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António Gomes Mota
27 de Junho de 2006 às 13:59

Turismo

É conhecido, desde há várias décadas, o potencial do sector turístico como um dos clusters estratégicos para o desenvolvimento económico futuro do país.

Pessoalmente, creio mesmo não haver nenhum outro onde possam convergir, com relativa facilidade, significativas vantagens comparativas sustentáveis no médio e longo prazo.

No entanto, a sustentabilidade deste ou de qualquer outro cluster, requer também a produção de conhecimento susceptível de gerar o desenvolvimento de competências de gestão que consolidem empresarialmente a concretização de tais vantagens comparativas.

Nos últimos anos tem-se assistido ao crescimento de grupos empresariais fortemente apostado no sector turístico, como são os casos dos Grupos Pestana e Vila Galé. Este crescimento e afirmação são ainda mais importantes quando se vem desenvolvendo não só em Portugal como também internacionalmente, com várias unidades em diferentes países (nomeadamente Brasil), o que revela a emergência de uma capacidade empresarial efectiva num sector muito competitivo e cada vez mais globalizado.

Este aspecto é, porventura, ainda mais relevante do que o surgimento de vários projectos de média ou grande dimensão em Portugal, bem estruturados, com a participação articulada de diversos operadores, como o projecto de Tróia, e integrados numa estratégia pública de apoio claro ao sector como a luz verde a diversos empreendimentos, nomeadamente na Costa Alentejana. Com efeito, somente com a disseminação de competência empresarial apurada num ambiente competitivo e com escala será possível, a prazo, criar uma malha de unidades que plenamente projectem todo o potencial turístico do país e, ao mesmo tempo, o projectem para o exterior através de estratégias empresariais sólidas.

Neste âmbito importa reflectir um pouco sobre a formação em gestão disponível em Portugal para o sector turístico. Note-se que não me refiro à formação de técnicos especializados em funções específicas do sector, questão que também é naturalmente crucial para o seu desenvolvimento, mas antes de programas de gestão aplicados ao sector, que manifestamente são em número e diversidade exíguos para a ambição de afirmação de um cluster com futuro. Como contraponto, veja-se a formação disponível para outros sectores como os bancário, distribuição, e saúde, apenas para citar alguns exemplos.

De igual modo se poderá posicionar a investigação em gestão aplicada ao sector, que com raríssimas excepções, é pouco menos de incipiente, não fomentando assim o círculo virtuoso que alimenta o próprio desenvolvimento da oferta de formação avançada aplicada.

Na minha perspectiva, tem sido justamente a reduzida dimensão empresarial que tem caracterizado o sector que não tem fornecido o ambiente mais favorável à criação de uma dinâmica de investigação, ensino e formação em gestão na área de turismo. É neste sentido que a minha nota inicial, sobre o aparecimento de grupos empresariais nacionais com dimensão e estratégia internacional pode constituir o motor necessário para uma gradual alteração daquela realidade.

Uma convergência entre uma estratégia pública de clara aposta no sector e o surgimento de unidades empresariais pujantes, com acrescida notoriedade, pode (e deve) atrair a atenção de escolas, professores e estudantes de gestão para terem uma perspectiva completamente diferente do turismo enquanto sector de actividade com enormes potencialidades de afirmação empresarial. Se tal acontecer, o cluster terá conseguido dar um passo decisivo na sua concretização efectiva.

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