Portugal coloca cinco mil milhões de euros em nova dívida. Paga juro de 4% a 30 anos
Portugal financiou-se em cinco mil milhões de euros em nova dívida a oito e a 30 anos, por via de uma venda sindicada em que o país beneficiou do forte apetite dos investidores. No conjunto, a procura atingiu os 81 mil milhões de euros, um valor 16,2 vezes superior à oferta. Apesar disso, pagou mais na maturidade mais longa.
No caso das obrigações do Tesouro com prazo em 2054, tratou-se de uma emissão de 1,5 mil milhões de euros. O “spread” fixou-se em 110 pontos-base em relação à taxa “midswap” do euro com a mesma maturidade – ligeiramente abaixo do “guidance” inicial –, tendo a “yield” ficado em 4,03%.
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Em maio, o país tinha realizado igualmente uma venda sindicada de dívida a 30 anos, tendo nessa operação pagado um juro de 3,625% (que significava na altura um prémio de 115 pontos-base). Já em julho, tinha feito um leilão de obrigações a 27 anos com uma “yield” de 3,78%. Contudo, esta operação não é diretamente comparável já que as vendas sindicadas são habitualmente mais caras por serem desenhadas para montantes mais elevados.
“O ‘spread’ significativamente mais elevado na linha mais longa reflete os riscos acrescidos associados a prazos muito mais extensos, nomeadamente a maior sensibilidade às taxas de juro, às expectativas de inflação e ao risco acrescido”, justifica Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, num comentário à operação, lembrando que as obrigações de prazo muito longo, como as de 2054, “apresentam maior volatilidade e podem ter menor liquidez no mercado secundário”.
O economista considera que, no conjunto, a operação permite ao Estado alongar o perfil da dívida pública a emissão de títulos a 30 anos, bem como “captar financiamento em condições competitivas no médio prazo, através do novo título a oito anos”. Neste caso, foram colocados 3,5 mil milhões de euros, com um prémio de 37 pontos-base acima da taxa “midswap” a oito anos pelo que o juro foi de 2,94%.
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A procura pela dívida a 30 anos ficou acima de 35 mil milhões, mais de 23 vezes superior à oferta (dos quais 875 milhões correspondem a interesse dos coordenadores). Por títulos a oito anos, a procura superou os 46 mil milhões, ou seja, 13 vezes superior ao montante emitido, incluindo cerca de 1,85 mil milhões de euros de interesse dos bancos coordenadores.
Em mercado secundário, os juros da dívida pública portuguesa seguem a aliviar em toda a linha, a acompanhar a tendência europeia. No prazo benchmark, ou seja, a 10 anos, a “yield” nacional recua 0,9 pontos-base para 3,141%, enquanto a oito anos cede 0,8 pontos-base para 2,99%. Já no prazo mais longo, a 30 anos, o alívio é de 0,9 pontos-base para 4,010%.
“Esta operação confirma o bom momento da República Portuguesa no acesso aos mercados, beneficiando de uma procura robusta e diversificada”, refere Paulo Monteiro Rosa. “Foi muito significativa em ambas as maturidades, sinalizando forte apetite dos investidores pela dívida portuguesa”, aponta.
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“Este interesse é sustentado pela trajetória favorável das contas públicas nacionais, antecipando-se um rácio da dívida pública abaixo dos 90% em 2026 e equilíbrios orçamentais. Acrescem ainda as sucessivas melhorias da notação de crédito atribuídas pelas principais agências internacionais, que têm facilitado o acesso do Estado português ao financiamento”, acrescenta o economista.
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