Opinião
11 de Setembro: uma data para não esquecer
Tal como muitos outros portugueses, visitei várias vezes o World Trade Center, no desempenho das minhas actividades profissionais. Aí se concentravam muitas instituições financeiras que operavam nos mercados de capitais, e que na modesta proporção da Bols
O WTC era um “melting pot” de profissionais oriundos de todas as partes do mundo sem excepção e simbolizava o espírito de empreendedorismo e de abertura da sociedade americana: terra de oportunidades disposta a apoiar todos os projectos de negócio que fizessem sentido e aceitando no seu seio homens e mulheres oriundos dos cinco cantos do mundo.
O ataque hediondo do 11 de Setembro às torres gémeas teve por isso um enorme simbolismo, sintetizando todo o ódio dos obscurantistas à sociedade aberta e à civilização livre e democrática que fomos construindo e de que, com todos os seus defeitos, a sociedade americana é o expoente máximo.
Se na altura o bárbaro acto mereceu a repulsa unânime, já muita gente houve que pretendeu encontrar “explicações” para o acto na “justa” revolta de outros povos à política ocidental para o Médio Oriente e ao que para algumas seria a arrogância da “superpotência” americana. Rebuscar justificações desse tipo para um acto tão bárbaro é lamentável, resulta do relativismo moral predominante em muitos meios ocidentais e de um ridículo complexo de culpa que muita gente, injustificadamente, transposta às costas.
O que sucedeu naquela data fez-nos relembrar a todos quão frágil é o quadro de liberdade e de abertura que fomos conquistando.
Não só a sociedade aberta e a democracia são conquistas muito recentes como as tentativas de impor regimes totalitários e obscurantistas são e continuarão a ser recorrentes na sociedade humana.
Seja a pretexto da superioridade de uma raça, em nome da utopia comunista ou em nome de uma religião, vivemos sempre ameaçados por forças que pretendem impor formas societárias ditatoriais e obscurantistas, sempre em nome de uma causa justa ou superior que eles se arrogam o direito de representar sem que para isso alguém lhes tenha passado mandato.
O ódio dos fundamentalistas religiosos ao capitalismo e à sociedade livre e democrática constitui uma ameaça séria à nossa sociedade e conta com os mesmos apaziguadores e “idiotas úteis” que incensaram ou contemporizaram com o comunismo e com o nazismo.
A linha de raciocínio é sempre a mesma.
No caso actual, pretende-se que foi a resposta aos ataques terroristas a responsável pelas ameaças terroristas – esquecendo-se todos os actos terroristas anteriores e o próprio 11 de Setembro – sendo, por isso, indispensável adoptar o caminho do diálogo e da negociação.
A História está cheia de consequências catastróficas das políticas de apaziguamento. A começar pelo apaziguamento de Hitler com as consequência bem conhecidas, e a continuar na política de rendição ao comunismo quando na Europa se gritava “better read than dead”, caucionando-se o massacre de milhões de inocentes, a pretexto de uma pretensa causa superior.
O antiamericanismo predominante em muitos meios tem levado a que mais facilmente se critiquem os aspectos negativos da sociedade democrática e do combate ao terrorismo do que se esconjurem os regimes ditatoriais que um pouco por todo o Mundo (do Zimbabué à Venezuela e a Cuba e a vários países africanos) vão matando, torturando e massacrando povos inteiros.
Lembrar o 11 de Setembro não pode ser um acto de hipocrisia moral mas deve ser um momento para, ao recordar todos os homens e mulheres inocentes vítimas de um horrível acto, se reafirmarem os princípios e valores por que nos regemos.
Vivemos numa época ímpar de desenvolvimento civilizacional, de prosperidade e de crescimento económico.
Nunca o mundo esteve tão bem preparado para lutar contra as desigualdades e para assegurar um desenvolvimento económico em que os níveis de pobreza sejam cada vez menores.
O estado a que chegámos resulta dos enormes progressos que a sociedade aberta e de mercado, em que vivemos, propiciou. Sem ela estaríamos exactamente onde estavam, no momento da queda do muro de Berlim, todos os que durante mais de cinquenta anos foram obrigados a viver num regime totalitário e de economia socialista planificada.
Todos os cidadãos do mundo livre têm o dever de dar o seu contributo pela defesa da sociedade democrática o que não exclui, pelo contrário, ter um olhar permanente de crítica sobre as suas limitações, defeitos e ineficiências.
É aliás na liberdade de expressar opiniões sem limites a todos os níveis que reside a grande força e a capacidade criativa da nossa sociedade.
Relembrar o 11 de Setembro e honrar os cidadãos do mundo livre que morreram nessa data é por isso, acima de tudo, reafirmar a defesa da nossa sociedade livre e democrática.