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A revolução elétrica já chegou

A mobilidade elétrica já não é uma questão de “se”, mas de “quão rápido” irá dominar o mercado automóvel. Esta é a conclusão de Björn Schaubel, partner da EY Parthenon, que apresentou dados sobre a evolução tecnológica e a adoção de veículos elétricos na 4.ª edição da Electric Summit.

14:30
lBjörn Schaubel referiu que a aceleração da mobilidade elétrica está a transformar o mercado europeu e Portugal destaca-se como um dos países mais avançados na adoção de veículos elétricos.
lBjörn Schaubel referiu que a aceleração da mobilidade elétrica está a transformar o mercado europeu e Portugal destaca-se como um dos países mais avançados na adoção de veículos elétricos. Cláudia Damas
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Começámos em 2019 com 2,3% de novos veículos que eram elétricos a bateria e já estamos nos 18% na Europa, mas Portugal supera esta média. Björn Schaubel,Partner da EY Parthenon e responsável pela área de mobilidade na Alemanha e Europa Ocidental

Em 2019, apenas 2,3% dos veículos novos vendidos na Europa eram elétricos. Atualmente, o continente regista 18% de quota de mercado, mas Portugal supera esta média. Em janeiro de 2024, os veículos elétricos representaram 22,5% das vendas nacionais, chegando aos 26% em outubro. “Estão a superar a Europa, parabéns”, destacou Björn Schaubel, partner da EY Parthenon e responsável pela área de mobilidade na Alemanha e Europa Ocidental, na 4.ª edição do Electric Summit, uma iniciativa do Negócios que conta com o apoio da Galp e da Siemens, a EY como knowledge partner e Oeiras como município anfitrião. A nível europeu, a evolução tem sido consistente. “Começámos em 2019 com 2,3% de novos veículos que eram elétricos a bateria. Agora, já estamos nos 18%”, explica o responsável da EY, projetando que “em 2030, 58% dos novos veículos serão elétricos a bateria”.

lBjörn Schaubel referiu que a aceleração da mobilidade elétrica está a transformar o mercado europeu e Portugal destaca-se como um dos países mais avançados na adoção de veículos elétricos.

Björn Schaubel desmonta os mitos que ainda rodeiam a mobilidade elétrica. Sobre a durabilidade das baterias, é categórico. “No início, toda a gente falava que as baterias só durariam cinco, seis anos, e perderiam eficiência. Já não é o caso. Estamos a falar de baterias que fizeram 500, 600 mil quilómetros e ainda têm uma eficiência acima de 80%, quase 90% às vezes”.

A autonomia também deixou de ser problema para uso quotidiano. “Hoje temos em média quase 400 quilómetros nos modelos atuais do mercado”, refere. “Para a condução diária, não é problema nenhum. Em média, pelo menos na Alemanha, são cerca de 30 a 40 quilómetros que se conduz com um carro. Se dividir os 400 por 40, ainda posso conduzir 10 dias seguidos sem carregar.” Em 2030, espera-se uma autonomia média de 450 quilómetros, com modelos que chegarão aos 900 quilómetros.

Condução autónoma

A análise de 120 modelos pela EY revela que a diferença de preço atual entre veículos elétricos e convencionais é de “mais ou menos 25%”, mas Björn Schaubel antecipa mudanças rápidas. “Esta semana, já vemos veículos elétricos de fabricantes europeus onde oferecem o veículo elétrico e o veículo a combustão comparável ao mesmo preço”.

Sobre o custo total de propriedade, destaca a vantagem de Portugal face à Alemanha. “Aprendi aqui que em Portugal são 10 cêntimos à noite. Na Alemanha pagamos acima de 30 cêntimos por quilowatt em casa. Em países onde os custos de energia são muito mais baixos, a paridade do custo total de propriedade chega mais depressa”.

As baterias provaram ser muito mais duráveis do que se pensava e já vemos modelos com 500 ou 600 mil quilómetros que mantêm mais de 80% da eficiência. Björn Schaubel,Partner da EY Parthenon e responsável pela área de mobilidade na Alemanha e Europa Ocidental

Uma das inovações mais promissoras é o carregamento bidirecional, que permite aos veículos devolverem energia à rede elétrica. “A partir de 2026-2027, cada vez mais modelos virão para o mercado já capazes de oferecer carregamento veículo-para-rede”, anuncia Björn Schaubel. “Não só poupamos dinheiro quando carregamos em períodos de baixa, podemos também ganhar dinheiro com este carro, porque carregamos quando o preço é baixo e devolvemos ao sistema, à rede, a energia por um preço mais alto.” A escala será significativa e “em 2030, já veremos 70 milhões de carros na rua na Europa com esta capacidade”.

A condução autónoma já é realidade em cidades como São Francisco, onde os robotáxis da Waymo fazem “150 mil viagens comerciais por semana”. As implicações são transformadoras, as frotas autónomas podem operar 20 horas por dia, otimizando o carregamento e a gestão energética, o custo por quilómetro dos robotáxis já compete com os táxis convencionais e tende a baixar, e isto pode reduzir drasticamente a necessidade de propriedade de veículos, libertando espaço urbano atualmente ocupado por estacionamento. “A mobilidade do futuro será, sem dúvida, eletrizante!”, concluiu Björn Schaubel.

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