Há alguns dias o jornalista saudita Jamal Khashoggi entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul para conseguir um documento que lhe permitia casar com a sua noiva turca. Horas depois, desaparecera. Todas as dúvidas são possíveis: desde ter sido raptado e enviado para a Arábia Saudita a ter sido morto dentro do consulado, como acredita a polícia turca. O Presidente Erdogan declarou que vai acompanhar pessoalmente o caso, até porque são conhecidas as profundas divergências entre a Turquia e o reino saudita em diferentes questões no Médio Oriente, a começar pelo Qatar. A Arábia Saudita negou ter qualquer participação no desaparecimento, mas sabe-se que a história está repleta de raptos feitos pelos sauditas (a começar pelo de Nassir al-Sadd em 1979 e a continuar nos príncipes Turki bin Bandar Al Saud e Sultan bin Turki), para já não falar dos professores universitários, príncipes e activistas presos no reino. Jamal Khashoggi estava exilado e, nas páginas do Washington Post, era uma voz que atormentava Riade. E a "amizade" da Arábia Saudita com Donald Trump e muitos líderes ocidentais (mais recentemente viu-se isso com Pedro Sánchez e a venda de armamento espanhol ao reino). Por isso, quando uma bomba fornecida pelos EUA e utilizada pelas tropas da Arábia Saudita no Iémen matou 40 crianças e 11 adultos, muito poucos mostraram indignação. Todos pensam em petróleo e em dinheiro. E, sobretudo, na bolsa em que será colocada a OPV da estatal Saudi Aramco.