O que é uma capital de risco?
Alguns empreendedores ainda confundem uma capital de risco com um banco. As regras são diferentes mas o objectivo é o mesmo: ganhar dinheiro.
Conhecida por Capital de Risco, Sociedade de Capital de Risco, ou mesmo pelas suas siglas SCR, é onde os empreendedores se dirigem para angariar capital para os seus projectos.
O que é afinal uma capital de risco? Alguns empreendedores, e não só, ainda confundem uma capital de risco com um banco. Uma Capital de Risco não é um banco, embora possa ser gerido por um banco. As regras são diferentes às de um banco, mas o objectivo, em todas elas, é sempre o mesmo, o de ganhar dinheiro, como é óbvio.
Mas como o próprio nome indica o investimento é de risco, ou pelo menos deverá ser, uma vez que essa é a sua finalidade como capital de risco, pelo que os ganhamos, assim como as perdas, por parte da SCR podem ser enormes.
Normalmente as SCR, tem sectores de actividade onde investem, como por exemplo, as tecnologias, ou a agricultura, e também um perfil de investimento, ou seja, em que estágio participam, seed-capital, start-up, expansão, etc.
É portanto importante determinar o sector de actividade da SCR e em que estágio a mesma participa, antes de aproximar qualquer SCR.
Para sabermos quais as SCR que existem em Portugal, devemos procurar no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sendo lá o local onde encontramos todas as SCR existentes em Portugal, e algumas informações extra, como os órgãos sociais, o tipo de entidade, a sede social, data do registo, o capital social, etc. Para mais informação deverá consultar o site da SCR que pretende conhecer.
Entrando no site www.cmvm.pt escolhemos no menu lateral esquerdo, o sub-menu com o nome de "Sistema de Difusão de Informação". Abrindo esse sub-menu, encontra em penúltimo lugar a palavra "capital de risco". Entrando em "Capital de Risco" poderá seleccionar uma das três opções que se apresentam, sendo a que procuramos a "Sociedades de Capital de Risco".
Poderá constatar que actualmente existem 28 entidades em Portugal que operam no capital de risco. Em breve existiram 29, dado ter-se registado mais uma, recentemente, sobre a letra B.
É importante entender o que é uma SCR, e como actua, no caso de querer recorrer a uma delas, pelo que deverá ter em atenção o seguinte:
Uma capital de risco, caso pretenda investir no seu negócio, passa a ser o seu investidor e consequentemente o seu accionista na sua sociedade. Entra na estrutura accionista da empresa através de um aumento de capital, que representará um número determinado de acções na empresa, detidas pela SCR.
Para concretizar este acto, será realizado um contrato de compra e venda de acções, acompanhado de um parassocial, ou seja, um documento que regula o funcionamento entre a sociedade e a SCR.
É neste parassocial que a SCR se defende em diferentes matérias, nomeadamente a de injecção de futuros capitais, como por exemplo através de suprimentos, e onde protege as principais decisões, como fusões, dissoluções, orçamentos, remunerações, etc que a sociedade possa vir a tomar em Conselho de Administração ou Assembleia Geral.
Mas não fique já assustado com todos estes procedimentos e nomes que talvez até lhe sejam estranhos. Estes procedimentos são normais, e muitas vezes pouco negociáveis. O único que mais se negoceia é o capital que a SCR pretende investir na sua sociedade, e em que condições. É nisso que terá de se concentrar. Para tudo o resto recorra a um advogado para o ajudar.
Algo que não é bem percebido pelos empreendedores, é o papel destas SCR. As SCR não serão seus sócios eternamente. Os promotores por vezes tem a sensação que vão perder o controle da sociedade para a vida. As SCR, entram nas sociedades para alavancar os negócios, maioritariamente com a entrada de capital e minoritariamente com ajudas comerciais, e saem preferencialmente entre o ano 3 e o ano 5. Portanto será um sócio temporário que o irá ajudar a crescer. O único que terá de ter em atenção, são as condições de saída da SCR, que em alguns casos, poderá significar que terá obrigatoriamente de vender a sua participação, mas caso não queira, terá mecanismos para ficar com ela, como por exemplo a compra da participação da SCR, ou a venda de apenas a participação da SCR a um terceiro, podendo assim conservar a sua participação.
Uma SCR, não actua como um banco, ou seja, o dinheiro que lhe cede é de risco e não considerado um empréstimo. Se tudo corre bem, todos ganham, se não corre tão bem, todos perdem, não havendo lugar à devolução do capital à SCR. Este risco é real e por vezes não percebido como tal pelo empreendedor, pensando o empreendedor que terá, sempre e em qualquer circunstância, de devolver o capital cedido pela SCR. Isso pode acontecer mas esse capital não é o capital inicial, mas sim futuros empréstimos que venha a solicitar à SCR.
Em resumo, para os empreendedores é uma excelente via de crescimento, e uma oportunidade para ter disponível mais capital na sua empresa, sem ficar em divida para com uma instituição financeira. Agora só terá de preparar um plano de negócios adequado e começar a apresentá-lo às SCR. Para entender como pode preparar o plano de negócios, consulte um artigo meu com o nome de "apresentar o seu projecto a um investidor" publicado no jornal de negócios on-line no dia 17 de Junho de 2010.
Dicas
1. Entenda que uma Capital de Risco não é um banco, a emprestar-lhe dinheiro, que terá de devolver.
2. Pode alavancar o seu projecto com capitais de risco. Estar preparado para enfrentar uma é fundamental.
Envie para o "e-mail" jng@negocios.pt as suas questões, dúvidas ou experiências sobre "O que é uma capital de risco?" *Fundador e líder executivo da Zonadvanced - Grupo First
*Fundador e líder executivo da
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