A sucessiva deterioração das perspectivas para o PIB e preços fizeram - finalmente - Draghi anunciar medidas não convencionais e, para além disso e até mais importante, a defender estímulos orçamentais, para além do gastíssimo pedido de reformas estruturais.
A inflação portuguesa tem registado valores negativos desde há seis meses e a taxa subjacente também está de forma mais nítida em território negativo, o que tem suscitado alguns receios de Portugal vir a registar problemas de deflação.
Rui Peres Jorge, jornalista deste periódico, escreveu um livro interessante (2014, A Esfera dos Livros) sobre a acção da "troika" em Portugal, que recomendo.
António Costa iniciou a sua candidatura à liderança do PS da pior forma possível.
A criação do euro foi o mais grave erro cometido pelos Estados-membros da UE, que pode bem vir a ditar o fim desta.
É altamente provável que se instale a ilusão de que a crise do euro está a chegar ao fim. Esta ilusão tem todas as condições para sedimentar a crença fantasiosa de que estamos a chegar a um novo "bom" equilíbrio, gerador de auto-concretização de expectativas, com redução sucessiva das taxas de juro de longo prazo.
Apesar de tudo o que já se escreveu sobre o manifesto dos 70, gostaria ainda de referir quatro problemas de honestidade e um equívoco grave neste documento. A primeira falta de honestidade reside na ausência de referências a contra-indicações da reestruturação da dívida, o que impede uma avaliação completa da proposta.
Sem o conforto que um programa cautelar traria aos investidores, Portugal terá de realizar mais austeridade se enfrentar sozinho os mercados. Existe, de facto, na cabeça dos menos esclarecidos, a ideia de que, na ausência de um programa com a "troika", não teremos de aplicar tanta austeridade.
Se, como as sondagens indicam, o PS perder as eleições europeias, António José Seguro deverá ser rapidamente contestado e corre-se o risco de passarmos a ter um PS ainda mais longe do actual executivo, agravando as actuais condições de falta de consenso político e de dificuldades de financiamento.
Há um século, Afonso Costa queixava-se de que os portugueses faziam pedidos ao Estado como se este possuísse uma mina de ouro. Passado este tempo todo, parece que não só os portugueses pouco aprenderam, como os juízes do TC também ainda vivem num conto de fadas.
Se para termos uma nova constituição precisamos de uma mudança de regime, então que venha ela, até porque este regime já está muito podre e é improvável que resista a todas as dificuldades que se avizinham, no plano orçamental, económico e político, mesmo sem o fim do euro.