Síria: o desafio russo
A intervenção militar russa na Síria mostra que Putin quer voltar a ser uma voz escutada no Médio Oriente. E, face à fragilidade de muitos exércitos, o sírio, mais bem armado, volta ser dos mais temíveis.
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A presença de Bashar al-Assad em Moscovo, como se tivesse caído na fonte da eterna juventude, foi mais do que uma encenação. Mostra que a Rússia está fortemente disposta a não perder as suas opções militares no Mediterrâneo e a alargar a sua zona de influência no Médio Oriente, perdida desde o colapso da União Soviética. O inimigo principal é o Estado Islâmico, mas por outro lado o apoio aéreo ao regime sírio e o envio de armas para o exército de al-Assad mostra que quaisquer negociações políticas para a sua sucessão terão de obedecer a outros parâmetros. Se a reunião em Viena com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Turquia, EUA e Arábia Saudita não deu em nada, porque as divergências de princípio ainda são enormes, é cada mais evidente uma flexibilidade da parte das diferentes potências para encontrar uma solução de conciliação em que ninguém perca a face. Entre a guerra e a paz, a acção da Rússia já levou a que as milícias xiitas do Iraque pedissem também o apoio aéreo russo na luta contra o EI, já que consideram que os bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA não são suficientes. Enquanto isso parece começar a pensar-se, pela primeira vez, na crise humana síria, com milhões de pessoas desalojadas e em fuga. Mas o que é evidente é que a actuação da Rússia na Síria está a dar um novo fôlego a um elemento que se julgava exangue, o exército sírio, agora rearmado e que voltou à ofensiva.
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