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Pode a reunião do BCE abalar os juros de Portugal?

A reunião do banco central considerada decisiva para o rumo dos juros de Portugal acontece esta quinta-feira. Mas a opinião dos analistas é que poderá não ser assim tão relevante.

Draghi BCE ISEG
Draghi BCE ISEG Bruno Simão
26 de Outubro de 2017 às 07:00

Há largos meses que se discute o fim do programa de estímulos monetários do BCE e Portugal foi sempre encarado como um dos países mais vulneráveis às mudanças que se adivinhavam. Hoje não é tanto assim. Os analistas desvalorizam mesmo o impacto que as palavras de Draghi possam ter nos juros da dívida portuguesa.

Draghi BCE ISEG
Pode a reunião do BCE abalar os juros de Portugal?

Outro motivo para justificar o reduzido impacto que a decisão pode ter no custo da dívida portuguesa é o facto de o BCE já estar a comprar menos títulos nacionais. O chamado "tapering" já está a acontecer com Portugal, sublinha Ciaran O’Hagan. Em 2016, o banco central chegou a comprar mais de mil milhões de euros mensais. Os últimos dados, referentes a 30 de Setembro, indicam apenas 494 milhões. A diminuição do défice e a decisão da Standard & Poor’s de retirar a classificação de "lixo" constituem também uma almofada.

A equipa de "research" do banco BiG também desvaloriza.  "Acreditamos que a retracção do apoio do BCE poderá acarretar um impacto relativo menos pronunciado no caso português em relação a outros países da periferia (sobretudo Itália), principalmente porque os níveis actuais das taxas de juro da dívida portuguesa já descontam uma menor procura por parte do BCE", responde ao Negócios.

A evolução das taxas de juro no mercado testemunham também essa menor preocupação. A "yield" dos títulos a dez anos esteve ontem nos 2,297%, o nível mais baixo desde Novembro de 2015. O risco, medido pela diferença face à Alemanha, recuou para 118 pontos base e é o mais baixo desde Setembro de 2015.

Filipe Silva, director de gestão de activos do Banco Carregosa,  alerta para um cenário que poderá ter um impacto mais pronunciado. "Para mim o que pode ser decisivo é se, mesmo anunciando uma descida nos montantes das compras mensais e uma extensão do prazo da ajuda, o BCE diz preto no branco em que data o QE vai terminar.

O que tem segurado a dívida portuguesa tem sido esta ajuda do BCE. Se ela terminar abruptamente, não acredito que as taxas não subam", alerta.

No entanto, também sublinha que "tudo o que o BCE não quer neste momento é deitar por terra a recuperação da crise das dívidas e que as taxas em países como Portugal voltem a subir. Para que isso não aconteça, o mercado precisa de tempo para absorver essa transição, de forma suave".

 Mais do que na reunião desta quinta-feira, os investidores estão de olhos postos no dia 15 de Dezembro, data em que a Fitch se deverá pronunciar sobre o "rating" de Portugal, podendo tornar-se a segunda a remover a classificação de "lixo".  E, como observa o BiG, "o cenário-base da subida do ‘rating’pela Fitch em Dezembro terá um efeito positivo nas taxas no final do ano, que deverá amortecer em parte o impacto das decisões do BCE.

Novo reembolso ao FMI

O Governo anunciou que completou esta quarta-feira, 25 de Outubro, o reembolso de mais mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o pagamento desta verba, fica cumprido o pagamento de 66% do empréstimo que o país recebeu em 2011. Até ao final do ano, vai devolver ainda mais dois mil milhões de euros, como previsto no Orçamento.

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