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As cidades só são inteligentes se forem para as pessoas

Porque é que falamos tanto de cidades inteligentes? Porque ao longo das últimas décadas, no país e no mundo, a inteligência tem estado fora do planeamento da cidade. Construíram-se muitas cidades estúpidas por aí. Cidades que foram feitas contra as pessoas e não para as pessoas, apesar de terem muitas pessoas dentro.

Está muito na moda falar das cidades inteligentes. Mas o desafio de fazer cidades inteligentes não é mais moderno hoje do que era no passado. A única diferença é que aos princípios que deviam ser intemporais - de rigor na gestão dos recursos ambientais e financeiros, de criação de modelos de desenvolvimento sustentável, de defesa do Estado Social local, de tolerância cultural e religiosa, de protecção de todas as formas de família e de incremento da responsabilidade social - se acrescenta agora a variável tecnológica.

As potencialidades tecnológicas são tanto uma ameaça como uma oportunidade para a cidade. Oportunidade no sentido em que abrem janelas sem precedentes ao nível dos cuidados de saúde, do ensino, da mobilidade inteligente, da sustentabilidade energética e da gestão avançada das redes (seja de tráfego, de água ou esgotos), os verdadeiros sistemas vasculares da urbe. E, não menos importante, são indutoras de um movimento de requalificação e regeneração urbana sem precedentes - basta pensar que o espaço público que a cidade hoje dedica ao automóvel pode ser devolvido às pessoas com a massificação dos carros não tripulados. Mas a tecnologia é também uma ameaça se os seus choques deixarem nas margens os cidadãos que, assim, não só não compreendem os benefícios como se tornam adversários da progressão tecnológica. Máquinas a decidir no lugar dos homens parece distopia Hollywoodesca. A verdade é que esse cenário já é uma realidade em muitas dimensões da nossa vida quotidiana.

Há muito "hype" em torno do conceito de "smart city". Não surpreende: é uma indústria, um negócio, que teve um valor de mercado de 30 mil milhões de euros em 2016. E que se vai multiplicar muitas vezes nos próximos anos.

A economia das cidades inteligentes é um "cluster" em que todos os municípios nacionais deveriam apostar com clareza. Para terem ganhos de gestão, para lideraram a reforma do país a partir do local, para incrementar a competitividade e o apelo do país junto da elite do conhecimento mundial. E, sobretudo, para reforçar a coesão social e aumentar a qualidade de vida dos cidadãos. Em Cascais, é isso que já estamos a fazer. Com a aposta no conhecimento (através de duas novas universidades); com a protecção dos mais novos e o cuidado com os mais idosos através de políticas públicas de vanguarda; e com programas como o "Mobi Cascais" - que promove a mobilidade radicalmente inteligente, integrada e suave. Algumas das iniciativas que hoje serão apresentadas no "Energy and Mobility for Smart Cities", um fórum promovido pela Fundação Cascais, pelo grupo Cofina e pela Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico.

Iniciativa que chega em boa hora para dar resposta ao grande desafio de colocar a tecnologia sempre ao serviço das pessoas e de modernizar o país a partir das cidades.

É que precisamos tanto de "smart cities", como de "smart government".

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