O governo Bucha e Estica
O Governo de Passos Coelho, depois de prometer que seria tão magro como o futuro que prometia aos portugueses, engordou. Dói-lhe tirar os pés das populistas botas que calçou por conveniência retórica. Em tempos de austeridade, para se solidarizar com o povo, tornou-se Estica. Dois anos depois, emagrecidos os portugueses, engorda como Bucha. O sistema político português mostra como é que se almoça o Orçamento de Estado disponível. Passos Coelho quis governar com 11 ministros. Foi o caos que se viu. Vai agora governar com 14. Nada mau: há-de imitar Sócrates, o que será um grande feito. Depois temos a distinção dentro da corte: temos agora um vice-primeiro ministro, dois ministros de Estado, um ministro da Presidência e um ministro-adjunto.
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Mais uns ministros que poderiam ser duques ou condes. Mais do que o número de ministros e de secretários de Estado, que nascem como cogumelos selvagens, a questão é outra. Depois de Vítor Gaspar ter escrito que as opções tomadas durante dois anos pelo Governo tinham sido erradas, Passos Coelho veio confirmar que também as propostas políticas de criação de super-ministérios estavam erradas. Ou seja: dois anos depois o Governo estende a mão para levar uma reguada. Depois deste número cómico, numa longa-metragem sem fim, o Governo parece descer à realidade. Esperam-se agora os actos sérios. A reforma IRC seria um bom ponto de partida, porque poderá criar o consenso alargado. Falta o resto. Porque, ao contrário do Governo, o país parece-se cada vez mais com o cómico Estica.
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