O mundo está difícil para quem se indigna com torneios de futebol – sobretudo se ventilar essa indignação num iPhone. Na gigantesca fábrica da Foxxconn em Zhengzhou – um complexo que emprega 200 mil pessoas – os trabalhadores saturados com a loucura dos confinamentos, as más condições de vida e as promessas de pagamentos por cumprir rebentaram numa greve acesa. O protesto social e laboral na China não é raro, como também não é rara a repressão violenta. As redes sociais e os media mostraram nos últimos dias imagens distópicas de desordem nas ruas e da resposta de polícias vestidos com fatos anti-contaminação.