O doce para as eleições
Portugal vai ter eleições em outubro para escolher quem vai mandar nos 308 municípios e em todas as freguesias. O sufrágio é local, mas a leitura política é sempre nacional e, como já é tradição neste país, um mês antes de algum ato eleitoral, o poder de turno tem sempre algo para adoçar a boca dos eleitores. Destra vez é a combinação da redução do IRS, com uma atualização significativa das tabelas de retenção, que em agosto e setembro será bem visível nos recibos dos ordenados e pensões. E há ainda milhões de pensionistas que em setembro terão direto a um complemento extraordinário e pontual que chega a 200 euros nas reformas mais modestas.
A redução do IRS é uma prenda de 500 milhões de euros, o extra nas pensões vale 400 milhões e há ainda um acordo com o Chega a concretizar no Orçamento do Estado do próximo ano, que custará mais de 100 milhões de euros.
PUB
Ou seja, feitas as contas há mais de mil milhões para truques eleitorais, uma opção política cara, porque, na verdade, como o Estado continua a aumentar a despesa a um ritmo superior à evolução do PIB, tudo isto não passa de uma doce ilusão, pois, de facto, nós, os contribuintes, estamos condenados a pagar mais impostos no futuro.
Agora até há um ministro encarregado da reforma do Estado, reforma urgente que devia avançar para racionalizar as despesas do Estado. O governo ainda está nos primeiros meses de atividade e por isso talvez se aceite o facto de este ministro estar desaparecido, mas não pode ficar incógnito por muito tempo.
Mas voltando à ilusão eleitoral, a atualização das novas tabelas de retenção do imposto foi tão significativa, que, em agosto e setembro, vai fazer a diferença nos recibos do ordenado. A consequência é que no próximo ano quem ainda esperar um reembolso com alguma importância, pode ter uma surpresa desagradável. Porém, no ciclo político, o tempo de acerto de contas do IRS no próximo ano é muito distante e interessa mais o potencial impacto de um eleitor feliz em outubro deste ano.
PUB
Saldo positivo: visita de João Lourenço
A ligação de Portugal a Angola é ainda mais importante que o atual volume de negócios entre os dois países e as intenções de investimento. Há mais do que a língua que nos une. Há afetos e até na discórdia e nas desavenças a relação entre os dois povos é especial. Por isso a visita de Estado de João Lourenço é uma oportunidade de celebração.
Saldo negativo: venda de barracas
PUB
A crise de habitação é um problema real que afeta pobres e até a classe média. Ninguém fica indiferente às barracas que voltaram a ter impacto na grande Lisboa e que, devido aos despejos em Loures, voltaram à agenda mediática. Neste quadro de miséria há gente que ganha dinheiro a vender espaço de poucos metros quadrados para seres humanos viverem. E há famílias desesperadas que pagam para ter uma barraca.
Mais Artigos do autor
Mais lidas
O Negócios recomenda