O oó da política
Adiar é uma estratégia nacional em Portugal. Causa escândalo, mas não espanto, que uma obra urgente como a construção da ala pediátrica do Hospital São João do Porto tenha sido sucessivamente adiada, através dos mais diversos pretextos.
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Pinto da Costa, presidente do FC Porto, e que conhece como poucos os labirintos das decisões políticas, espanta-se também: "Como é que os governantes conseguem dormir com consciência tranquila sabendo que há crianças doentes que vivem e dormem em contentores há tantos anos?" Fazem oó, não porque tomaram ansiolíticos ou escutaram a música do Vitinho, mas porque a indiferença faz parte da arte da política. E esta é um teatro, uma ficção. O Excel não vê lágrimas, nem mede a dor. É cego, surdo e mudo. E quem decide não se preocupa se, em nome das "limitações orçamentais" e da "austeridade", milhares ficam sem emprego, sem comboios, sem médicos, sem serviços públicos, sem agências bancárias por perto ou sem comida. Quando inventou a "sopa dos pobres", Sidónio Pais percebeu o que era a pobreza deste país. Mas hoje, como os que decidem não andam nas ruas, e o seu mundo balança entre as intrigas palacianas, o telemóvel e o frio Excel, não há muitos afectos para distribuir. Por isso, Marcelo é rei.
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