Não creio que o autor [João Ferreira do Amaral] consiga explicar muito bem os cenários de futuro, nem que seja particularmente convincentea explicar as vantagens da saída do euro. Mas este livro tem o méritode colocar questões muito importantes para o futuro de Portugal
Se é certo que o nosso futuro passa pela Europa, não deixa de ser vital questionar se temos a estratégia certa de integração, ou se devemos tentar adaptarmo-nos melhor no tal caminho da busca da diferencialidade e do autoconhecimento português
Não é o governo que está em queda, é o próprio regime que está em crise, e mesmo em risco de sobrevivência. Nesse contexto mais alargado, as guerrilhas entre Presidente, PS e PSD fazem menos sentido, só exprimem a incapacidade das instituições de fazer face à situação que vivemos
De início, António José Seguro deu o tudo por tudo para ser o parceiro responsável na oposição. E agora ao rever José Sócrates em acção percebemos a mudança de tom que foi ter Seguro como líder da oposição para o governo.
Quem vai conseguir capitalizar, transformar em capital político útil a insatisfação que grassa pelas ruas do país? Está em causa a liquidação do sistema partidário enquanto tal. Mas também a governabilidade.
O Governo devia fazer muito mais pela transparência do que medidas populistas como a de legislar uma proibição do défice orçamental "para alemão ver" ou o de anunciar cortes à cabeça – a meio de um mandato em que a sua popularidade já anda em baixo – de quatro mil milhões de euros.
Em última análise, se o governo português for mesmo obrigado a retirar aos cidadãos funções sociais consideradas fundamentais por todos, será a democracia e o seu significado substantivo neste país que perde.
Para salvaguardar pois um bloqueio maior da execução orçamental que ocorreria se o orçamento fosse considerado inconstitucional a meio da sua implementação é preferível que Cavaco Silva o envie para fiscalização prévia, entrando este em vigor com algum atraso
O governo decidiu pôr todas as televisões existentes contra ele ao anunciar a concessão da RTP1 ou a sua privatização no mesmo mês em que se soube que os objectivos do défice para 2012 não iam ser cumpridos
Visto que a "imensa sorte" que Gaspar pediu há um ano atrás não se concretizou, resta à troika, à Europa e à Sra. Merkel considerar se vale a pena insistir no plano inicial, ou esperar pela colisão política à la grecque que se anuncia.
Basicamente, a Guiné Equatorial anda a fazer reformas "para lusófono ver". Em 2010, tinha publicado um mero decreto que instituía o português como língua oficial do país. Isto não pode chegar.