Portugal emite dívida a 12 meses com taxa negativa recorde de -0,527%
O IGCP encaixou 1.500 milhões de euros no duplo leilão de bilhetes do Tesouro que volta a ser marcado por taxas negativas. No prazo a 12 meses foi mesmo fixado um novo recorde.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realizou hoje um duplo leilão de bilhetes do Tesouro, tendo angariado os 1.500 milhões de euros previstos.
O instituto liderado por Cristina Casalinho colocou 500 milhões em títulos com maturidade em 17 de setembro de 2021 e mil milhões de euros no prazo a 18 de março de 2022.
Na emissão de bilhetes do Tesouro a seis meses a taxa ficou em -0,552%, em linha com a yield da última emissão comparável (-0,554% em janeiro). Nos títulos a 12 meses o IGCP aceitou uma taxa de -0,527%, que compara com -0,522% na emissão comparável realizada em janeiro.
Ainda que por uma ligeira margem, Portugal volta assim a conseguir financiar-se a taxas negativas recorde na emissão de títulos a 12 meses, o que mostra que a tendência de alta dos juros no mercado de dívida não está a ter impacto nas emissões de curto prazo.
A procura dos investidores também confirma que continua elevado o apetite dos investidores pela dívida soberana europeia, no contexto de uma política monetária ultra acomodatícia por parte do Banco Central Europeu.
Nos bilhetes do Tesouro a seis meses a procura superou a oferta em 3,38 vezes (3,38 vezes em janeiro) e nos títulos a 12 meses o rácio ficou em 2,87 vezes (2,55 vezes em janeiro).
No leilão de dívida de longo prazo realizado a 3 de março, Portugal suportou custos de financiamento mais elevados para colocar 1.250 milhões de euros em títulos de dívida a sete e 10 anos. Um reflexo da escalada global das taxas de juro das obrigações devido aos receios com a subida da inflação. "O suporte que o BCE continua a dar é fundamental para manter os níveis atuais e uma subida das taxas iria agravar ainda mais a recuperação económica europeia, que continua a um ritmo muito baixo", diz Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, acrescentando que "continuaremos a ter taxas negativas, pelo menos até termos sinais de crescimento na economia real e só nesta fase do ciclo económico é que se poderá começar a falar num alívio das medidas de apoio por parte dos bancos centrais".
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