pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

As ilusões da PT

Os 7 mil milhões que estão a ser oferecidos pela PT Portugal não podem ser recusados. São demasiado preciosos para a Oi.

 

Não gosto de escrever sobre o mesmo tema em duas semanas consecutivas. Mas dou conta de tantas ilusões sobre a Portugal Telecom que não consigo deixar de escrever sobre isso, tentando desmistificar muito do que tem sido dito e escrito nas últimas semanas.

A primeira ilusão é de que a PT SGPS tem direito de veto na Oi e que, por isso, pode impedir a venda da PT Portugal. Isto apenas é verdade até à fusão entre a PT e a Oi estar concluída. A partir desse momento, tal deixa de ser verdade, pelo que estar a afirmar que a PT SGPS pode impedir a venda da PT Portugal é um exagero. Ou, no mínimo, é limitado no tempo.

A segunda ilusão é a de se continuar a achar que o Estado ainda manda na PT. Já mandou, é um facto. Mas esse poder terminou quando o Estado privatizou toda a empresa e terminou com a "golden share". Seria brilhante o Estado arrecadar quantias avultadas com as privatizações e ainda ficar a mandar nas empresas. Seria genial mas, infelizmente, não vivemos no mundo dos sonhos. Nem sequer na Venezuela onde o senhor Chávez, de vez em quando, se lembrava de entregar ao Estado empresas que são de privados.

A terceira ilusão é de que a PT Portugal está melhor nas mãos da Oi do que da Altice ou do consórcio Apax/Bain. Porque é que ninguém se revoltou com a fusão e de qual poderia ser o destino de algumas unidades portuguesas da PT e agora, com a perspectiva da Oi vender a uma dessas entidades, já parece cair o Carmo e a Trindade?

A quarta ilusão é acreditar-se que a proposta feita pela recém-criada empresa de Isabel dos Santos é real. O objectivo da empresária angolana não é adquirir a PT SGPS. Se o fosse, além do baixíssimo preço apresentado, não teria colocado cláusulas tão irrealistas como o fim da limitação de 10% do direito de votos na PT, a suspensão da fusão, ou o final da limitação de 7,5% dos direitos de votos na nova empresa. O objectivo é evidente: ganhar tempo e impedir a venda imediata da PT Portugal, pois ela terá um impacto directo no negócio das telecomunicações em Portugal onde Isabel dos Santos está envolvida, em conjunto com Paulo Azevedo. Em bom rigor, Isabel dos Santos está relacionada com a maior parte das grandes empresas nacionais…

É uma ilusão achar-se que alguém poderá convencer a Oi a não vender a PT Portugal. Quando alguém se lembrou de fundir duas empresas com um grau de endividamento enorme, esqueceu-se que isso poderia colocar em causa a capacidade de investimento da nova empresa. E os mais de 7 mil milhões que estão a ser oferecidos em troca da PT Portugal não podem ser recusados. São demasiado preciosos para a Oi. Para a sua sobrevivência.

Eu confesso que, ao contrário de quase todas as opiniões, prefiro ver a PT Portugal longe da Oi. O risco de se afundar no meio de um projecto de grande risco como o da CorpCo é grande. Mas posso estar iludido. 

Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui

Analista Dif Brokers

ulisses.pereira@difbroker.com

Comente aqui o artigo

Ver comentários
Ver mais
Publicidade
C•Studio