A sessão de terça-feira foi ainda marcada por uma grande oferta de obrigações europeias, a maior de sempre, depois de Itália e Reino Unido terem lançado emissões de grandes dimensões.
A esta hora, os juros das "Bunds" alemãs a dez anos, de referência para a região, avançam 1,4 pontos base para 2,797%, enquanto a "yield" das obrigações francesas acelera 1,7 pontos para 3,597%. Em Itália, a tendência mantém-se, com os juros da dívida a crescerem 1 ponto para 3,683%.
Na Península Ibérica, os juros da dívida soberana portuguesa e espanhola não escapam aos agravamentos, com a "yield" das obrigações dos dois paísea a subirem 1,1 pontos base para 3,236% e 3,407%, respetivamente.
Fora da Zona Euro, a "yield" das "Gilts" britânicas a dez anos, maturidade de referência, sobem 3,3 pontos base para 4,831%. Na sessão anterior, os juros da dívida a 30 anos atingiram o valor mais elevado do século, em máximos de 1998, e, esta quarta-feira, continuam a agravar. A "yield" destas obrigações a longo prazo dispara 4 pontos para 5,73%.
O aumento dos custos de financiamento no país é mais uma "dor de cabeça" para o governo de Keir Starmer antes da apresentação do orçamento para o próximo ano, com a ministra das Finanças, Rachel Reeves, a ser bastante pressionada para melhorar a sustentabilidade das contas do país.
Ouro renova máximos históricos com investidores à espera de cortes nas taxas de juro
Esta quarta-feira, o ouro continua em alta. A esta hora, o metal precioso está a valorizar 0,05% para 3.534,79 dólares por onça, depois de ter atingido um novo máximo histórico de 3.546,99 dólares durante a madrugada.
A crescente convicção de que a Reserva Federal irá cortar juros na reunião de setembro está a impulsionar fortemente a procura por ativos de refúgio. Segundo dados da CME Group, os futuros de taxas de juro nos EUA apontam para uma probabilidade de 92% de um corte de 25 pontos-base, o que favorece o ouro, tradicionalmente mais atrativo em ambientes de juros baixos.
"A tendência para o ouro é claramente ascendente", afirmou Ilya Spivak, responsável pela análise macro global na Tastylive, citado pela Reuters. A instabilidade política nos EUA, com o presidente Donald Trump a pressionar abertamente a Fed e a ameaça de demissão da governadora Lisa Cook na justiça, está a aumentar a incerteza nos mercados e a reforçar o apelo do ouro como porto seguro.
O SPDR Gold Trust, maior fundo cotado do mundo apoiado em ouro físico, registou uma subida de 1,32% nas suas reservas, para 990,56 toneladas, sendo este o nível mais elevado desde agosto de 2022.
Os investidores aguardam agora os dados do emprego nos EUA, que serão divulgados esta sexta-feira, para aferir a dimensão do possível corte de juros.
Já a prata e a platina seguem em direções opostas A prata avança 0,09% para 41,63 dólares por onça, mantendo-se em máximos não vistos desde 2011. Já a platina recua 1,29% para 1.392,92 dólares, pressionada por uma menor procura industrial.
Preços do petróleo recuam de olho na relação EUA-Rússia
Depois de uma subida de 1% na terça-feira – após sanções americanas a uma empresa iraquiana de transporte de crude que estava a fornecer o Irão –, os preços do petróleo seguem a recuar ligeiramente na negociação desta quarta-feira de manhã.
A esta hora, o preço do Brent, o índice de referência para a Europa, negoceia nos 68,88 dólares por barril, o que representa uma descida de 0,38%. Já o West Texas Intermediate (WTI), a referência americana, negoceia nos 65,36 dólares, uma descida de 0,35%.
Os mercados estão atentos a duas grandes questões: à possibilidade de os EUA aumentarem as sanções sobre a Rússia, como forma de pressionar para um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, que entrou numa fase de indefinição; e à reunião dos países produtores de petróleo que fazem parte da OPEP+, marcada para o próximo domingo.
Do lado dos EUA, o Presidente Donald Trump já sinalizou alguma impaciência face ao estagnar das negociações entre a Rússia e a Ucrânia. E o encontro desta semana que juntou os líderes da Rússia, China e Índia – com destaque para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que tem "ignorado" a pressão americana sobre as importações de petróleo russo – pode pressionar para que os EUA avancem com novas sanções sobre os russos e os seus parceiros.
Os riscos de abastecimento, sob a forma de potenciais sanções mais duras à Rússia, continuam a pesar sobre o mercado do petróleo", sublinhou Warren Patterson, da área de estratégia de matérias-primas da empresa neerlandesa ING Groep. O analista considera ainda que a reunião da OPEP+, agendada para domingo, poderá trazer surpresas ao mercado.
As expectativas apontam para que haja uma pausa no aumento dos níveis de produção, com os mercados a recearem um excedente de produção face aos níveis de consumo, mas os países exportadores de petróleo estão focados na recuperação de quota de mercado.
"Sell-off" no mercado de dívida pressiona ações asiáticas. Europa aponta para recuperação
O "sell-off" de títulos de dívida soberana não se ficou apenas pela Europa e pelos EUA. Também na Ásia, esta quarta-feira, foi dia de os investidores venderem obrigações de longa data, com os juros a 30 anos japoneses a saltarem para os 3,255% – um valor nunca antes registado –, numa altura em que os mercados mostram preocupações em relação ao nível de endividamento e às projeções de crescimento económico dos países. O movimento de venda chegou ainda ao mercado acionista, com a maioria das praças da região a terminarem a sessão no vermelho.
"A economia mundial parece estar a lidar relativamente bem com as tensões impostas pelas tarifas do Presidente [Donald] Trump. Isso está a reavivar as preocupações que muitos levantaram em 2024 sobre a possibilidade de as preocupações com a sustentabilidade da dívida impulsionarem os juros cada vez mais nos próximos anos", começa por explicar Garfield Reynolds, analista da MLIV, à Bloomberg. "Este agravamento provavelmente vai limitar qualquer recuperação das ações, com os custos dos empréstimos a elevarem-se o suficiente para prejudicar as perspetivas das empresas", acrescenta.
Neste contexto, os japoneses Topix e Nikkei 225 encerraram a sessão desta quarta-feira em território negativo, com o primeiro a cair 1,14% e o segundo a ceder 0,92%. Além das preocupações com o endividamento do país, as ações do Japão estiveram ainda a ser pressionadas pela instabilidade política que a nação asiática tem enfrentado - com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba a perder aliados no Governo.
Pela China, o Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 0,54% e o Shanghai Composite deslizou 1,04%, num dia marcado pelo discurso do Presidente Xi Jinping nas comemorações do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Apesar de Xi ter reafirmado a confiança no crescimento económico chinês e novos dados apontarem para a expansão do setor dos serviços do país, as preocupações globais em torno da sustentabilidade das contas públicas acabaram por manchar a China de vermelho.
Nas restantes praças asiáticas, o australiano S&P/ASX 200 caiu 1,74%, isto apesar de o PIB do país ter acelerado mais do que o previsto no segundo trimestre do ano. Já o sul-coreano Kospi conseguiu escapar das perdas e avançar 0,26% esta quarta-feira.
Na Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura no verde, num movimento de correção das perdas da sessão anterior. Tal como na Ásia, o mercado acionista esteve a ser pressionado por um disparo nos juros das dívidas soberanas, com a "yield" a 30 anos britânica a atingir o valor mais elevado do século.
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