Os discursos comemorativos do 25 de Abril não permitem outras interpretações. Comunistas e bloquistas estão ao ataque. Não para derrubar a solução a que estão amarrados, mas apenas para que os seus apoiantes não se lembrem de lhes vir pedir contas mais tarde.

Frase que marcou a intervenção do Bloco de Esquerda foi: "Abril nunca rimará com Eurogrupo." Bela tirada. Retirando a discutível legitimidade democrática das decisões daquele órgão informal que reúne os ministros das Finanças da Zona Euro e que assegura a coordenação das políticas económicas dos diferentes Estados-membros, a verdade é que não se vê no panorama das instituições comunitárias outra entidade que mais se preocupe com a promoção das condições indispensáveis ao crescimento económico.

Já é tempo de se perceber que os progressos civilizacionais que Abril prometeu aos portugueses só são possíveis com crescimento económico, com equilíbrio na redistribuição da riqueza, com um Estado dimensionado e eficaz que assegure as suas funções essenciais e com um tecido empresarial são e competitivo. E, já agora, num ambiente de liberdade.

Aumentar a produtividade, fazer subir as exportações, baixar a dívida asfixiante, acabar com a palavra deficit nas contas públicas, são algumas das condições indispensáveis ao cumprimento das promessas de Abril. Bom seria que fôssemos nós próprios a acordar nestes objetivos sem que ninguém nos tivesse de obrigar a tal. Mas, como se vê quase todos os dias, enquanto algumas forças políticas que suportam a governação tiverem esta suprema arrogância de nos querer impor só e apenas as suas ideias bolivarianas inspiradas em experiências e modelos que já ninguém quer, podemos agradecer a existência do Eurogrupo. Para que o "d" do desenvolvimento e o "d" da democracia nos permitam continuar a lutar pelas promessas de Abril. Sempre!

Jurista

 

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