Juros da dívida suíça já sentem efeito das novas tarifas de Trump. Petróleo com ganhos
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta sexta-feira.
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Juros recuam na Zona Euro. Suíça em contra-ciclo
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar nesta sexta-feira, num dia em que os investidores estão a apostar em opções mais seguras, depois do Presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado uma nova ronda de tarifas, aplicadas a medicamentos e camiões, o que traz novas incertezas ao comércio global.
A Suíça já está a sentir o impacto do anúncio das novas tarifas, pois o país está particularmente exposto às novas imposições americanas. O setor farmacêutico é um dos mais importantes da economia helvética e as tarifas de 100% anunciadas por Trump para medicamentos exportados para os EUA colocam pressão sobre um país que já tem das tarifas de exportação mais altas entre as impostas pelos americanos (39%). O juro da dívida Suíça avança 0,3 pontos-base, para uma rendibilidade de 0,147%, num contexto de alívio entre os pares europeus.
As obrigações alemãs a dez anos, tidas como referência para o contexto europeu, estão a recuar 0,6 pontos-base para uma taxa de 2,766%. Já em França, o recuo dos juros da dívida é de 1,2 pontos-base para 3,587%. Em Itália a descida é de 1,1 pontos-base, para 3,593% de rendibilidade. De sublinhar que as dívidas francesa e italiana continuam muito próximas em termos de rendibilidade, um reflexo das penalizações que França tem tido junto das agências de notação financeira.
A "yield" das obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos caem 0,8 pontos para 3,177%. Espanha acompanha a tendência, com os juros da dívida a 10 anos a recuarem 0,9 pontos-base para 3,324% de juro, num dia em que se soube que a economia espanhola cresceu 3,1% no segundo trimestre.
No Reino Unido, a rendibilidade das obrigações situa-se nos 4,741%, uma descida de 1,4 pontos-base. Nos EUA, as obrigações seguem a agravar 0,6 pontos para uma taxa de rendibilidade de 4,176%.
Petróleo encaminha-se para maior ganho semanal em três meses com pressão sobre Rússia
O petróleo avança ligeiramente esta sexta-feira, com o West Texas Intermediate, referência americana, a subir 0,20% para 65,11 dólares e o Brent, referência europeia, a valorizar 0,03% para 69,44 dólares mas mantém-se a caminho do maior ganho semanal desde junho, impulsionado por tensões geopolíticas e cortes nas exportações russas de combustíveis.
Os preços do crude acumulam mais de 4% de valorização na semana, apoiados pelos ataques ucranianos contra infraestruturas energéticas russas, que levaram Moscovo a suspender parte das exportações de gasóleo até ao final do ano e a prolongar o embargo à gasolina. “Os ganhos foram sustentados pelos ataques contínuos de drones da Ucrânia, pela decisão da Rússia de travar exportações e pelo alerta da NATO de que está pronta a responder a futuras violações do seu espaço aéreo”, afirmou Tony Sycamore, analista da IG, citado pela Reuters.
A pressão sobre a capacidade de refinação pode obrigar Moscovo a reduzir a produção de crude, com algumas regiões já a enfrentarem escassez de certos combustíveis. Ao mesmo tempo, o regresso das exportações do Curdistão nos próximos dias deverá devolver até 500 mil barris por dia ao mercado global, atenuando parte da escalada de preços, segundo a análise do banco ANZ.
O petróleo segue para um ganho semanal superior a 4%, o maior em mais de três meses, num contexto de pressão diplomática acrescida dos EUA sobre os compradores de energia russa. O presidente Donald Trump instou a Turquia a suspender as compras a Moscovo e discutiu o tema da segurança energética com os líderes da Hungria e da Eslováquia. “A Turquia tem muitas opções, enquanto Hungria e Eslováquia estão de certo modo presas a um único oleoduto”, disse Trump.
O aumento das tensões reforça os riscos de uma subida de preços a curto prazo, mas os analistas lembram que o mercado permanece num intervalo estreito desde agosto, com previsões de excedente para o final do ano devido ao aumento da produção da OPEP+ e de produtores independentes.
Ouro recua antes de dados de inflação dos EUA mas mantém sexto ganho semanal
O ouro recua ligeiramente esta sexta-feira, com uma queda de 0,16% para 3.743,62 dólares por onça, enquanto os investidores aguardam o relatório do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), a medida de inflação preferida pela Reserva Federal. Já a prata sobe 0,64% para 45,41 dólares e a platina avança 1,74% para 1.555,52 dólares.
O ouro manteve-se estável nas primeiras horas do dia em torno dos 3.748,41 dólares, acumulando até agora uma valorização semanal de 1,6%. As apostas em novos cortes de juros pela Fed arrefeceram após dados económicos mais fortes nos EUA: os pedidos semanais de subsídio de desemprego caíram e o PIB do segundo trimestre superou as estimativas, suportado pelo consumo e investimento. As probabilidades de cortes em outubro e dezembro recuaram para 85% e 60%, face a 91% e 76% anteriormente, segundo o CME FedWatch.
Ainda assim, novas tarifas anunciadas por Donald Trump continuam a sustentar a procura de refúgio. “A última ronda de tarifas de Trump mantém os investidores em alerta e os fluxos de aversão ao risco podem limitar perdas adicionais no ouro”, comentou Tim Waterer, analista-chefe da KCM Trade, citado pela agência Reuters.
O metal precioso caminha para a sexta semana consecutiva de ganhos, apoiado por tensões geopolíticas, fluxo para fundos cotados em ouro (ETFs) e uma postura mais cautelosa nos mercados. A agência de notícias Bloomberg noticia que diplomatas europeus alertaram Moscovo de que a NATO responderá com força total a novas violações do espaço aéreo, incluindo o abate de aviões russos. Em paralelo, os mercados asiáticos recuaram após Trump anunciar tarifas de 100% sobre produtos farmacêuticos patenteados e novos impostos sobre camiões pesados e mobiliário.
A prata também mantém ganhos sólidos, negociando acima dos 45 dólares, nível não visto desde 2011, enquanto a platina atingiu máximos desde 2013 e o paládio aproxima-se de um ganho semanal de 10%.
Tarifas sobre farmacêuticas atiram Ásia para o vermelho. Europa pressionada
As bolsas asiáticas negociaram com desvalorizações na última sessão da semana, pressionadas pelas novas tarifas dos EUA, que Donald Trump anunciou na noite passada. A Casa Branca vai aplicar uma taxa de 100% a todos os produtos farmacêuticos importados de empresas que não tenham uma fábrica nos Estados Unidos. Momentos antes, disse que queria impor tarifas de 25% a todos os camiões. As duas taxas começarão a ser cobradas já na próxima quarta-feira, 1 de outubro.
"Esta ameaça renovada ao setor farmacêutico foi levantada várias vezes por Trump como uma ferramenta de negociação", afirmou Anna Wu, estratega da VanEck Associates, em declarações à Bloomberg. "Antecipo que a taxa pese sobre o setor da saúde e o sentimento geral em relação às ações globais, incluindo os mercados asiáticos", acrescentou.
A Administração dos EUA estará ainda a planear reduzir a dependência do país em relação aos semicondutores fabricados no exterior, segundo avançou o The Wall Street Journal. Um índice que agrega as ações de tecnologia asiáticas caiu 2,5% com a notícia.
Os investidores também estão a reduzir as ações de semicondutores na Coreia do Sul, após os ganhos significativos neste mês, numa tomada de mais-valias. A Samsung Electronics caiu mais de 3% e a SK Hynix mais de 5%. A praça sul-coreana Kospi afunda 2,5%.
O Japão, a par com a Europa, deverá ser o mais afetado com as tarifas sobre as farmacêuticas. No ano passado, o gigante asiático exportou 2,5 mil milhões de dólares em produtos farmacêuticos para os EUA. Esta sexta-feira, o Topix está praticamente inalterado e o Nikkei 225 perde 0,71%, arrastado pelas quedas das farmacêuticas Otsuka Holdings (-3,3%), Daiichi Sankyo (-1,8%) e Sumitomo Pharma (-3,5%).
Na China, tanto o Shangai Composite como o Hang Seng, em Hong Kong, recuam 0,5%. Em contraciclo, na Austrália, o S&P/ASX 200 sobe 0,17%.
A Europa deverá também arrancar com perdas, com os futuros do Euro Stoxx 50 a cair 0,36%. Cerca de 60% das importações farmacêuticas dos EUA em 2024 vieram da União Europeia. A Suíça foi o segundo maior exportador ao representar 9%. Ao mesmo tempo, muitos fabricantes de medicamentos já anunciaram planos de investimento milionários nos EUA este ano, de forma a mitigar o impacto das tarifas sobre as importações. É o caso da Astrazeneca, Roche, Eli Lilly & Co, Johnson & Johnson, Novartis e a Sanofi.
O mercado estará hoje a reagir às novas tarifas, enquanto aguardam pelos dados da inflação nos EUA, com o indicador favorito da Reserva Federal a ser atualizado hoje: o índice PCE subjacente. Ontem, os dados sólidos do PIB da maior economia do mundo complicaram as perspectivas do mercado sobre novos cortes nas taxas de juro.
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