A CPLP e o mar que nos une!
Mais do que um legado histórico, o oceano deve ser o horizonte comum da CPLP no século XXI, um horizonte onde se afirmem, com voz própria, as nações que partilham o português como língua e o mar como destino. Esta ambição exige, contudo, um salto qualitativo na forma como a Comunidade pensa e organiza a sua ação marítima.
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Vivemos um tempo em que o oceano voltou a ocupar o centro das atenções globais. Da segurança marítima à economia azul, da regulação ambiental às disputas territoriais, o mar é hoje palco de um mundo em transformação. No seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que congrega nações distribuídas por quatro continentes e unidas por um idioma e por uma vocação marítima comum, o oceano é simultaneamente herança, oportunidade e desafio estratégico. A geopolítica dos oceanos, tradicionalmente associada ao poder naval e ao controlo das rotas comerciais, adquiriu nas últimas décadas uma dimensão mais complexa. À competição entre potências somam-se agora os efeitos das alterações climáticas, a pressão sobre os recursos marinhos, a intensificação da pesca industrial e o avanço tecnológico na exploração dos fundos oceânicos. Neste contexto, os países da CPLP encontram-se numa encruzilhada. Dispõem de vastas zonas económicas exclusivas, mas enfrentam fragilidades institucionais e assimetrias de capacidades que dificultam a sua plena valorização. Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, com extensas plataformas continentais e interesses marítimos consolidados, têm um papel central na afirmação da CPLP como comunidade marítima global. Cabo Verde, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial mantêm igualmente uma relação vital com o mar, que é fonte de subsistência, mobilidade e identidade, e que, se articulada estrategicamente, pode transformar-se num ativo geopolítico de primeira ordem.
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