Como a banca pode ajudar as empresas
Nunca se ouviu tantas empresas a queixarem-se da banca. As empresas dizem que a banca cobra juros elevados e que cortou a concessão de crédito.
Os bancos respondem com a imposição da Troika: têm de reduzir o rácio de transformação de depósitos em empréstimos de 148% para 120%.
Quem tem razão? Ambos. As empresas viram secar linhas de crédito fundamentais (v.g. apoio à tesouraria). A banca, por seu turno, não pode dar o que não tem (um banco é como uma padaria: se não entra farinha, não sai pão…). Significa isto que enquanto os bancos não tiverem financiamento, empresas e famílias vão continuar a pão e água? Não. É por isso que a banca está a pressionar o Estado para pagar o que lhes deve.
Mas há outra solução: aumentar o capital. O problema é que os actuais accionistas estão descapitalizados, o que obrigaria à entrada de novos investidores: públicos (Estado - foi para isso que a Troika disponibilizou 12 mil milhões de Euros…) ou privados. Só que isso provocaria uma alteração do equilíbrio de forças. E os "núcleos duros" não estão dispostos a isso...
É natural que quem controla uma instituição não queira perder poder. Mas manter o actual estado de coisas não serve o país: o crédito é o sangue que alimenta o sector produtivo. Sem ele as empresas não funcionam.
A entrada do Estado nos bancos seria um retrocesso (nacionalização)? Sim. Mas se o Estado se comprometesse a vender a participação, a preços de mercado, num espaço de 3 a 5 anos, essa solução seria preferível à actual (até os contribuintes ganhavam…). É que não há reformas estruturais que cheguem para por a economia a crescer se os bancos não fizerem o seu papel: apoiar as empresas.
camilolourenco@gmail.com
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