DBA – Doctor of Business Administration
À margem de, mais uma vez, a Escola ter inovado no panorama universitário nacional, fazendo jus a uma já longa tradição de pioneirismo no ensino da gestão em Portugal, a questão mais interessante é a de analisar o desafio que este programa suscita.
Na linha de programas congéneres oferecidos na Europa e EUA, o DBA é um programa de doutoramento que está vocacionado para profissionais da gestão com uma larga experiência profissional e concretiza-se num trabalho de investigação aplicado incidindo sobre a empresa e a sua envolvente, numa perspectiva de conceptualização de situações de natureza empresarial cujo estudo produza conhecimento susceptível de ser incorporado no desenvolvimento da gestão das empresas e outras organizações.
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O DBA, ao admitir candidatos com um vasta actividade empresarial, visa enriquecer justamente esta experiência com capacidades analíticas e de conceptualização que, no ambiente de complexidade e incerteza que caracteriza o ambiente empresarial, possam criar conhecimento e competências que aportem valor à gestão das organizações.
Neste contexto, um programa como o DBA tem a ambição de contribuir para o desenvolvimento de um novo estádio na abordagem, análise e conceptualização de situações empresariais que transportadas por agentes com intervenção activa na gestão empresarial, poderão ser indutoras de uma disseminação de melhores práticas, processos e instrumentos de gestão.
Face a estes objectivos quais são os riscos de uma iniciativa como esta? Em primeiro lugar poderá ser visto como um caminho mais fácil, menos exigente e apenas mais caro de se obter um doutoramento. Em segundo, não se conseguir na sua estrutura organizativa e curricular, no trabalho dos supervisores e na concretização dos projectos de investigação um programa que efectivamente se diferencie dos programas de doutoramento tradicionais. Em terceiro, que atraia sobretudo participantes que de modo mais explicito ou velado, ambicionem principalmente o desenvolvimento de actividades universitárias.
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Esta última interrogação merece um comentário mais desenvolvido. Um programa do tipo do DBA é importante para a própria dinâmica da actividade das Escolas de Gestão numa dupla direcção. Por um lado, criando mais e melhores interlocutores no mundo empresarial, capazes de intervir numa ligação mais estreita entre a universidade e a empresa, detendo uma compreensão privilegiada da matriz de funcionamento dos dois mundos. Por outro lado, porque não é difícil de antecipar que no futuro um cada vez maior número de gestores terá capacidade de prolongar por mais anos uma vida profissional activa e em que porventura a universidade seja um excelente lugar de acolhimento para uma etapa final dessa mesma vida profissional em que poderão expressar todo o conhecimento e experiência acumulada. Nesse quadro a posse de um DBA será um factor de credibilidade que , para quem conhece a academia, sabe que é um elemento facilitador para as actividades a desenvolver.
Está-se, em síntese, perante um desafio estimulante. Pelo que sei, houve uma grande afluência de candidatos e com o perfil que se antecipava para o programa. Cabe agora à Escola, aos participantes e aos orientadores serem capazes de concretizar os objectivos que inspiraram a criação do programa.
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